segunda-feira, 5 de novembro de 2012

D'EUS E A DOR

Nossos agradecimento pela tradução realizada pelo Dasa  Alfonso Prellwitz.


Obra de Sri Vájera Yogui Dasa

P: A pergunta que vou-lhe fazer é muito interessante. Tenho observado que algumas pessoas, de diferentes religiões , fazem sacrifícios por que creem que D'eus se regojiza com tais atos. Será verdade?
R: É generalizada a ideia de que ao D'eus pessoal, Diretor da evolução deste mundo terrestre, agradam-lhe os sacrifícios e por esta crença a quem se submeta a dolorosas provas ou a diversas renúncias.
Por exemplo:  Há pessoas que decidem não ir ao cinema. O senhor acredita que a D'eus lhe importa que alguém vá ao cinema ou não? Outros que mesmo servidos com uma deliciosa torta não a comem por amor a D'eus. Acredita o senhor que D'eus se compraz  com este desejo não satisfeito?
Há outros que se implantam pedras no corpo ou se martirizam de diversas formas, chegando até a produzir-se chagas, como àquelas pessoas que vão a uma igreja, ou a outro lugar venerado, caminhando sobre seus joelhos até que sangrem.
Tudo isso, e muito mais, o fazem imaginando que ao D'eus da Terra lhe agrada a dor.

P: Então é verdade que o Glorioso D'eus da Terra somente almeja que os seres não sofram?
R: É uma eresia pensar e crer que o Divino Ser goste da dor ou das angústias de seus próprios filhos. Nenhum pai normal, nem mãe sensata, deseja que seus filhos passem frio, fome, dores, etc. A nenhum ser realmente humano pode lhe agradar algum tipo de martírio do próximo. Tanto é assim que quando acontece uma catástrofe em algum país as nações se comovem e acodem para aliviar as desgraças. Por acaso os homens desta Terra são superiores, em sentimentos, a D'eus? Ele não pode ser inferior em sentimentos de bondade e de amor que qualquer ser humano, pois supera todas as boas qualidades dos homens e dos Anjos.

P:  Então D'eus não aceita o sacrifício da dor e sim o rejeita, como o tem ensinado os Grandes Avataras.
Eles tem predicado o serviço e o socorro que devemos brindar para aliviar todo o sofrimento, não é verdade?
R: Narayana e a Hierarquia estão sempre ocupados para nos fazer felizes, não somente na terra senão também nos planos espirituais onde chegaremos definitivamente ao final de nossa evolução terrestre.

P: Mas antes de chegarmos a esses graus Angélicos não estaremos sujeitos a uma Lei?
R: Sim, à Lei da evolução no conhecimento da vida e do brilhantismo ou purificação da alma. Nosso Espírito tem múltiplas facetas que devem ser polidas na faceta sentimental, na do poder e na da sabedoria.

P: Como se pode chegar a esse apreciado Instrutor?
R: Nosso espírito, querendo ou não, deve deixar de ser a pedra bruta impulsionado por uma força emanadora para ir se transformando em diamante  polido, puro e perfeito. A Lei da Justiça que está gravitando sobre nós não atua para castigar-nos e condenar-nos inutilmente, senão para conduzir-nos ao progresso, fazendo-nos mais dignos e melhores. Devido a nossa ignorância muitas vezes cometemos faltas graves à diversas Leis materiais e espirituais, mas saibamos ou não, a Lei Divina nos corrige para nos ensinar e elevar-nos à perfeição. Se alguém, que ignora a lei da gravidade, se jogar de uma torre e quebrar os braços e as pernas é por que a lei da gravidade está atuando sempre, automaticamente, mesmo quando a lei não é conhecida. Assim as leis espirituais estão e continuarão atuando, a favor ou contra nós, de acordo com os atos executados. O mundo está regido por leis de automática justiça absoluta, aqui na terra e no além. Essa lei é conhecida como a lei do Karma, que não é fatalismo, pois é modificável por novos atos efetuados consecutivamente em cada momento da vida.

P: Então quando nos queixamos de nossa má sorte é por que desconhecemos os atos que realizamos em outras existencias?
R: Dependendo da alavanca que movamos na viagen da vida terrena poremos em marcha diversos mecanismos espirituais que nos farão colher o fruto de nossos atos. Fazemos bem em disfrutar os bens que a vida justamente nos dá por que são o resultado de nossas boas e inteligentes ações, talvez executadas em vidas anteriores, mas quando o luxo e a riqueza são alcançados em troca do engano e da dor alheia, então são sementes de desgraças nesta vida ou nas reencarnações futuras.

P: Tudo o que nos traz prazer por meio da dor alheia, da astúcia ou do engano é castigado?
R: Se temos muitos bens e sabemos administrá-los em benefício do próximo, seremos abençoados pelos Seres Divinos, mas se nos separamos da vida espiritual, os mesmos bens nos arrastarão à vida mundana, prejudicial, ociosa e inútil e todas as coisas que amamos agora acarretarão inquietudes, dores e, por último, nos serão tiradas pelos Seres que dirigem o Karma desde o oculto da vida. Quando recebemos um bem ganha-se muito se o repartirmos com critério entre aqueles que o necessitam, seja a mãe, o pai, o irmão, o amigo. É uma Lei da Hierarquia Divina, administrar os bens que D'eus nos tem dado, em benefício de todos os seres. Por um motivo justo devemos sacrificar-nos, mesmo quando aparentemente nos prejudiquemos na vida presente. Por uma causa superior temos de estar dispostos  a dar o máximo. Um sacrifício é útil quando produz bens para si mesmo, para outra pessoa ou para a coletividade. De nada serve sacrificar-se a si mesmo senão se beneficia a outros e somente se vive com intenções individualistas, desejando honras mundanas e divinas ou bens terrenos exclusivamente para o nosso próprio e egoísta prazer.


Nota: 
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre  mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.