Como um dos mais importantes mestres ascensionados, El
Morya, também chamado de Nara, é o responsável pelo Primeiro Raio, e tem um
trabalho transformador com relação à humanidade.
O contato do mundo
ocidental com os chamados mestres ascensionados, os mestres da Grande
Fraternidade Branca, só ganhou projeção no século 19 – especialmente com o
trabalho de divulgação proporcionado por Helena Blavatsky e a Sociedade
Teosófica.
Hoje em dia, essa
situação ganhou projeções nunca antes imaginadas, e os mestres ascensionados
nunca foram tão comentados, citados, estudados, e suas mensagens nunca tiveram
tanta divulgação na mídia.
As tendências e atividades holísticas e pan-religiosas da
Nova Era abriram um espaço que, até então, se restringia a núcleos esotéricos,
iniciáticos, geralmente misteriosos e envoltos em lendas.
O acesso ao conhecimento a respeito das atividades dos
mestres ascensionados nunca foi tão fácil.
Qualquer pesquisa na
internet revela milhares de páginas sobre o assunto, com visões que, às vezes,
são tão distantes umas das outras, que fica fácil perceber a influência de
outros conhecimentos e tendências religiosas ou esotéricas.
Em alguns casos,
ocorre uma tamanha mescla de informações que se torna quase impossível aos
não-iniciados entenderem o que está acontecendo, quem é quem, e quais os
verdadeiros objetivos, senão dos mestres em si, pelo menos das organizações
através das quais suas mensagens são transmitidas à humanidade.
São algumas das desvantagens da internet: a simplificação
excessiva de conceitos complexos; a vulgarização desses conceitos a tal ponto
que qualquer um se julga capaz de não só entendê-los em profundidade como
repassá-los a outras pessoas, tornando-se ele próprio um mestre no assunto,
ainda que a filosofia em questão já esteja corrompida com inúmeras outras
filosofias e informações, muitas delas de origem extremamente duvidosa.
Aqui no Brasil, os mais conhecidos divulgadores dessas
informações e mensagens são a Pax Universal, a Summit Lighthouse, que tem sede
nos EUA, e a Suddha Dharma Mandalam, com posturas ligeiramente diferenciadas
com relação ao assunto.
Todos concordam em uma coisa: El Morya é o governador,
mestre ou chohan do Primeiro Raio, o raio azul, ou azul-cobalto, como preferem
alguns.
As características ou
virtudes do primeiro raio estão ligadas ao pioneirismo, à ação, ao ritmo e à
disciplina, e também à força da vontade Divina.
Diz-se que o
complemento de El Morya é Lady Miriam; e o arcanjo Miguel e o arcanjo do
primeiro raio.
Para a Summit Lighthouse, El Morya é o chefe do conselho de
Darjeeling, da Grande Fraternidade Branca, e é sobre essa cidade da Índia que
se encontra seu templo etérico.
Ele é considerado o
fundador da Teosofia, juntamente com o Mestre Kuthumi.
Algumas fontes dizem
que, hoje, El Morya ainda habita um corpo físico que ele mesmo construiu, e
vive em Chigatsé, nas cordilheiras do Himalaia.
A Suddha Dharma Mandalam tem uma postura diferente com
relação a essa questão.
Entende que El Morya – chamado por eles de Nara, um
Instrutor de Sabedoria, também visto como governador do Primeiro Raio,
presidido por Shiva – determina o agni, ou seja, a capacidade de ação, e traz
prana para o universo.
Ele trabalha com a energia masculina e é um dos 32 siddhas,
que são adeptos, seres adiantados que velam pelo bem da humanidade e habitam em
Visala Badari, uma das três regiões de Badari Vana (ver Sexto Sentido 25).
Nara também é
conhecido como Padma Deva, encontra-se em todos os lugares e organiza os
avatares.
O primeiro raio, que se encontra em Badari Vana, representa
a energia sutil, satya, e trabalha com glória e luz.
É a Vontade de Deus.
El Morya e o primeiro raio foram os responsáveis por trazer
a força, o poder e o pioneirismo para nossas vidas, e foi através do primeiro
raio que os mestres introduziram a Teosofia entre nós.
Na verdade, ainda que
todos os raios sejam importantes, o primeiro é um dos principais uma vez que
representa todos os raios juntos.
No entanto, a noção de que El Morya habita um corpo físico é
rejeitada pela Suddha Dharma.
Para eles, essa idéia
do corpo físico é uma questão de maturidade religiosa; ou, nesse caso, de
imaturidade religiosa.
É uma questão de fé.
Se a pessoa acredita
de fato no Mestre, não há necessidade de se pensar nele em termos de um corpo
físico.
Muitas pessoas
precisam de um ícone, de algo vivo, físico, para manter sua fé.
Mas, explicam, El
Morya não tem qualquer corpo.
Ele foi, de fato, o responsável pelo surgimento da Teosofia,
e Madame Blavastky realmente se encontrou com ele, mas não em seu corpo físico,
em sua encarnação terrestre, como costuma se dizer.
Seu contato foi com o
mestre ascensionado, que lhe passou informações e instruções.
O contato de Blavatsky com El Morya foi muito comentado, e
há algum tempo começou a circular uma fotografia em que a fundadora da
Sociedade Teosófica aparece em companhia de três pessoas que seriam El Morya,
Saint Germain e Kuthumi.
No entanto, segundo a
Suddha Dharma, posteriormente Blavatsky se arrependeu de ter dito que se
encontrara com o El Morya físico.
A Summit diz que o trabalho com a energia dos mestres – que
já acontece há muito em nosso planeta – foi reforçado a partir do final do século
19.
Esse fato foi o que
estimulou um grande número de pessoas a se tornarem mais receptivas às
mensagens que os mestres estão enviando para ajudar nossa evolução no planeta.
A Summit teve início em agosto de 1958, quando Mark L.
Prophet, com o apoio do mestre El Morya, criou a organização como um canal para
os mestres se comunicarem conosco.
A idéia era a de
transmitir os ensinamentos da Grande Fraternidade Branca, a ordem de seres
iluminados, composta pelos espíritos dos grandes mestres da humanidade.
Assim, por meio das mensagens que esses mestres passam à
humanidade, a Summit procura desenvolver nosso potencial espiritual.
Da mesma forma, essas
mensagens facilitam aos seres humanos a compreensão de realidades espirituais
que se encontram acima ou além do plano físico, indicando outras formas de
existência e de energias.
As mensagens dos mestres são, então, repassadas à humanidade
por intermédio dos canalizadores da Summit, e segundo eles explicam, os planos
celestiais estão divididos em seções baseadas no sete: sete raios de energia e
de luz, comandados por sete mestres, com sete qualidades divinas.
O número sete também surge na Suddha Dharma. São sete
governantes, cada qual trabalhando com dezoito auxiliares, uma espécie de
"secretários", que também são siddhas.
Cada um destes tem mais sete auxiliares, ou
"subsecretários".
Cada grupo desempenha seu trabalho
durante um período de 1000 samkalpas, sendo cada samkalpa composto por 24 anos.
A Summit não é a única organização a falar sobre mensagens
canalizadas dos mestres.
A Pax Universal
também segue uma linha semelhante, assim como ocorre com grupos menos
conhecidos.
Em geral, eles
entendem que é preciso prestar atenção às mensagens vindas do mundo ou plano
espiritual.
É importante entender
as mensagens e o que elas podem trazer para a melhoria da vida no planeta,
mudando nossa forma de agir e de pensar.
Carmen Balhestero, diretora da Pax Universal, há anos vem
canalizando mensagens do mestre Saint-Germain e estudando e divulgando os
pensamentos relacionados à Grande Fraternidade Branca.
Carmen diz que, quando fala sobre o assunto, não está se
referindo a alguma coisa que tenha lido, mas sim àquilo que vivencia, o que ela
vê, e às mensagens que recebe por canalização. Segundo ela, quando falam do
assunto, algumas pessoas se referem à existência de 12 raios, 15, 30, 50 raios,
mas que ela só conhece sete, que é o conhecimento básico repassado à humanidade
desde o século 19.
Ela tem praticamente as mesmas informações a respeito de El
Morya, o mestre do primeiro raio, de cor azul cobalto, o mestre responsável
pela irradiação que traz o pioneirismo, o pontapé inicial para a ação.
Por ser a energia
primeira, diz Carmen, é muito forte, é a energia da ação.
"Só que", ela explica, "ação sem coração é o
que você vê no mundo hoje.
O primeiro raio é
importante porque, se não tem o primeiro ponto, o primeiro passo, você não cria
nada; então, esse é o raio da criação".
Segundo ela, por incrível que pareça, El Morya abençoa e
inspira todos os políticos, governantes, líderes nas áreas espiritual, social e
econômica.
As pessoas que se
encontram em pontos-chave têm El Morya como patrono.
Mesmo que elas nem saibam que El Morya exista, todos os dias
o mestre lhes envia luz para ver se, um dia, acordem e percebam que a vida pode
ser diferente.
"Ele está sempre
jogando luz, mas os seres humanos não estão abrindo a cabeça para receber essa
luz".
Carmen explica que a pessoa pode trabalhar essa energia
vinda de El Morya, usá-la em sua vida.
Por exemplo, quando
acorda, a pessoa pode se sentar na cama e visualizar um tubo de luz azul, a cor
de proteção.
Ela visualiza uma
plataforma de luz nos pés, um sol irradiando em todas as direções, e faz uma
prece pedindo que El Morya abençoe e ilumine.
Ela diz que não é
complicado, que não é preciso ficar recitando centenas de orações, já que de
nada adianta falar sem intenção e atenção.
"Só de falar o
nome dele, ele já está ali". Só com o fato da pessoa se encontrar
sintonizada, invocando o nome de El Morya, ele vai atuar.
O aspecto das canalizações de mensagens também é visto de
forma um tanto diferente pela Suddha Dharma.
Margareth Gonçalves
(Devi Dásika), Emissária Instrutora do Ashram Sarva Mangalam e Gnana Dhatha
deste Mandalam, diz que essa canalização de mensagens de El Morya não seria
possível.
A energia envolvendo
um contato desse tipo seria de tal natureza, tão imensa, que a pessoa contatada
não suportaria.
"Pode ocorrer", explica Margareth, "que algum
dos assistentes de Nara entre em contato, passando mensagens, mas nunca o
próprio".
Ainda assim, ela diz,
a mensagem é sempre bem-vinda, mesmo que ela tenha origem na própria pessoa que
está passando a mensagem, o que é bem possível de acontecer.
Num caso como esse, por se tratar de uma mensagem da alma da
pessoa, ela é válida, e todas as pessoas têm essa ponte de luz.
Mais que isso, explica Margareth, uma mensagem dessa
natureza não pode ser passada aos humanos individualmente, e muito menos com
hora marcada, como parece acontecer em alguns lugares.
Para El Morya, assim
como para os demais governantes dos raios, o tempo não existe, de modo que é
impossível "marcar hora" para receber uma mensagem canalizada.
E as manifestações são constantes, diárias.
E, mais uma vez, a
energia envolvendo uma situação dessas seria tão grande que a mensagem, quando
realmente transmitida à humanidade, não seria recebida individualmente, mas por
todos os que estiverem abertos a ela.
A mensagem seria
recebida por muitas pessoas ao mesmo tempo, por um povo inteiro ou mesmo por
toda a humanidade.
Um aspecto de El Morya que é bastante comentado e citado se
refere às encarnações anteriores que ele teve na Terra.
Para a Suddha Dharma,
essa questão é irrelevante e, mais uma vez, envolve o aspecto da maturidade
religiosa.
"Para aqueles
que têm fé", explica Margareth Gonçalves, "não importa se El Morya
esteve fisicamente entre nós, e importa menos ainda fazer um levantamento de
quem ele teria sido no passado".
O alerta da Suddha
Dharma é que a imaturidade religiosa é o que leva ao estabelecimento de dogmas,
prejudiciais ao verdadeiro desenvolvimento da espiritualidade.
No entanto, nem todos concordam com esse ponto de vista, e
apresentam um levantamento um tanto extenso das encarnações anteriores de El
Morya, sempre cumprindo no plano físico determinadas funções relacionadas ao
desenvolvimento do aspecto espiritual da humanidade.
Geralmente, entende-se que o nome pelo qual é, hoje,
conhecido em todo o planeta, veio de sua última encarnação terrestre, quando
era El Morya Khan, filho e herdeiro do trono do monarca Ali Vardi Khan, de
Bangladesh.
Em vez de seguir a vida que lhe estava planejada pelo pai,
tornou-se um líder religioso, e teria desencarnado em 1888 ou 1898.
Para a Summit Lighthouse, em todas as suas encarnações na
Terra, seu trabalho esteve ligado à devoção à palavra divina.
Ele teria sido Abraão, o patriarca das doze tribos de
Israel, o homem que uniu os caldeus em torno da fé num Deus único.
Depois, surgiu como Melquior, um dos três reis magos do
Oriente que visitaram Jesus, quando de seu nascimento.
Estranhamente, outras fontes também citam El Morya como
tendo sido um dos reis magos, mas se referem a Gaspar.
Cita-se também a encarnação de El Morya como o rei Arthur,
personagem controvertido.
Uns entendem que se
trata de uma lenda, ainda que intimamente relacionada à busca espiritual,
especialmente no aspecto que se relaciona com a formação da Távola Redonda e da
busca pelo Santo Graal.
Outros citam Arthur
como um personagem com existência real no passado da Inglaterra, e um iniciado
nos mistérios interiores do Cristo.
O mestre El Morya teria retornado ainda como Thomas Becket
(1118-1170) – arcebispo de Canterbury que morreu martirizado –, e como Thomas
More (1478-1535), que também morreu martirizado; os dois foram canonizados.
Em ambos os casos, os responsáveis foram os reis Henrique II
(1133-1189) e Henrique VIII (1491-1547). No final do século 16, teria surgido
no Oriente como um imperador mongol conhecido como Akbar (possivelmente 1556-1605).
Também teria reencarnado na Irlanda do século 19 como o
poeta irlandês Thomas Moore (1779-1852) e, finalmente, como El Morya Khan, um
mahatma tibetano sobre quem a Summit afirma não se possuir muitas referências
biográficas.
Independentemente do que as pessoas possam pensar a respeito
desses aspectos de El Morya ou Nara apresentados pelas diferentes organizações,
o mais interessante parece ser, de fato, procurar conhecer as mensagens que
estão sendo repassadas.
E, mais do que isso,
procurar conhecer os pensamentos, a filosofia, a base que sustenta essas idéias
de elevação espiritual e de melhoria de nossa condição neste planeta.