Sri Vájera Yogui Dasa - Benjamin G. Valenzuela
Casa de Sri Vájera
Toda organização religiosa que pretende
um verdadeiro conhecimento espiritual, deve constar de quatro pontos básicos;
se faltar um deles, essa religião ou ordem mística, não tem qualquer valor.
O
primeiro ponto que necessariamente deve ter uma religião, se refere a
uma clara teoria, compreensível e graduada, para que os diferentes
simpatizantes a entendam, sejam eles muitos instruídos ou eruditos, como também
os que não tenham maior educação.
Uma verdadeira religião deve considerar
a todos os seres para levar-los para a
luz e não olhar apenas para os sábios , mas também para o ignorante, os de mentalidade escassa, quer se trate
crianças ou anciãos.
Uma religião deve expor sua teoria, de maneira que esteja
ao alcance de todas as graduações que
oferece a mentalidade humana.
A Suddha Dharma Mandalam é uma organização
religiosa cuja teoria pode ser ensinada ao menino e ao adulto, porém, em uma
escala de progresso, desde ensinamentos simples até os mais complexos .
Um ou outro, são ensinamentos fáceis para que
todas entendam.
O segundo ponto consiste na
prática.
Se nós escutamos uma religião para entretenimento e não a praticamos,
muito pouco vamos conseguir nesta vida.
Podemos ler bibliotecas inteiras e
embora as estudemos todas, nada poderemos realizar, pois se estes ensinamentos
não nos levam às práticas religiosas, só as teorias resultam insuficientes.
Devemos, pois, passar das teorias às práticas, seguindo os graus estabelecidos
por ele.
As práticas não são as mesmas estabelecidas para todos os discípulos,
elas mudam de uma pessoa à outra, e o Mestre, à medida que o discípulo avança,
lhe proporciona outras para levá-lo ao êxito, por meio das meditações e dos exercícios
místicos.
Portanto, não são iguais os ensinamentos e as práticas; sem dúvida,
todos os exercícios vão tomando uma energia interior, que é de Luz e de
Sabedoria.
As práticas vão se tornando como as contas de um colar ou rosário,
de harmonia perfeita.
A primeira pérola é superior à última, nem a última é
inferior à primeira.
Todos os exercícios deste rosário espiritual têm o seu
lugar e valor.
Mas ainda, a última pérola não poderia servir sem a primeira,
tampouco seria útil sem a primeira e da mesma forma, a última sem a primeira.
Cada prática tem um ritmo da mesma vida
que conduz a Deus.
Depois da teoria e da prática, uma verdadeira religião deve
contar com as Iniciações.
Eu me refiro às iniciações reais .
Se elas são
simplesmente simbólicas ou iniciações de conhecimento puro, trazem um valor
muito escasso.
As iniciações reais consistem na transferência ou transfusão de
forças espirituais, do Mestre ao discípulo.
Estas iniciações de forças sutis
são também graduadas e se dividem geralmente em maiores ou menores. Muitas são
as menores, porém, as grandes Iniciações são sete, sendo a última delas “a Iniciação de Yoga-Devi”, pois
assume o nome do Hierarca que a confere, quero dizer, lhe outorga a própria
Rainha da Hierarquia da Suddha Dharma Mandalam.
Cada Iniciação maior corresponde a um
dos Chakras ou centros sutis da alma, e o Mestre tem que saber dar essas
Iniciações a seus discípulos, pois Ele é, como um médico que, ao operar a um
enfermo está alerta para que não lhe falta o sangue e que seu coração possa
seguir em atividade cardíaca normalmente, sem que a vida se interrompa.
Em geral, o cirurgião é assistido
por um corpo de ajudantes, que fazem a transfusão do sangue e outros
energizantes da vida.
De igual maneira o Mestre, às vezes sozinho e acompanhado por diversas entidades
espirituais, faz transferências de forças sutis sobre seus alunos.
Esta
transferência de poderes outorgado pelo Hierofante e seus ajudantes, é um dos
grandes valores que possui uma religião.
Qualquer pessoa em sua casa pode estudar Teosofia, Suddha Dharma Mandalam,
Maçonaria, Cristianismo, etc, e pode também praticar no silêncio de seu
oratório, porém, não há dúvida alguma
que, não lhe vai faltar a grande ajuda
do poder irradiante de um verdadeiro
Mestre.
A Igreja Católica conta dentro dos seus ritos, com Iniciações Menores
conferidas por alguns sacerdotes, Bispos e Papas; às vezes também alguns
grandes Santos obtém Iniciações Maiores, as quais são outorgadas por Arcanjos
ou outras Entidades espirituais que se materializam neste mundo com o objetivo de transferir aos
verdadeiros puros e avançados devotos.
Quantas pessoas dizem: “Não necessito de
ir à Igreja, basta para mim uma biblioteca de autores de grande sabedoria, não
necessito ir à Suddha Dharma Mandalam, pois o que diz o Instrutor – eu já sei!”
Pode ser que assim seja, que saiba muito, que possua uma valiosa biblioteca,
porém – e o Poder? E o Poder irradiante do Mestre ou do sacerdote para a
coletividade – aonde está?
A resposta nós podemos encontrar na
irradiação de paz e de glória que se produz ao executar as meditações nos
Templos, aonde podemos escutar o Instrutor, pois quando ele fala, está
irradiando a força espiritual. Não
importa a sabedoria daquele que dá o poder – quem era mais Sábio : Jesus ou
João Batista?
O Mais Sábio era Jesus, no entanto, João
Batista, apesar de ser um ermitão, possuía uma tremenda força espiritual capaz
de doar ou transmitir as Iniciações. Batizar uma pessoa é dar-lhe algo sutil
que transmite algo notável à pessoa.
Usualmente o batismo se executa acima da cabeça e se diz que uma
chispa espiritual penetra no Brahmarandra ou coroa da cabeça até o coração,
nutrindo a Divina Luz do Ego Individual.
Não existe dúvida que o Resplendor
dessa chispa Divina foi a que se viu descer desde do Céu até a cabeça de Jesus,
e depois de penetrar n’Ele, despertou a Luz Crística, chegando assim ao
Messias, para ser o Cristo ou o Iluminado.
E quem lhe deu essa tremenda
Iniciação? E quem lhe imprimiu essa transcendente força espiritual a Jesus? Foi
um grande intelectual, um grande sábio? Não irmãos, foi um homem santo, humilde
e puro que possuía poderes divinos.
Os poderes
ativados que podem ter um Instrutor Espiritual, são de um valor imenso,
pela vibração que lança aos que estão ao seu lado.
Recordemos a Marta e Maria,
duas mulheres que Jesus conhecia. Uma delas trabalhava sem descanso, a outra
sentada aos pés de Jesus, escutava e aprendia seus ensinamentos.
A trabalhadora
e ativa, disse: “Jesus, Mestre, diga a esta mulher que me ajude , estou
cansada, eu faço tudo e ela somente
repousa ao seu lado ouvindo-Te.”.
Jesus lhe respondeu: “Deixá-la, ele
escolheu a melhor parte.” A vibração espiritual do Mestre, de um Cristo, tem
uma força tremenda, com a qual nós podemos obter saúde corporal,
claridade mental e pureza de sentimentos.
Quando essa radiância divina
se recebe com amor, os mais portentosos milagres se realizam. Confirmarei estas
palavras recordando o seguinte episódio bíblico.
Em certa ocasião Cristo
caminhava por um caminho e, atrás Dele, muita gente O acompanhava, cantando:
“Hossana Filho de Israel e, durante o trajeto se lhe acercou uma mulher
enferma, e sem lhe falar, com profundo amor e respeito lhe tocou em sua túnica.
Nesse instante Cristo se voltou para ela e sentiu por meio do tato espiritual,
esse toque de amor e de esperança.
Então, o Divino Senhor perguntou:”Quem me
tocou?” A mulher, que permanecia de joelhos no solo, temerosa de haver ofendido
o Mestre, com voz
trêmula e soluçante, impregnada de amor
e respeito disse:”Eu Senhor, toquei teu manto porque sei que Tu, irradiante Espírito, és capaz de
curar-me”.”Mulher, disse Jesus,tua fé e amor são imensos, a partir deste
momento está curada”.
O poder irradiante do Espírito Divino e nos Grandes Iniciados
operam milagres maravilhosos, porém, não devemos esquecer que, para receber tão
grandes forças, é necessário uma confiança absoluta nos Mestres; as dúvidas
fecham as portas da alma ou seja, os centros sutis ou chakrans.
Por isso, Jesus
falou da necessidade da fé.
Ele disse que, se tivéssemos a fé comparável com um
grão de mostarda, poderíamos mover as montanhas.
Quão imensa fé necessitamos ter
no Mestre ! Depois da Teoria, das Práticas e das Iniciações, temos que
considerar as realizações; porém antes de falarmos delas, devemos dizer
que, fora das sete grandes Iniciações, existe um número de Iniciações
menores.Muitos discípulos não se dão conta que os dias da Lua-cheia, que são as
mais propícias para recebê-las, se operam diversas diversas transfusões
espirituais.
Elas são correntes magnéticas que penetram no discípulo, atuando
como purificador do corpo físico e de todos os koshas ou corpos sutis.
As
Iniciações Maiores e Menores podem ser executadas por um sacerdote devidamente
autorizado para ele, como também podem ser outorgadas por meio de Anjos,
Arcanjos ou Siddhas, habitantes todos eles dos mundos sutis.
Porém, em todo caso
e qualquer Iniciação tem que ser sancionada pelo Deus da Terra, Sri Bhagava
Narayana, dando-lhe este último requisito de força realizadora e de poder.
Podemos ter em casa formosas bibliotecas, com livros de grande valor, cuja
leitura podemos purificar nossa mente e sentimentos, conduzindo-nos a esses
estados de altos contatos espirituais, porém, o caminho de perfeição se torna
longo e difícil, quando se vai sozinho sem um Mestre Iniciador.
Se alguém
quiser ir de uma cidade para a outra, pode se mobilizar e ir a pé, porém, se
nos ofereça um auto, seríamos um torpe se não aceitarmos, desgastando nossa
energia e tempo.
Nas Lojas constituídas com a supervisão dos Mestres, sob a
amorosa atenção deles, é uma graça espiritual e as chaves aos discípulos para
que realizem quanto antes, os puros desejos do coração.
Este quarto ponto de
uma verdadeira Religião, como já dissemos anteriormente, é a realização.
Se
uma religião tem teoria, prática, iniciações e não realizações, é
francamente nula.
São Paulo dizia: “Não sejais somente ouvidores da palavra,
sejam realizadores dela”.
Com essa frase, queremos dizer que temos que realizar
a vida espiritual e possuir conhecimento pessoal das almas dos mortos, das
diversas categorias angélicas que habitam
até o sétimo céu e passando além dele,
realizar a visão do Deus Universal.
Conventos contemplativos ou meditativos
cada dia se tornam mais escassos e dentro deles, grande parte da chave para se alcançar o progresso espiritual está
se perdendo, por cujo motivo já não florescem
os santos da Idade Média.
As chaves ocultas da meditação lhes infundiam
de grande fé e de imenso valor, adquiriam plena confiança na Divindade e na
eternidade da vida individual.
Os mais cruentos sacrifícios eram empreendidos
por eles, sem se importar com atrozes martírios, ser despedaçados por leões,
queimados, aprisionados para morrer
lentamente em uma escura masmorra.
As Iniciações menores proporcionam aos
discípulos pequenas experiências espirituais, quer sejam sensações de glória e
visões externas de luzes, paisagens, cidades e figuras.
Estas visões obtidas por meio da vista
da alma, alimentam os discípulos para seguir adiante na senda espiritual, até
alcançar os poderes que todos nós temos no Espírito individual.
Se esse Divino
Poder não foi atualizado, os discípulos ainda quando por longos anos que
estiveram junto ao Mestre, sempre estarão faltos dessa indomável
energia.
Tomemos por exemplo Pedro, discípulo de Jesus, naquele momento em que
uma mulher do povo disse:”Pedro tu o
conheces, esteve com Ele?” “Não, não o conheço”.
Assim vimos um homem que não
era valente, que era covarde.
Porém quando este discípulo de Jesus se recuperou
deste “sonho espiritual”, por meio da Chispa Divina que recebeu no cenáculo, junto com seus outros
companheiros espirituais, se transformou em um valente iniciado, que morreu
glorificando seu ideal.
Dessa maneira, para todos nós, à medida
que realizamos o Glorioso Poder de Deus, as coisas materiais deste mundo, como
os sentimentos, irão perdendo a sua importância e unicamente buscaremos com
ânsias infinitas, a unificação consciente com o que é todo paz, sabedoria e glória sem limites.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.