Nossos agradecimento pela tradução realizada pelo Dasa Alfonso Prellwitz.
Sri Váyera Yogui Dasa
Existe
a tradição religiosa de pedir a Deus, aos Santos, aos Anjos e a outras
entidades espirituais, que nos purifiquem, livrando-nos das más tentações e de
nossos baixos pensamentos; em uma palavra, que nos tornem puros, bons e
felizes.
Pedimo-lhes que nos tornem inteligentes, com
uma mente clara e pronta para resolver os problemas difíceis ou as dificuldades
da vida.
Suplicamo-lhes
também que nos proporcionem bens materiais, saúde, fortuna e tudo aquilo que
nos possa tornar gloriosos.
Não tenho dúvidas de que esses rogos são
bons, mas até certo ponto, nada mais, porque, por muito que peçamos ao Senhor e
às potenciais invisíveis para que nos purifiquem, elas não nos vão santificar
nem nos trarão os bens solicitados.
Se, por
exemplo, rogamos ao Deus da Terra para que nos infunda inteligência, nem um
grau ao menos da que temos nos será acrescentado.
Se
pedirmos fortuna, tampouco no-la dará gratuitamente, ou seja, sem que a
mereçamos.
Conta
um Instrutor Espiritual que um camponês ignorante e beato se sentava ao pé de uma árvore muito frondosa de
sua própria fazenda; aí meditava profundamente em Deus, pedindo-lhe que seu
campo se enchesse de espigas, que madurassem com belos cereais e, assim,
pudesse ter uma grande colheita.
Rogava e rogava largamente sem exercitar o
talento e força de que dispunha.
Passou
o tempo das semeaduras e das colheitas.
O beato continuava meditando ao pé de sua
árvore sagrada.
Os
campos, sem serem regados, estavam secos sem que nem uma só espiga fosse
divisada em suas terras, e o agricultor não obteve o fruto anelado.
Por
outro lado, havia um vizinho que tinha seus campos cheios de espiga de bom
trigo.
O
agricultor do campo árido nunca o viu fazer grandes meditações nem pedir
publicamente nada a Deus; em troca, será visto semeando, arando, regando e
tratando cuidadosamente de suas terras.
Havia se sacrificado, esforçando-se no rude
trabalho.
A colheita abundante lhe havia custado
estudos e esforço continuado. Não há dúvida alguma de que o êxito foi obtido
pela própria atividade planejada com inteligência.
Que desejam os Mestres ensinar com isso?
Eles
nos advertem que todos nós, à medida que recebemos e desenvolvemos energias,
temos de utilizá-las, ao mesmo tempo em que fazemos nossas práticas e orações.
Por
mais clara e radiante que seja a luz do sol, não a veremos se não fizermos o
esforço de abrir os olhos.
Não
devemos esquecer nunca de que todos nós, à medida que recebemos energia, temos
de atuar, trabalhar, ao mesmo tempo em que fazemos nossas práticas e petições
aos Santos e Anjos, utilizando nossos poderes e atualizando, cada vez mais, as
nossas forças.
Se
desejarmos inteligência, temos de adestrar o corpo mental mediante o estudo.
Se formos estudantes e não nos dedicarmos
durante todo o ano, é inútil pedir aos Mestres: “Mestre, que os examinadores me
perguntem somente o que sei, que por teu amor eu me saia bem!...”
Dessa
maneira, nada se aprende e a inteligência não crescerá. O que deseja sabedoria
tem de observar, comparar e memorizar. Creio que não há ninguém que nasça um
bom artista, um grande pintor, um notável músico, nem cientista, sem esforço.
Todas
as artes e ciências há de ser analisadas com método.
É a
única maneira de se desenvolver a capacidade mental; todas as coisas da vida
hão de ser adquiridas com trabalho, além de atuar com honra, afabilidade e
nobreza.
Desta maneira se atraem boas amizades e
oportunidades de êxito; entretanto, se se procede sem honradez, com a
finalidade de despojar os outros, então os bons amigos de almas nobres se
afastarão, pois quem assim agem é temido e é afastado pela maioria das pessoas
cultas, perdendo, assim, incontáveis oportunidades de ajuda sincera.
Cada
amigo verdadeiro que adquirimos são dois olhos a mais que ganhamos, é outra
mente que possuímos.
Agora, se for um grupo grande, como somos
nós, se nós nos considerarmos verdadeiros camaradas, verdadeiros irmãos, e nos
quisermos como se fôssemos uma só família, produzir-se-á um centro de ajuda
imensa e geral.
Por exemplo, o que souber uma boa notícia de
um negócio ou de um trabalho, pleno de felicidade e sem egoísmo, deve
comunicá-lo aos demais irmãos, para que eles participem de boas e produtivas
atividades também.
Temos
de trabalhar para adquirirmos conhecimentos úteis. Devemos começar por adquirir
boa saúde.
Se
nossa comida for envelhecida, deficiente, excessiva ou indigesta e adoecermos,
por muito que roguemos a Deus para que nos dê doa saúde, não irá nos livrar do
mal provocado pelo que comemos.
Se nos
encontramos doentes, é por nossa culpa.
Não só temos de pedir a Deus que nos devolva
a saúde, mas que temos, de imediato, que cuidá-la.
Se
continuarmos bebendo todo tipo de bebida alcoólica e adquirirmos uma cirrose,
despedaçando nossos rins, ulceramos nosso estômago e, em nossa dor, clamarmos
por Deus para que nos cure, o Poder Cósmico atuará deixando que se cumpram as
leis imutáveis da vida. Tudo nos pode dar Deus, mas temos de seguir o método
para adquirirmos o que desejamos ou acabar com o que nos atrapalha.
Se desejarmos atingir um triunfo espiritual,
temos, antes de tudo, de estudar a ciência do espírito e da alma.
O estudo e a prática não consistem em fazer a
Deus somente rogos e petições.
É
bom implorar aos Poderes Ocultos, mas temos de fazer como já repetimos várias
vezes: O ESFORÇO INDIVIDUAL PARA CONSEGUIR O QUE SUPLICAMOS.
Quando
nós fazemos a prática denominada na repetição de sílabas de poder, junto com
orações, se quisermos que nos dêem resultado, temos também de meditar
profundamente, com método e em horas fixas, o tempo que o Instrutor tenha
determinado.
Somente com a repetição dos mantras não se
obtém nada.
Para obter êxito, é necessário primeiro
aprender a ritmificar a respiração conforme as instruções dadas pelo Mestre.
Os
mantras são pronunciados mentalmente, e à medida que vão sendo pronunciados, ao
mesmo tempo respiramos com alegria e tranqüilidade, imaginando que estamos
comungando com a força da vida do Universo, ou tomando contato com a Entidade
ou Poder com o qual o significado do mantra tem relação.
Por
exemplo, se o mantra se refere à vida universal, nós, ao compasso de seu ritmo,
devemos inspirar pensando que nos estamos plenificando de vida, do sol, da lua,
das estrelas, da vida do cosmo infinito.
Pensamos que estamos acumulando vida dentro
de nós.
Se
fizermos pranayamas com os japas, com o objetivo de adquirir força espiritual,
ou Brahma Shákti, temos de pensar que, em vez do ar, estamos respirando ou
comungando com o Espírito Supremo.
Que
é que sucede com uma semente que semeamos em boa terra?
A semente ali depositada recebe água, sol,
terra, os elementos necessários para o seu crescimento e desenvolvimento total.
Toma a
força do sol que a aquece, adquire a frescura da água que lhe dá os sucos
necessários, mas ao mesmo tempo em que recebe e absorve os elementos para o seu
crescimento, tira, de dentro de si mesma, uma tremenda força para rebentar a
casca com seu broto, impelir a terra e tirar seus brotos para fora da terra e
continuar crescendo até dar seus frutos.
Assim,
irmãos, há uma força que chega do exterior e que penetra ao interior, ao mesmo
tempo há outra energia que surge do mais profundo e se irradia para fora.
Há duas forças: a centrípeta e a centrífuga.
Nós devemos atuar com ambas.
Para
atuarmos com estas energias, devemos nos submeter às sábias lições que nos
transmitem os sábios na matéria.
Nós
sabemos que, ao inspirarmos, absorvemos múltiplas energias (qualidades) não só
pelas fossas nasais, mas também não devemos ignorar que recebemos vida por
todos os poros do corpo.
É por
isso que, ao praticar pranayamas, devemos imaginar que as energias penetram
pela cabeça, mãos, dedos, ou seja, por todo o nosso corpo.
Dessa
maneira, produz-se uma rega da semente de nosso ser, semeada no próprio
coração.
Ao mesmo tempo e ao compasso e ritmo da
respiração, pensamos que de dentro de nós brota a força que abrirá as
envolturas do ser, as portas da alma e despertará a Luz Divina.
Assim, o discípulo persistente se converterá
em um iniciado e portará a tocha da iluminação; abrirá a luz do fundo de seu
ser, irradiando o resplendor da glória, à medida que vai pronunciando os
mantras em respiração rítmica e feliz.
Isso constitui um esforço físico como é
respirar ar, oxigênio ou Prana.
Tudo
está composto por diferentes graus de matéria; a vida da semente é matéria ou
substância pura, sua casca também é matéria. Os elementos externos têm um poder
e um efeito interno que fazem com que a semente brote e germine.
É uma
energia que entra e sai.
É um
ir e vir de diversas correntes que atuam com a nossa respiração, e se ela vai
unida com o pensamento correto, sobrevém o despertar do espírito,
produzindo-se, então, a união do Espírito Universal com o Espírito individual.
E, como se alcança essa união?
Atinge-se trabalhando firmemente, com
constância, nos exercícios que vão melhorar a nossa saúde, ativando a memória,
a sabedoria e a glória.
Não
basta nos ocuparmos um momento da meditação, ou fazê-la um dia sim e outro não,
nem tampouco basta entoar um mantra ou uma oração, é necessário, como já disse
repetidas vezes, devido à grande importância que isso tem, atuarmos firmemente.
Sempre que recebemos poder, devemos nos
esforçar para atualizar a semente de nosso espírito, para que dê seus ótimos
frutos em benefício de todos os Seres.
Esforcemo-nos, com todos os nossos sentidos e
qualidades, para que o nosso Espírito não permaneça aprisionado até a morte
como uma semente seca por falta de sol e de água.
Nossas
meditações e nossos exercícios têm de ser feitos todos os dias, pois pouco a
pouco veremos brotar a semente interior do EU. A flor de lótus, ao brotar com
sua Divina Luz, nos infundirá a compreensão de que a árvore da alma deu seus
frutos de sabedoria eterna.
Com
a ajuda dos Hierarcas, poderemos, seguindo suas lições, com pureza e vontade
firme, alcançar o êxito em todas as nossas nobres aspirações, levando o selo do
poder e sabedoria radiante do Sol oculto na semente do Ser.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.