terça-feira, 6 de novembro de 2012

QUEM É UM SUDDHA?

Nossos agradecimentos pela tradução realizada por  Anaise Andrade (Urvasi Dasika).



Por: Sri Janardana

Originalmente publicado em Março de 1934 na "A Suddha Dharma", revista mensal dedicada à Filosofia Suddha e outros tópicos de interesse relacionados.

A palavra Suddha não indica meramente “pureza”, da natureza que nós entendemos relativamente, mas sim aquela pureza intrínseca, que traz em si a garantia de um efeito.

Então, não é apenas um termo de expressão abstrata trazendo uma definição qualquer.

 Sendo um estado positivo de realização na revelação da consciência humana e não na imaginação pela mente, na esfera da idéia sozinha, pureza intrínseca pode ser sentida como uma inevitável necessidade por revelação da Divindade protegida em nossa própria natureza. 

E assim, aqueles que tiveram a boa sorte de alcançar a divindade conhecida como Atman em seus próprios corações, nos contaram em termos claros o seu significado. 

Assim também diz Sri Bhagavan Narayana, o dirigente do Mandalan. 

E um Suddha é aquele que segue em prática para alcançar esta pureza. 

Conhecimento tem que ser, inicialmente, uma assimilação intelectual dos fatos relativos a essa verdade, para chegar a uma impressão na mente. 

Não é um fim nele mesmo.

 É apenas um meio.

 Assim, Atman não é meramente uma idéia. 

É isso e ainda mais. 

É uma realidade vivente.

 Permeando cada pedacinho da criação e sustentando tudo, todas as suas associações conseqüentemente são reais.

 E nada irreal ou falso pode então ser relacionado a qualquer coisa criada por isto. 

A vida é uma tela onde esta entidade psíquica no homem manifesta a sua existência através da matéria. 

Assim, por si mesma, ela não tem poderes, nenhuma capacidade, somente um silencioso testemunho.

 Sua inerente associação com a matéria para o propósito da manifestação e do processo do mundo é uma inevitável necessidade, cuja qual têm sido criada por ela mesma, por seus próprios propósitos.

 Gerar semelhante idéia na mente é o propósito do conhecimento.

 E um Suddha valoriza o escopo do conhecimento tão somente como um meio para um fim, e não como um fim nele mesmo. 

Não há necessidade de ter fé, cega ou o contrário, a respeito de uma evidente e óbvia verdade.

 Isso não importa, em nenhum momento para D’eus, se acreditam em Sua existência ou não.

 Em um ou outro caso, Sua existência relativa no processo do mundo como Purusha e Prakriti, (Espírito e Matéria), sendo um fato inalienável para a expressão na vida, nos vale reconhece-los, embora eles não sejam afetados por nosso não-reconhecimento.

 Um Suddha não se incomoda com o fato de D’eus existir ou não. 

Mesmo quando alguém pode não acreditar ou ter fé em D’eus, isso não significa que ele não é um Suddha.

 Nada é exigido dele, ou ele é persuadido a ter uma fé específica. 

Por outro lado, se ele deseja, sem se relacionar ao motivo disto, entender a verdade da existência fundamental de D’eus ou o contrário, ele é ensinado a praticar certa coisa muito elementar, cuja qual, muito facilmente gera um prazer muito grande através do conhecimento.

D’eus não é meramente uma idéia abstrata, mas uma realidade concreta.


 Saber disso consiste em investigar a verdade disto cientificamente. 

E um Suddha que continua esta investigação, cientificamente, não está incomodado em especular sobre Sua existência (ou não), intelectualmente. 

Ele não se incomoda com personalidades. 

Ele não se incomoda nem mesmo em expressar uma opinião a respeito disto. 

Ele simplesmente procede a experimentação, com base científica, para testar a validade ou invalidade sobre essa Existência, pois a mera fé, sem um conhecimento exato sobre Sua natureza têm sido para ele, até agora, uma fonte de dor conflitante, medo e castração. Ele ainda, demonstrando sua inocência, renuncia à sua fé, sem uma prova positiva. 

Isso não quer dizer que, através disso, ele tenha renunciado ao experimento; assim, sua vida por si mesma é um experimento a ser revelado. 

Mas um Suddha é aquele, quem, reconhecendo essa verdade, prossegue para conduzir o experimento conscientemente; e para ele, dados fornecidos por meio do conhecimento, são para auxilia-lo, para teste e nada mais. 

Seu objetivo é alcançar o objeto de seu desejo. Assim, D’eus, como Todo, é um Realizador dos desejos de todos.

 As manifestações do processo do mundo são Seu desejo.

 E um Suddha que deseja, sendo uma parcial manifestação de D’eus, certamente não está errado em, então, desejar. 

Mas, se seus desejos estão em consonância com o Todo, que quer dizer D’eus, ele passa a experimentar e descobrir este D’eus, no processo cujo qual ele alcança o objeto dos seus próprios desejos e também alcança a capacidade de permitir que outros realizem seus objetivos.

Conseqüentemente um Suddha sabe que ele está trabalhando conscientemente e cientificamente a Ciência do Espírito.

 A Ciência ligada à matéria mostrou-se um fenômeno maravilhoso.

 Têm demonstrado a indestrutibilidade da matéria como um inalterável truísmo.

 Têm enfatizado sua inalienável utilidade na plana expressão e vazão da vida. 

Não há dúvidas que a realidade da Matéria é exata.

 Mas enquanto há utilidade da matéria, ela tem no processo de sua revelação suas próprias potencialidades, através do apoio da Ciência aplicada, criando divergências e conflitos, devido à multiplicidade da diversidade de formas da matéria, no decorrer da vida.

 Um Suddha, que está cansado deste conflito, e dotado de uma visão superadora, progride adotando um método, que direciona o experimento nele mesmo.

 O experimento na região externa da matéria, conduzido até então, não revelou nenhuma unidade, um fundamento comum entre todos os homens e a matéria. 

Apesar de inconscientemente, a ciência está tentando andar nesta direção em suas investigações.

 De qualquer forma, sua idéia é chegar a essa Síntese da Unidade, e suas ações estão criando divergências e conflitos no processo de análise da Matéria.

O Cientista que deseja chegar a essa substância comum, que no idioma da Religião é chamado de D’eus, deve proceder direcionando suas investigações na matéria do corpo que ele mesmo possui, ao invés de um corpo exterior.


 As investigações até agora conduzidas em corpos externos têm sido um fracasso para chegar a essa substância e o conhecimento que assegura todas e quaisquer possibilidades; a direção tem que ser necessariamente mudada se quisermos nos chamar de sábios. 

E isso continuará a ser um segredo, pois essa substância é menor do que o menor e maior do que o maior. 

E conseqüentemente, quaisquer números de investigações feitas externamente, não terão nenhum resultado. 

Por outro lado, problemas irão aumentar, e com isso guerras, desolação, erosão e calamidades irão tomar forma.

 Mas, quando a investigação está direcionada no ser interior da própria pessoa, esta “menor das menores” substância é entendida rapidamente, porque somente essa pessoa pode chegar até ela. 

O resultado disso é, necessariamente: Total Consciência, Total Conhecimento, Total Poder e assim por diante.

 Assim, essa substância, que é o dado comum para tudo em todo o Universo, é capaz de expandir, contrair, reagir e realizar em cada processo, à proporção da capacidade de seu manipulador o qual alcançou o sucesso em saber disso cientificamente nele e nos outros.


Um Suddha sabe que é assim e então, o conhecimento de D’eus, para ele não é por manifestação, uma vez que a Omnipresença, Omnisciência e a Omnipotência de D’eus são o suficiente na expressão de sua exatidão. 

Ele simplesmente atua, procedendo em suas investigações de modo disciplinado, não impondo sua fé em outros, ou entrando em inúteis discussões que deslocam a mente, mantendo a base de investigação serena, inalterada por idéias.

A impureza consiste nestas idéias, embora todas as idéias sejam o resultado do trabalho do Atman através do corpo mental. 

Sendo a idéia de um Suddha chegar até o espírito, ele rejeita todas as idéias, não em relação às opostas ao espírito, mas em relação àquelas que escondem sua verdadeira natureza, chamada de substância (conteúdo) do espírito.

 Ele progressa lentamente atravessando e fazendo o seu caminho na matéria através da fonte do espírito, a saber, cuja identidade, com pureza, ele alcança, solucionando todas as idéias impuras voltando-se para seu interior, em seu próprio Atman.

E tendo obtido esta pureza, cuja qual, devido à sua natureza intrínseca, revela a substância comum em tudo o que existe, o Suddha conquista Paz, e sempre tantas outras coisas.

 É a própria experimentação que revela a verdade disto e seu valor.

Do mesmo modo é a Suddha Dharma, a qual um Suddha pratica sem se incomodar com raça, casta, cor e outras predileções.

 Posto que cada coisa existente possui a necessidade de ser certa ou errada, um Suddha não está tãopouco, preocupado com relação a isso, e ele carrega, em seu trabalho silencioso de experimentação consigo mesmo, dele mesmo, nele mesmo, sabendo inteiramente bem que na completude do tempo, ele alcançará os desejos de seu coração e fará este papel com sucesso de igual forma também, pois a proteção do Dharma é um fundamento comum ao redor de tudo, sem nenhuma distinção, seja qual for, visto que o D’eus dele é o D’eus de cada e todo Ser. 

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WHO IS A SUDDHA?

Originally published in March 1934 at "The Suddha Dharma", A monthly magazine devoted to Suddha Philosophy and other topics of allied interest 

The word Suddha indicates not merely purity of the nature we understand relatively, but of that intrinsic purity, the becoming of which ensures an effect. So it is not just a term of abstract expression conveying no definiteness whatever. Being a positive state of attainment, in the unfolding of human consciousness and not an imagination, by the mind in the sphere of idea alone, intrinsic purity can be felt as an inevitable necessity for revealing the God-Head shielded in our own nature. And so, those who had the good fortune to reach the God-head known as Atman, in their own hearts, have told in unequivocal terms. So also says Bhagavan Sri Narayana, the Head of the Mandalam. And a Suddha is he, who follows up in practice to attain this purity.
Knowledge has to be, at the commencement, an intellectual assimilation of facts relating to this truth, to get at an impression in the mind. It is not an end in itself. It is just a means. For, Atman is not merely an idea. It is that and even more. It is a living reality. Permeating as It does every bit of creation and supporting all, all its associations consequently are real. And no unreality or falsity can therefore be ascribed to anything created by it. Life is a display where, this psychic Entity in Man manifests its existence through matter. For, by itself, It has no powers, no capacity, only a silent witnessing. Its inherent association with matter for the purpose of manifestation and world process is an inevitable necessity, which it has been created for itself for its own purposes. To generate such an idea into the Mind is the purpose of knowledge. And a Suddha values the scope of knowledge only so, as a means to the end, not as an end in itself.

There is no necessity to have a faith, blind or otherwise regarding a self-evident and self-existing truth. It does not matter a moment to God itself whether one believes in its existence or otherwise. In either case its relative existence in the world process as Purusha and Prakriti (Spirit and Matter) being an inalienable fact for an expression in life, it pays us to recognise them, though they are not affected by our non-recognition. A Suddha is not bothered about the fact whether God exists or not. Even though one may not believe or have faith in God, it does not mean he is not a Suddha. Nothing demanded out of him, or to persuade him to a particular faith. If on the other hand he desires, irrespective of the motive thereof, to understand the truth of the fundamental existence of God or otherwise, he is taught to practise certain very elementary thing, which are most easy generating a very great pleasure through knowledge.

God is not merely an abstract idea, but a concrete reality. Knowing it consists in investigating the truth of it scientifically. And a Suddha who proceeds to investigate so, scientifically, is not bothered about speculating about its existence or otherwise intellectually. He is not bothered about personalities. He does not care even to doubt or assert a statement about it. He simply proceeds to experiment on a scientific basis to test the validity or otherwise about its existence, since a mere faith, without an exact knowledge about its nature had been to him, so long a source of pain conflict, fear and emasculation. He is even justified in renouncing his faith without a positive proof. It does not mean thereby that he has renounced the experiment, for; his life itself is an experiment to reveal it. But a Suddha is he, who, recognising this truth, proceeds to conduct the experiment consciously; and to him data furnished by means of knowledge, are but helps, to test and nothing more. His aim is to achieve the object of his desires.
For, God, as All, is a fulfiller of the desires of all. The manifestations of the world process are due to His desire. And a Suddha, who desires, being but a partial manifestation of God, is certainly not wrong in so desiring. But if his desires are to be in consonance with the desires of All, which means God, he proceeds to experiment and find out this God, in the process of which he achieves the object of his own desires and also achieves capacity to enable others to realise their objects.

Consequently a Suddha knows that he is working out consciously and scientifically the Science of the Spirit. The science pertaining to Matter has revealed wonderful phenomena. It has demonstrated the indestructibility of Matter as an unalterable truism. It has stressed its inalienable utility in the even expression and flow of life. The reality of Matter is indubitable (certain). But while the utility of matter is there, it has in the process of its revealing its own potentialities, through the aid of applied Science, has created dissensions and conflicts, due to the multiplicity of the diversified forms of matter, in the play of life. A Suddha, who is sick of this conflict, and with a view to get over it, proceeds to adopt a method, which directs the experiment on himself. The experiment in the region of matter outside, conducted so far, has not revealed any unity, a common basis for all men and matter. Though unconsciously, science is trying to tread towards it in its investigations. Though its idea is to get at this Unit of Synthesis, its actions are creating diversities and conflicts in the process of analysis of Matter.

The Scientist, who desires to get at this common substance which in the idiom of Religion is called God, must proceed to direct his investigations on the matter which he possesses himself as a body instead of a foreign body. The investigation conducted so far on a foreign body having been a failure, to get at this substance, and the knowledge of which ensures all and every possibilities, the direction has to be necessarily changed if we want to call ourselves wise. And it will continue to be secret, because that substance is smallest of the small and biggest of the big. And consequently any amount of investigation outside will have no result. On the other hand, troubles will increase, and with it war, desolation, erosion and calamities that overtake life. But when the investigation is directed on one's own self, this smallest of the small substance is caught in a shot, because there only one that can get at it. The result of it necessarily is All-consciousness, All-knowledge, All-power and so on. For, this substance, which is the one common data for everything in the universe, is capable to expand, contract, react and undergo every process in proportion to the capacity of the manipulator, who has achieved success in knowing it, scientifically in him and others.

A Suddha knows it so, and hence knowledge of God, to him is not for parading it, since the Omnipresence, omniscience and Omnipotence of God falls short of its exactness as expression. He simply acts up, to proceed in his investigations in a disciplined manner, does not inflict his faith or otherwise on others, nor enters in useless controversies, which unsettle the mind, this being the basis of investigation is kept unruffled (unmoved) by ideas.

The impurity consists in these ideas, though all ideas are the result of the working of Atman through mental matter. The idea of the Suddha being to get at the spirit, he rejects, all ideas, not as inimical (opposed) to the spirit, but as those that shield the true nature, called substance of the spirit. He wades (pushes his way) through the matter to the source viz. spirit, whose identity, with purity, he achieves by resolving all the impure ideas into the Atman itself.

And having attained this purity, which due to its intrinsic nature reveals the common substance in all, the Suddha attains peace, and ever so many other things. It is the proper experimenting that reveals the truth of it and its value.

Such is the Suddha Dharma, which the Suddha practises unbothered about race, caste, colour and other predilections. Since every existing thing is a necessity be it right or wrong, a Suddha is not troubled thereby, and he carries on his silent work of experimenting within himself, of himself, by himself, knowing full well, that in the fullness of time, he will achieve his heart's desires and play his part successfully too, for the protection of Dharma all around on a common basis, without any distinction whatsoever since his God is every one's God.