quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Avataras: Almas Divinas


Por Margareth Gonçalves (Ma Devi Dasika)



Segundo a Suddha Dharma Mandalam, os avataras, tão falados e comentados ao longo dos tempos, descem ao nosso plano para nos ajudar em nosso caminho em direção a um plano superior de consciência.








“Avatara” significa ‘descenso’, ‘descida’.

 Os grandes seres, em seu estado natural, permanecem invisíveis e imortais. 

Podem assumir qualquer forma visível e fazer tudo o que seja necessário para cumprirem sua missão entre nós: auxiliar o processo de conscientização e espiritualização da humanidade.

Os avataras seguem leis tão especiais quanto eles. 

Assim, toda precaução para com o tema é necessária, pois são muitos os que se dizem avataras, entorpecendo a visão e o conhecimento correto.

O progresso dos seres no mundo ocorre através de incontáveis milhões de anos.

 Surgem e submergem continentes, onde nascem e morrem gerações de evolucionantes existências, as quais, devido ao incipiente estado de suas consciências, amiúde quebram ou tentam mudar as Leis da ordem material e espiritual.

Quando a evolução dos seres nos mundos está incipiente, e o estado de suas consciências também, Bhagavan Narayana, (o Deus Planetário, o Logos ou Ordenador do Céu e da Terra) chama à sua excelsa presença aqueles arcanjos que queiram se sacrificar descendo do luminoso plano de glória onde estão até o denso plano inferior, para comunicar aos humanos a sabedoria das leis eternas, a fim de que eles possam continuar sua ascensão pelos cinco planos sutis que formam a vida universal.

Esses seres são siddhas, mais conhecidos como “senhores da compaixão” ou “arcanjos” no Ocidente.

 O ato de renúncia aos estados gloriosos que ocupam promove a Eles maior glória, inteligência e poder, após haverem cumprido sua missão. 

É assim que todo sacrifício, material ou espiritual, executado com maestria, impulsiona o ser a uma superior categoria hierárquica condizente com seus próprios méritos. 

De outra maneira – sem méritos – ser anjo, avatara ou um narayana não teria valor.

Toda a doutrina do avatara, na Suddha Dharma Mandalam, é baseada no Srimad Bhagavad Gita, mais especificamente em seu capitulo III – “Avatara Dharma Gita”. 

O próprio Senhor revela o motivo de suas manifestações periódicas como avatara: “Sempre que, ó Bháratha, decai o Sanathana Dharma e sobrevém uma preponderância do Adharma (‘antilei’), manifesto-me como um Siddha para ensinar o verdadeiro conhecimento do Sanáthana Dharma [III-13]. Para proteção dos justos, para transmutação do Adharma em Dharma (‘Lei’) e para o estabelecimento do Sanáthana Dharma, manifesto-me em formosas e benéficas encarnações, para ajustar o Dharma às necessidades dos tempos [III-14]. Porém, se eu não estivesse continuamente empenhado na atividade de manifestação para conservar o Dharma, todos os homens, ó Pharta, deixariam igualmente de se esforçar para conservá-lo [III-16]”.

O Que Desce
Aceito por Bhagavan Narayana, o siddha que vai descer ao mundo denso, a divina hierarquia concorre para preparar as condições sutis e densas que servirão para o maior êxito da missão que vai cumprir o enviado angélico, ao qual, na Índia, se dá o título de avatara, ou seja, “o que desce”.

 Dentre as ajudas proporcionadas por Narayana aos avataras, menciona-se que o mesmo senhor Narayana conecta uma parte de seu ser com a alma do Escolhido, e, segundo sejam a proporção e forma da união acidental, o avatara toma diferentes denominações.

 Avatara é uma manifestação do aspecto stiti ou conservação do Bhagavad Dharma; por isso, tradicionalmente, os avataras são considerados manifestações de Maha-Vishnu (um dos aspectos da trimúrti indiana superior). 

Em virtude da consciência divina que está além da forma, a transcendência inata do avatara não é afetada, conservando sua identidade com o Ishwara (Narayana, Paramatma ou consciência superior). 

Por isso Jesus podia dizer: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”; e Sri Krishna: “Eu existo transcendentalmente em todas as minhas manifestações, nenhuma das quais prefiro ou rechaço”.

Essas encarnações avatáricas são as mais grandiosas e transcendentes, ocupando o quarto grau das encarnações do nosso planeta.

 Existem ainda as encarnações avatáricas menores, que são aquelas em que, de acordo com a vontade divina, alguns seres tomam corpos humanos já encarnados e cujas iniciações já estão impressas em seus respectivos egos, já possuindo conhecimento apropriado e vontade em trazer a bem-aventurança para a humanidade.

 Eis alguns mártires que atuaram neste planeta, recebendo inúmeras iniciações em uma ou em várias vidas anteriores em preparação de sua missão: Joana D’Arc, Helena Blavatsky, Annie Besant, mahatma Gandhi e inúmeros outros.

Dom da Visão
A prova máxima que distingue os avataras e pela qual Eles se revelam é a capacidade de outorgarem e assegurarem aos devotos seguidores do Dharma o dom da divina visão.

 O verdadeiro avatara nos concede o poder de enxergar com o “terceiro olho” tudo o que está mais além, de forma verdadeira e pura. 

“Como tu não és capaz de contemplar-me com teus próprios olhos, eu lhe outorgo a visão divina, com a qual contemplarás meu Supremo Yoga”.

 É sabido que Jesus, por exemplo, transfigurou-se para alguns de seus discípulos, no monte das Oliveiras.

Um dos aspectos fundamentais da doutrina do avatara, segundo a Suddha Dharma Mandalam, é de que todos Eles são manifestações de Bhagavan Narayana em diversas formas, como veremos a seguir. Isso significa que Rama, Krishna, Buda, Jesus, Mitra Deva e outros se originam do mesmo Governante Supremo da Evolução da Terra, e manifestam-se de diferentes formas, de acordo com as necessidades de tempo, lugar, circunstância e missão.

 Esse conceito unifica, de maneira extraordinária, as diversas religiões originadas a partir dos seguidores desses avataras, porque se compreende que todas elas têm uma mesma origem e objetivam restaurar o Dharma (Lei) no mundo.




Em suma, o avatara é um ser angélico muito especial que, por livre e espontânea vontade, se predispõe a descer a um plano mais denso, para trazer à humanidade a recordação da fé, da esperança, do amor, da justiça, da união, do respeito através da lei maior do universo, expressada através do Bhávana (unicidade cósmica).

 São seres de constituição física divinal; ou seja, não são iguais a nós, pressupondo dentre várias qualidades o não-sofrimento, pois não estão influenciados pela lei da dualidade. Seus pais também são avataras; e depende exclusivamente deles a execução e a manutenção de energia desses seres aqui na Terra para a execução plena de suas missões.

 É por isso que, quem venere a qualquer d’Eles, honra por conseqüência a Sri Bhagavan Narayana.

Grupos de Avataras
Como vimos, os avataras divinos, ou siddhas-salvadores, são seres divinos que, com imensa compaixão, se entregam ao sacrifício de descer dos planos de glória para ajudar a evolução dos seres, sob a inspiração de Bhagavan Narayana, que os ajuda com parte de seu poder.

O Supremo Deus (Parabrahmam) é o onipotente e onisciente poder infinito. Sri Bhagavan Narayana, arcanjo da Grande Fraternidade Branca Universal, é o nome de uma semente contida no Parabrahmam, a qual evoluiu através do ilimitado tempo passado até chegar a ser, presentemente, o supremo chefe da evolução de todos os seres em um planeta habitado. 

A hierarquia angélica (siddhas) é composta pelas inumeráveis consciências que evoluíram em outros planetas ou neste, através de inumeráveis eternidades. São todos os mestres da GFBU.

Os avataras podem ser classificados em cinco grupos, conforme a maneira e a intensidade da manifestação de Narayana:

1 – Avesha avatara: quando o mestre da hierarquia, para isto designado, nasce neste mundo e, em determinado momento, o poder de Narayana manifesta-se através dele por um determinado tempo.

2 – Anupravesha avatara: ocorre tal como o Avesha, porém a manifestação de Narayana através do mestre se faz de um determinado momento até a morte física deste grande ser.
 Um exemplo é o de Jesus, cuja manifestação do Senhor Narayana iniciou-se mediante o batismo de São João Batista e terminou quando Jesus, crucificado, disse: “Senhor, por que me abandonaste?”.
 Depois daquela divina união com a luz crística do santo espírito de Narayana, efetuado no rio Jordão pelo seu mestre iniciático de nome João Batista, o nazareno leva o nome de Jesus Cristo, que quer dizer ‘o salvador iluminado’.
 Essa união “retira-se” de Jesus antes de sua morte física, e essa é a razão de suas palavras supracitadas. Temos de elucidar que o Supremo Deus jamais, por motivo algum, pode abandonar qualquer ser, posto que Ele mesmo é a Vida de sua Vida; o que “retira-se” é a porção de seu Espírito Santo que havia se unido ao ser divino de Jesus no ato batismal.

3 – Amsa avatara: é quando 7% do poder do senhor Narayana revestem-se de matéria e encarna neste mundo.
 Essas proporções variam segundo o trabalho que tem de cumprir o enviado, como também conforme a menor ou maior pureza do veículo físico no qual se manifesta.
Sri Bhagavan Mitra Deva, nascido em nossa época, como um amigo divino, está inspirando em muitos homens e mulheres a ciência da Suddha Raja Yoga, a fim de que, mediante essa sabedoria divina, os homens perversos convertam-se em abnegados seres humanos, os humanos em santos e os santos em divinos.

4 – Kandha avatara: é quando ¼ do poder do senhor Narayana manifesta-se por meio de uma encarnação.

5 – Maha avatara: quando metade do poder de Narayana manifesta-se. Essas encarnações divinas acontecem em grandes transições de eras. 
Nos livros sagrados se diz que a alma de Sri Krishna e Sri Rama foi unida antes de nascer com a metade do poder de Narayana; essa união é indestrutível enquanto viva o avatara sobre a terra. 
Um avatara desta classe não pode morrer destruído por velhice, enfermidade, fogo, etc – sequer por uma explosão atômica.
 Como Narayana venceu a morte em virtude do poder adquirido em sua peregrinação evolutiva através de inumeráveis encarnações em diferentes mundos, não deve jamais experimentar a agonia da morte.
Existem também os avataras femininos, dependentes da Mãe Cósmica Sri Yoga Devi (Senhora de união de todos os anjos).

Glória ao Senhor do Mundo
Om Namo Narayanaya