Sri Vájera Yogui Dasa
P: Rogo-lhe que explique a teoria sobre as reencarnações pelas quais passa o espírito. Muitas pessoas
tem me dito que isso é um absurdo.
R: Que mal empregada está essa palavra! o senhor sabe o que é um
absurdo? Eu o definirei: um absurdo é algo imcompreenssível para a mente humana
por sua manifesta falsidade, inconcebível.
Por exemplo: Ninguém pode
imaginar um círculo quadrado.
Ou é um círculo, ou é um
quadrado.
Também é um absurdo pensar que se
pode apagar da existência um feito, como se ele nunca tivesse existido.
Ninguém, nem D'eus é capaz de
anular um feito. O que foi executado fica eternamente existindo na memória do
tempo.
P: Vejo claramente que empreguei muito mal a palavra “absurdo”.
Direi que algumas pessoas
consideram a reencarnação como um “impossível”.
R: Assim como a anterior “absurdo”, a palavra “impossível”, está
muito mal empregada.
Vou demonstra-lo. “Impossível” é
algo baseado em realidade, que a imaginação ampliou de maneira desordenada.
Podemos falar de um cavalo que saltou um
metro, dois ou mais, sendo isto uma realidade.
Mas se dissermos que um cavalo salta desde uma
montanha até chegar à lua, isso é uma simples fantasia, um “impossível”.
P: Perdoe minha ignorância, mas eu não sou filósofo e falo como
corriqueiramente as pessoas se expressam em seu vocabulário vulgar.
Diga-me então: Com que palavra o senhor se
referiria à teoria da reencarnação das almas humanas?
R: A teoria da reencarnação cai no conceito do “lógico”, ainda mais
no necessário. Explico isso dizendo que quando um feito se realizou uma vez na
vida, não há nada que impeça que outro feito igual ou semalhante volte a se
repetir se as circunstâncias são semelhantes.
Se eu dou um passo não há nada
que me impeça de dar outro e outro até que alcance o local desejado.
Pense o senhor que se o espírito
indestrutível e terno encarnou uma vez, não há, filosoficamente, nenhum motivo
que impeça voltar à vida física se
continuam sendo produzidos corpos similares aos que ocupou.
P: Então é como se trocássemos de roupa?
R: Exatamente, e assim o diz o mais notável dos livros que possue a
humanidade: o Bhagavad Gita.
Quando o traje de carne que o
espírito ocupa se acidenta, adoece ou morre, o Eu verdadeiro e indestrutível se
desprende de seu transitório organismo e depois de estar um tempo nos planos
sutís, regressa a vida física, reencarnando em um novo corpo.
Isto, como o senhor muito bem se
expressou, troca o traje velho e que não mais serve por outro melhor e novo,
para continuar o eterno progresso espiritual.
P: Mas nada recordamos do que fizemos ou de quem fomos em vidas
anteriores.
R: A ciência bráhmica garante que o “Vignana-Maya Kocha”, o corpo
que possui o espírito, conserva eternamente a recordação das vidas que já
passaram e alguns acontecimentos importantes dessas vidas, são os que florescem
durante alguns sonhos assim como eu expliquei em minhas respostas quando
tratei dos sonhos repetidos.
Mas lembrando-se a pessoa ou não
dos feitos em que atuou, a verdade é que o conjunto dos atos vividos em vidas
passadas dão, à personalidade humana, um estado evolutivo da consciência com as
diversas faculdades ou facilidades com que nascemos.
Além disso devo dizer que pelas leis de
atração e repulsão, que existem no denso como no sutíl, se cumpre a lei da
herança física e espiritual.
Essa dupla herança é a que na
Índia se conhece pelo nome de Karma.
Esta lei do Karma tem sido citada por todos os grandes seres da Sabedoria
Divina.
Não nomearei sábios hindús que
são inumeráveis.
Somente quero me referir a
Moisés, o Hierarca dos Judeus, o qual ensinou que a Lei Divina se origina no “
olho por olho e dente por dente”.
Jesus Cristo disse a Pedro: “
Guarda tua espada. Quem com ferro fere com ferro será ferido”.
Esta lei, que não é outra senão a
da Justiça que Emana de D'eus. A explicarei em outra conversa, pois nesta
sómente quero responder a sua pergunta sobre as reencarnações.
P: A propósito..o senhor disse alguma coisa em sua palestra
anterior sobre a cristã católica alemã, Tereza Neuman?
R: Certamente, o fiz em uma referência sobre a lembrança de vidas
anteriores.
O senhor talvez saiba que nos
dias de Sexta-feira Santa, quando ela cai em estado cataléptico, ou talvez em
êxtase, o samadhi, ou seja, com lembrança ou memória fala em aramaico, que
nunca aprendeu ou jamais ouviu palavra de dito idioma nesta encarnação.
Além disso diz visualizar a
Crucificação do Senhor.
Como expliquei em um estudo anterior, nos
estados supra- físicos os sentidos para ver, ouvir, sentir, cheirar, etc,
adquirem um poder enorme.
Há fatos das vidas passadas que podem ser
vistas, seja no próprio ego ou nos arquivos akáshicos, repetindo-se em nós uma
real lembrança emocional desses momentos.
A nós mesmos, em menor escala, nos acontece
que ao vermos um drama bem representado, nos identificamos com os personagens,
gozando ou sofrendo com eles a tal ponto que em algumas ocasiões choramos.
A visão no plano akáshico é tão
nítida que ela repercute no corpo físico, provocando lesões ou estígmas, ou
fazendo-o romper em lágrimas.
P: As vezes também, ao ler uma boa obra nos identificamos com
alguns personagens, com passagens tristes ou que nos aterrorizam.
Lembro-me de ter chorado
intensamente ao ler algumas páginas de “Os Miseráveis” de Victor Hugo, quando
relata, maravilhosamente, o sacrifício de Fátima em favor de sua filha.
R: Assim também nos impressionam os relatos de doenças, formando em
nós uma série de psicóticos males imaginários.
Por isso a Christian Cience nega
o mal e afirma a saúde e o bem.
Deixemos Tereza Neuman com suas
visões e enfermidades.
O mais interessante nela é que
recorda o idioma aramaico, que foi o de sua vida anterior. Sobre esta Santa
mulher há um capítulo muito interessante no livro “Autobiografia de um
Yogui”, de Swami Yogananda.
Tenho que dizer que se o senhor
pensa, estuda a ciência que trata das reencarnações chegará a conclusão que é
perfeitamente lógica, que por esse meio tem D'eus a certeza de fazer evoluir
todas as almas sem que uma única se perca.
Revelando assim seu perfeito Poder, Justiça e
Sabedoria infinita.
P: Mas, como se efetua a justiça de uma encarnação à outra?
R: Acontece por meio da lei que já citei, chamada pelos sacerdotes
hindús de Lei do Karma, ou seja, em nosso idioma a Lei de ação e reação, a qual
acontecem três fases: a mecânica, a dirigida e a escolhida, depois disso a dos Enviados Divinos.
E não esqueça, o senhor, quando fale das
reencarnações, de dizer que elas são lógicas e necessárias para que se efetuem
a evolução das almas dentro de um plano de Justiça e que, nós, por esse
conhecimento, chegamos a compreender a justiça, o poder e a sabedoria de D'eus
na Terra, quem tem o infinito tempo para levar a um feliz final Seu Plano
Divino, sem que nenhum ser se Lhe perca ou se condene inutilmente uma
eternidade.
Seu coração se tranquilizará e
ficará cheio de gozo sabendo que o D'eus da Terra está derramando sempre, sobre toda a criação,
suas bençãos de amor, de glória, sabedoria e poder, sem que nenhum ser, tanto
espiritual como terrestre, deixe de participar na evolução eterna, lei que
impulsiona a maiores estados de poder, consciência e glória.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.