Sri Vájera Yogui Dasa - Benjamin G. Valenzuela – Instrutor espiritual
Meditar não é pensar, não é articular o
pensamento levando a imaginação de um um lado para outro.
Meditar
espiritualmente é aquietar a mente, descançando-a, fazendo com que ela repouse
em um objeto formoso e agradável.
Um sugestionador ou hipnotizador que quer
criar um poder mental, se exercita em
fixar firmemente o olhar em um ponto.
Para isso, geralmente é desenhado um grande círculo negro com um
pequeno ponto branco no centro, em um papel.
O discípulo não deve fazer nada
mais que olhar atentamente, sem piscar, sem mover os olhos, nem a mente, este
ponto branco, para com isso desenvolver as forças mentais necessárias para
hipnotizar.
Isto só constitui um sistema psíquico que gera “Siddhis”, poderes
inferiores.
Este exercício produz mais malefícios que benefícios, pois
pode afetar os nervos ópticos, levando à
cegueira física ou prejudicando o cérebro do incauto praticante.
No Caminho
Espiritual procede-se de maneira similar para obter o controle mental, porém em
forma superior.
Não se deve imobilizar os olhos físicos, nem cansar a mente.
O
primeiro que se deve fazer é fechar os olhos. Para que a vista descanse, não
devemos imobilizá-la, fixando em um ponto ou branco ou negro, mas sim fixar o
pensamento em algo agradável; por exemplo, em Grande Ser Divino, ou no Anjo
Protetor, ou em qualquer outro Ser Espiritual, pensando que Ele está defronte
de nós mesmos.
Devemos
IMAGINÁ-LO, prestem a atenção na palavra IMAGINAR, não vizualizar tratando de
vê-lo, porque não podemos ver uma coisa sem ter olhos apropriados para isto.
Se
nos esforçamos em divisar o Mestre sem haver despertado a faculdade da visão
espiritual, nos cansamos e, ao invés de acrescentar o poder mental, o
debilitaremos.
Não devemos esquecer que somos cegos na alma.
Assim como um cego
pressente que existe alguma pessoa diante dele, nós também devemos fazer o
“pressentimento” ou ideação de um Ser, sem tratar de vê-lo, já que, como
dissemos anteriormente, não se nos abriram os olhos para ver nos planos sutis.
O discípulo, sendo um cego espiritual,
somente deve pensar que está ante a presença de um Grande Ser, radiante de
glória.
Por
exemplo: Diante dele, presente o fulgor de Sri Bahagavan Mitra Deva bendizendo-o
e permanece abrindo o coração e a alma com amor e alegria, recebendo a
transfusão de sua Luz plena de bênçãos de Poder e Glória.
Que
coisa mais fácil!
Que coisa mais bela!
Não temos que fazer mais nada do que descansar, fechar os olhos, abrir a alma e
o coração, respirando suavemente, com alegria e amor, para receber a LUZ DO
MESTRE que invocamos.
Se movemos o pensamento, pensando na vida de um Grande
Ser, recordando onde nasceu, que fez, ou como morreu, isto é PENSAR. Na Ciência
da Contemplação Espiritual, não se deve pensar mudando a imaginação, formando
novas cenas, mas sim, deixar o pensamento QUIETO, IMÓVEL, mantendo a consciência do que estamos
recebendo, com ALEGRIA e AMOR, a divina Luz da Glória do Ser Adorado.
Esta é a
meditação da quietude ou CONTEMPLAÇÃO
externa, para tranqüilizar a mente e receber as Bençãos do Ser Venerado.
Darei
um exemplo: se um cego se coloca diante de uma flor, logicamente não a vê,
porém, ele sabe que está dando seu perfume e o respira suavemente, enchendo-se
com seu aroma e doçura.
Para fazer o exercício da Contemplação Espiritual,
podemos imaginar que estamos diante de um Ser de Luz divina e nós abrimos com amor,
as portas e janelas de nosso aposento íntimo, para que penetrem seus raios em
todo o nosso organismo físico, iluminando nossa mente e nossa alma, com poder e
glória.
Sabemos
que quando estamos fazendo este exercício, principalmente os que são principiantes,
o pensamento muda, fixando-se em outros motivos, esquecendo o Divino Ser
Eleito.
Descuidamos rapidamente do tema idealizado, pensando em coisas variadas
e novos pensamentos surgem na mente, esquecendo a ideação mental. Entõa, que
devemos fazer?
Não
se deve lutar para afastar os intrusos
pensamentos;deve-se esquecer e volver de novo a pensar que se está ante a
presença do Sublime Ser, respirando suavemente, com Amor e com Glória, deixando
que penetre o Divino Poder em nós.
Em poucos instantes, novamente, o pensamento
tão formoso e belo que havíamos imaginado, é arrastado por outras ideações
alheias e nosso propósito.
Deixem que os intrusos pensamentos se vaiam, não
lutem contra eles.
Não devemos lutar.
Se queremos espulsar um malvado e o
tomamos para empurrá-lo para fora, estaremos mais próximos a ele, ao contrário,
se não o atendemos, ele se vai só.Basta que não lhe façamos caso.
Os maus
pensamentos e as más idéias não devem ser combatidos lutando contra elas,
devemos esquecê-los, afastando de nossa recordação e voltando a apoiar-nos
sobre o pensamento que tínhamos anteriormente. Não se deve desanimar nesta
guerra. Somente persistir.
Se mil vezes o pensamento se distrai, mil vezes
voltamos a repousar a imaginação na gloriosa figura idealizada.
Esta é a forma
que, pouco a pouco, dia após dia, a meditação aquieta o pensamento e se vai
assimilando, cada vez mais, a glória do Mestre Amado.
Ao princípio, as pessoas
crêem que não avançam, que não
progridem, que não têm nenhum proveito, tal como uma criança que pensa que não
cresce, porque não se sente crescer.
Uma planta parece aos nossos olhos que não
crescem, porque não a vemos aumentando de tamanho, porém, sabemos que está
crescendo.
A força interior aumenta com a meditação, ainda quando não a
percebamos, nem sintamos nenhuma demonstração exterior.
Muitos devem haver comprovado o poder acumulado quando
passam por situações difíceis. Enquanto outros, em situações conflitantes,
gritam, insultam ou se assustam, o que medita, com o poder interior assimilado,
permanece firme, em quietude e paz, condições que não possuem pessoas carentes
de controle interior.
Então se percebe que nosso espírito, pela graça da
meditação, está entrando na Divina Paz, que nada o comove, fazendo-o perder a
razão.
Este é um dos benefícios que
se alcança mediante a Yoga.
As pessoas que seguem este Caminho, cada dia
aumentam em suas almas as forças espirituais, vibrantes de felicidade.
O
verdadeiro devoto da Ciência Divina ou
Suddha Dharma, que segue com amor e felicidade o Caminho que conduz à
Perfeição, esteja onde estiver, o Mestre Espiritual o ajuda, outorgando-lhe
bênçãos, para que continue, sem interrupção, o avanço de sua consciência, até
chegar à glória da Liberação terrena ou Prapty.
Cada discípulo pode meditar em
uma forma de Dhyana após a outra, dando mais tempo a aquela que seja de seu maior agrado.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.