Vasudeva Row, Subramanyananda, Srinivasachariar.
Na famosa revista
“The Suddha Dharma”, de janeiro de 1938, dirigida pela terceira Autoridade
Iniciadora Externa, Sri T. M. Janárdana, o Pandit Morli Dhar, membro do Suddha
Dharma Mandalam, relata a iniciação que lhe fora conferida por meio do
Venerável Mestre Swami Subrahmanyananda, e o contato direto que teve com o
reverenciado Pandit Srinivasachariar.
Quando conheci, em Madras, o Irmão Janárdana,
o digno e entusiasta diretor da Revista The Suddha Dharma, solicitou-me que
contribuísse de vez em quando com algum artigo para essa revista.
Creio que não
poderia fazer nada melhor agora que escrever um breve relato da forma como fui
iniciado pelo memorável S. Subrahmanier e do grande amor e interesse que ele
abrigava em seu nobre e puríssimo coração, por seus discípulos, seus
compatriotas e pela humanidade em geral.
No ano de 1915, eu trabalhava como empregado
superior nas oficinas da ferrovia de Karachi e me interessava muitíssimo pelo
trabalho da Sociedade Teosófica de lá.
Apesar dos progressos satisfatórios que
fazia nos meus estudos, trabalhos e demais atividades sociais e religiosas,
sentia vibrar em mim um vivo anseio de adotar e praticar algum método de
meditação para ocupar minha mente nos instantes de ócio e também nos breves
momentos antes de me deitar à noite e ao me levantar pela manhã.
Um amigo, o senhor Iver, sugeriu-me que
escrevesse ao Dr. Subrahmanier, o que fiz com todo entusiasmo.
Depois de trocar
algumas cartas e de responder a algumas perguntas do inesquecível Swami, fui
escolhido para ser iniciado na Suddha Dharma Mandalam, e foi fixado o dia e
hora para isso.
Fui advertido de que deveria ser pontualíssimo.
No dia e hora marcada para a minha iniciação,
enquanto eu recitava, com os lábios unidos, alguns Mantras sagrados, esforçando-me
por me manter tranqüilo e sereno, senti, repentinamente, um suave golpe no
extremo inferior da coluna vertebral (cóccix), que me fez endireitar a coluna e
pescoço, erguer a cabeça e levar os ombros para trás.
Experimentei a
visão de um resplendor de uma viva luz branca que vibrava suavemente dentro do
meu corpo, especialmente no peito, frente crânio. Imediatamente, meus olhos se
abriram e sorri com um êxtase inusitado, sentindo-me muito reconfortado e
tranqüilo.
O curso de meditação que me foi prescrito, eu
praticava com toda satisfação. Costumava dizer a mim mesmo que eu havia
conseguido a destreza e localizado o
ponto preciso que deveria me fixar para o meu desenvolvimento espiritual.
O meu
reverenciado Guru, Dr. Sir Subrahmanier, sempre respondia com toda prontidão
todas as minhas consultas e, assim, me mantinha firme e progredindo sempre em
meu curso.
Para que pudesse compreender a Bijakshara (a
sílaba sagrada) e Diksha (iniciação) pessoal, pediu-me que viesse a Madras,
quando pudesse. Isso não era obrigatório; portanto, tive que aguardar por um
bom tempo a oportunidade desejada.
Fui em julho de 1919 que resolvi mudar-me
para o sul da Índia. Meu amigo, Lala Sodagar Mali Bhatia, e sua esposa me
acompanharam.
Eles são discípulos do Dr. Subrahmanier e vivem atualmente uma
existência muito devota em Dehra Dun, no sopé dos montes Himalayas.
Não
enviamos aviso antecipado da nossa viagem, pois imaginamos que uma visita
surpresa seria mais agradável.
Partimos de Lahore, no Punjabi, norte da Índia e
chegamos a Madras depois de três dia de viagem de trem.
Chegamos a Madras à
noite e, na manhã seguinte nos dirigimos a Beach House, em Mylapore, residência
do nosso reverenciado Mestre.
Nosso coração estava transbordante de respeito,
devoção e sinceridade. Nós nos detivemos diante da grade e contemplamos,
sorridentes, esse lugar, mas depois, quando entramos e soubemos que o Dr.
Subrahmanier tinha ido a Bangalore e que permaneceria lá por algum tempo, nosso
sorriso se tornou em decepção.
O filho do Doutor, que se encontrava no Bangalô,
nos acolheu de forma muito cortês e ofereceu todo o necessário para nossa maior
comodidade.
Naquela época, ele ocupava o cargo de superintendente de polícia de
Madras. Ele nos pediu que visitássemos o Pandit K. T. Srinivasachariar, em
Purasawalkam, pois o escritório da Suddha Dharma Mandalam estava localizado em
sua residência.
No dia seguinte, formos vê-lo e foi uma
grande alegria para nós ouvir sua voz. Ele era erudito em sânscrito, de grandes
méritos. Como não falava inglês nem híndi, tive que solicitar um intérprete que
nos pudesse explicar em inglês a mescla de tâmil e sânscrito em que nos falava
o Pandit.
A verdade é que ambos nos
compreendíamos muito bem, não obstante conversássemos em idiomas diferentes, e
experimentávamos um grande prazer quando o intérprete nos dizia o mesmo que
havíamos compreendido. Aquele foi um diálogo pleno de amor e sinceridade.
O Pandit era o restaurador da Suddha Mandalam
no mundo, e todos os antigos manuscritos da literatura sagrada se encontravam
em seu poder. Conhecia vários ritos e cerimônias; era um comentarista
excelente, de méritos excepcionais e nos esclareceu com muita habilidade vários
pontos que eram um pouco obscuros para nós.
O Pandit nos aconselhou a que nos
dirigíssemos a Bangalore para conhecer o Dr.
Subrahmania Iyer, que era o Canal escolhido pela Grande Hierarquia para
difundir o conhecimento da Suddha Dharma Mandalam e sua doutrina.
Como nós
estávamos ansiosos e muitíssimo interessados em
conhecer o nosso Guru e, apesar de que havíamos viajado uma distância
muito longa em nossa viagem desde o norte até o sul, nos dirigimos a Bangalore
por um trem noturno e lá chegamos pela manhã.
De Madrás, foi enviado a
Bangalore um telegrama ao Dr. Subrahmanier, avisando-o de nossa visita.
O trem
chegou a Bangalore pontualmente.
Tivemos a alegria de cumprimentar o secretário particular do Dr. Subrahmanier,
que teve a tarefa de nos receber e atender-nos, conduzindo-nos a Basavangudi,
nome onde residia o Doutor.
O secretário nos disse que o Guru nos aguardava e
que tinha cancelado todos os seus compromissos importantes que tinha nesse dia
com outras pessoas a fim de nos atender; solicitou que devíamos acompanhá-lo
imediatamente ao Bangalô.
Nesse momento, ficamos silenciosos e, então,
como quem obedecendo a uma inspiração superior, manifestamos ao secretário que
desejaríamos primeiramente tomar um banho em algum lugar próximo à estação
ferroviária, já que seria nosso benefício purificar o nosso corpo e santificar
nossos pensamentos antes que nos inclinássemos para tocar os pés do piedoso
Santo, cujo amor e atração nos trouxera de uma grande distância.
O secretário nos conduziu ao bangalô
Choultry, lar gratuito aos viajantes e, depois de haver feito os arranjos mais
satisfatórios para o nosso conforto, regressou ao Bangalô do Doutor.
Dentro de
uma hora voltou, trazendo-nos leite puro, manteiga, açúcar e outras coisas. Ele
nos informou que o Doutor estava muito alegre com a nossa chegada e que nos
enviava esses alimentos porque não seria fácil para forasteiros consegui-lo.
Ele nos informou também que o Doutor teria muito prazer em nos receber depois
que tivéssemos lanchado.
Em torno das dez horas da manhã, nós nos
dirigimos ao Bangalô onde nos inclinamos com respeito, devoção e amor ante uma
pessoa resplandecente, que irradiava intrepidez, amor e coragem.
O Guru estava
sentado em uma peça simples, sobre um acolchoado felpudo comum, e ao nos ver colocou-se ereto e estendeu carinhosamente
suas mãos para nos dar sua bênção.
Ele nos indicou que o seguíssemos a outra
cômodo contíguo, no qual se sentou sobre um pequeno leito de lã; tinha em sua
mão direita um bastão cilíndrico (Yogadanda) e levava no pescoço seu rosário
(japa mala) sagrado. O Guru sentou-se direito, com a cabeça erguida, os ombros inclinados
para trás e as pernas cruzadas.
Nós nos sentamos sobre um acolchoado à sua
frente. Observamos nesse momento uma grande mudança em seu corpo; apresentava
um aspecto majestoso, pleno de vigor e poder, resplandecente, com uma luz viva
de seu interior e emanava ondas de pureza e de paz.
Encontrávamos numa
atmosfera de serenidade e de repouso e sentimos uma glória imensa. Após algumas
perguntas iniciais e explicação de certas verdades Suddhas, o Guru nos tocou
com seu bastão sagrado e nos outorgou a Iniciação (Diksha). Ele nos ensinou a maneira
de entoar os Bijaksharas e como meditar neles.
Permanecemos em Bangalore três dias e tivemos
uma boa oportunidade de conversar livremente com o Doutor sobre muitos
assuntos.
Cremos interessante ressaltar uma resposta a uma de tantas perguntas
que fizera a esse Venerável Mestre, que teve a bondade de responder.
P.: como o Senhor chegou a saber que havia
sido designado pela Grande Hierarquia de Badari, como Diretor Externo e canal
para outorgar bênçãos aos discípulos e iniciá-los na prática de Raja Yoga?
R.: em meu plano Búdhico tive a completa
convicção disso e a isso estou dedicado agora.
(Alguns
souberam que o Dr. Subrahmanier se dirigiu a um templo próximo ao mar, nas
cercanias de Madras, para receber sua Iniciação. Eu mesmo visitei esse templo
solitário quando estive em Madras em 1935.
A resposta do Doutor à minha
pergunta sobre esse ponto é evidentemente clara.)
Nota do
editor:
este é um testemunho de como estes Grandes Mestres da Suddha Dharma Mandalam
demonstram que o amor, a simplicidade, a humildade, a pureza de coração e de
mente e a entrega dedicada à Hierarquia são o grande reflexo de sua grande
sabedoria e amor pela Nobre Causa Suddha.
E desde seu quase anonimato estarão
sempre prontos a atender a quem com sinceridade deseja também integrar-se para
trabalhar em silêncio e desinteresse pelo Nobre Ideal do Mandalam.