Sri Vájera Yogui Dasa
P: O senhor tem falado do Mestre, diga-me: Como poderei chegar aos
pés do Mestre e sentir sua magnífica figura e receber sua inspiração?
R: Temos que nos esforçar e lutar para derrotar os defeitos
arraigados em nossas qualidades inferiores.
P: Mas lembre-se que não há ninguém no mundo que seja absolutamente
santo, assim como não o há totalmente mal. As vezes vejo em alguns homens
chifres de diabo, mas não posso negar que muitas vezes me emocionei ao ver em
alguns asas de Anjos.
R: Em nós mora o Eu Superior e o eu inferior.
Essas forças travam contínuas batalhas.
Os que tentamos seguir esta senda santa
devemos nos esforçar para que o Eu Superior, o espiritual, vença ao inferior, o
mundano.
O eu inferior, ou seja, nosso
corpo de carne, com seus veículos e sentidos, apesar de transitório, vence
momentaneamente o Eu Superior que é o espírito com suas eternas qualidades
divinas.
O imortal espírito perde
incontáveis batalhas, enquanto o pesado pé do eu inferior o tritura envolto em
baixas paixões.
Uma em mil vezes tentamos
desenvolver potentes forças internas para que esse Eu Superior brilhe em todo o
seu explendorm triunfante nas batalhas da vida.
P: No entanto, apesar de nossos desejos, de nossas forças interiores
e do desejo de superação, ao querermos bater nossas asas para nos alevarmos
voltamos novamente a ser arrastados por esse transitório e malígno eu inferior.
Quase sempre não conseguimos
aniquilar as más qualidades que habitam em nós e dessa maneira continuamos
batalhando toda a vida.
R: Desgraçadamente é assim, pois devido a nossas fraquesas nos
perdoamos pensando que mais tarde teremos as forças supremas e que seremos mais
fortes para vencer. Cremos que triunfaremos dentro de um mês, um ou vários
anos.
Se passam muitos períodos, mas
ainda do que imaginamos, e nossas baixas paixões continuam a nos vencer.
Mais ainda, podemos ser
enterrados bem fundo na terra e o
espírito contaminado com os corpos astrais, impuros, segue nos planos sutís
sendo dominado por pensamentos e sentimentos perversos. Percorremos muitas
vidas, renascemos uma e outra vez, e sempre lutamos com o eu inferior para
alcançar mesmo que seja só um grau de perfeição.
P: Como podemos alcançar a glória ou essa perfeição que outros
alcançaram chegando assim ao grau de santidade?
R: Serve para nós como grande esperança saber que outros lograram o
estado de santidade depois de muitas vidas de cruentas batalhas.
Que grande felicidade para nós é saber que não
somos os únicoa que estamos empenhados nesta luta e que há outros que antes
triunfaram.
No livro dos livros, o Bhagavat
Gita, visto sobre o aspecto símbólico, relata a batalha entre as boas e as más
potências na vida do ser.
Na batalha dos Pandavas com os Kauravas, há um
carro que apresenta a Arjuna e a Sri Krishna.
O Eu Superior está simbolizado
pelo Avatar Sri Krishna dentro do carro da Guerra, em nossa alma, como o Rei no
fundo da alma, mas também se representa ao eu inferior no chão, ajoelhado,
simbolizado por Arjuna.
Tomando esse feito em seu sentido simbólico, o
carro representa o nosso corpo e os dois personagens que viajam nele, nossas
duas opostas personalidades: O Eu Superior e o eu inferior.
Neese maravilhosos livro se faz
ver a instrução que o mestre dá ao discípulo para que domine suas baixas
tendências.
A voz do mestre desliza com
sublime tom, incentivando o discípulo a que seja valente, a que vença seus
temores e paixões, tal como foram vencidos pelos santos antepassados. E a mesma
voz do excelso mestre afirma que houveram muitos heróis neste mundo que
venceram ao eu inferior e que o discípulo pode ser mais um a alcançar o sabor
do fruto da sabedoria.
P: Que grande incentivo é para nós saber que outros alcançaram a
vitória! Posso lhe perguntar: Como é isso? Eram aqueles seres feitos de outra
matéria, mais pura, para que pudessem vencer?
R: Não, sómente que em comparação a esses grandes seres nós ainda
não chegamos a essas dimensões de progresso devido a estarmos colocados em
planos evolutivos relativamente inferiores.
A vida nos arrasta com as paixões que nos
envolvem, como se fôssemos séres sem vontade própria, ficando estendidos no
chão, derrotados por nossos desejos impuros.
P: Mas... como podemos trocar essa natureza tão débil e mundana?
Como fazer que se supere e se transforme em forte?
R: Para conseguir tal progresso estão os Mestres da Sabedoria, que
são os que nos guiam e nos influenciam para obter a graça divina.
P: Mas essa graça é um privilégio para uns, ficando outros à margem
dela?
R: A graça é uma transfusão de fluídos espirituais, sutilíssimos,
divinos e gloriosos. Essa graça divina, os mestres não a dão senão a aqueles
que a merecem e a desejam sinceramente com pureza de coração.
“Pedi e recebereis” está escrito
no Evangelho.
Sri Krishna no campo de batalha ensina a
Arjuna a maneira de pedir dizendo-lhe: “ Pede proteção e força à Divina Mãe.
Ela é a que dá todos os poderes”.
Para alcançar a liberação final
não bastam nossas forças e nem nossa vontade e inteligência.
Para vencer devemos implorar a graça da Divina
Mãe, conhecida pelos grandes sacerdotes da Ìndia pelo sagrado nome de Sri Yoga
Devi.
P: Como o senhor traduz esse nome?
R: Yoga significa União e Devi
traduz-se como Divina. Portanto Yoga Devi é que une e direciona essa
união de todas as hostes Angélicas e de todos os seres criados.
P: Quer dizer que para sermos felizes e derrotar o mal temos que
encontrar um mestre de sabedoria e, além disso, é necessário envocar sempre a
Divina Graça da Rainha da Hierarquia Branca e então, com a ajuda d’Eles nos livraremos do egoísmo,
da inveja, da sensualidade e de outras más qualidades do eu inferior que o
senhor um pouco antes descreveu?
R: Posso garantir que pela Graça da Divina Mãe e dos Mestres
podemos vencer nossas fraquezas e alcançar bens materiais, celestiais e criar
novas possibilidades de gozosas glórias.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.