segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A SANTÍSSIMA TRINDADE: PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO

O grande e humilde mestre Sri Vájera Yogui Dasa (Don Benjamin Gusman Valenzuela), que tanto trabalhou e serviu à Grande Hierarquia (Fraternidade Branca), resolveu desenvolver esta idéia da Santíssima Trindade após uma conferência ministrada pelo filósofo Ling Yutang na Universidade do Chile.


Transliterado por Margareth Gonçalves(Devi Dásika), Ashramacharya do Ashram "Sarva Mangalam e Gnana Dhatha do Suddha Dharma Mandalam.


   É um tema difícil e árduo para a inteligência humana, e há quem diga que é impossível destrinchar tamanho mistério.

 Mas como o homem tem a faculdade infinita de investigar, agora iremos analisar esta matéria tal como temos feito com outros estudos: saciando-nos com o ofício de intelectual felicidade porque, se nós chegássemos a um ponto em que ficássemos detidos na sabedoria ou no conhecimento, iríamos nos sentir extremamente pesados com nós  mesmos, devido à paralisia do nosso progresso.

Existem pessoas que costumam dizer que não devemos estudar nem investigar os mistérios, mas é justamente isso que devemos fazer.

 A mim mesmo chegaram a dizer que Deus castiga tamanho atrevimento.

 Sem demora, o próprio Cristo disse: “Observem as escrituras”, ou seja, devemos estudá-las profundamente.


Deus não nos castigaria porque tratamos de conhecer as leis da matéria e do espírito.

 Diz-se que a trindade é um mistério tão grande que não podemos sequer pensar nele, por ser um grave pecado examinar tal matéria.

 Eu não sei o porquê; somente pelo fato de termos o desejo de conhecer mais sobre Deus? Sri Rama Krishna dizia sempre aos seus discípulos: “Sou escravo do desejo da investigação.”

O conceito da trindade não é somente católico, como algumas pessoas acreditam.

 A idéia da existência da trindade é muito mais antiga que o cristianismo.

 Os egípcios adoravam a trindade em Hórus, Ísis e Osíris; o bramanismo tem, desde tempos remotos, a noção da trindade com Brahma, Shiva e Vishnu (a Trimurti).

 O judaísmo tem como referente Kether, Chokmah e Binah.

 Os ciganos: Rei, Rainha e Valete.

 Já os católicos se referem a tal mistério ao falar do Pai, Filho e Espírito Santo.

 O curioso é que todos eles coincidem em que são três coisas distintas, mas que formam uma só entidade; quer dizer, que são três pessoas distintas e um só Deus.

O que há de mais importante no Universo está constituído em três bases distintas, que formam uma só coisa.

A vida, por exemplo, se desenvolve com três pessoas distintas.

 Nenhuma delas pode ser suprimida, porque cessaria a vida.

 Essas três bases são: o pai, a mãe e o filho.

Se nós tirarmos o filho, destruiríamos a continuidade da existência; se suprimirmos a mãe, a vida também ficaria vazia; e se tirarmos o pai, destruiríamos a base essencial da semente da vida organizada do gênero humano.

 Esses três pontos – Pai, Mãe e Filho – formam uma só entidade: a família e a vida.

A Roda do Tempo
Outros três pontos referentes à nossa existência se encontram na própria natureza do tempo.

O que é o tempo? Ele está composto de períodos diferentes: passado, presente e futuro, estando os três perfeitamente unidos, formando assim um único e contínuo fluxo.

 A cada momento, a cada instante, o presente se transforma em passado, e seguimos do presente para o futuro, e os três diferentes períodos formam uma coisa única, que é o tempo.

Ele também se produz pelo movimento das formas.

O que é um dia? É o movimento dos astros no céu.

O sol, ao se elevar nas montanhas e percorrer o céu, nos dá sua luz e, ao esconder-se, submerge-nos nos obscuros minutos da noite.

 Os dias, anos e séculos não são mais do que os aspectos que mudam através do tempo, na perpétua transformação do presente, passado e futuro.

Em contínuo movimento, as coisas se transformam no espaço e no tempo.

 Se não existisse o movimento, tudo ficaria estático, a vida terminaria.

Pensem em como seria o Universo sem nada: absolutamente nada se moveria.

Pensem como seria se, em nosso corpo, não se agitasse o coração, se nossos pensamentos não atuassem, se nossas sensações fossem anestesiadas; que, se o infinito todo fosse uma eterna quietude, então, não haveria vida.

Dentro desse movimento das coisas, temos formas, e as formas estão constituídas em três pontos: alto, raso e profundo.

Essas três medidas nos dão o volume de uma determinada coisa, ou seja: a forma.

Estudando muitos outros aspectos dos três princípios básicos nos quais está constituída a vida em nosso mundo físico, e tomando-os como base, podemos elevar-nos à vida infinita e suprema de Deus.

Na infinita alma do Universo, encontramos energias criadoras, conservadoras e transformadoras.

 Há uma força que cria as coisas, que as forma, e outra que as conserva.

Todas as formas foram criadas pela força do Universo, mas ao mesmo tempo em que são criadas e conservadas, há um terceiro poder ou manifestação, que é a transformação.

A partir do momento em que tivermos alcançado a vida, no nascimento, atua o poder conservador, mantendo-nos como indivíduos, ou seja, pessoas.

 Mas o poder transformador do tempo, com seus minutos, horas e anos, trabalha para nossa transformação e morte.

 Assim são todas as coisas da vida: nascem, se conservam e morrem.

 Tudo gira nessa eterna roda.

Trindade
O poder criador é que forma parte desse Universo, com suas vias lácteas, planetas e astros.

Ele é o Pai, a potência criadora.

 O Filho, ou seja, a criação do Universo, é o resultado de uma força ativa.

O poder que flui entre o Criador e o criado, quer dizer, entre o Pai e o Filho, é o Espírito Santo.

 Repetindo, direi que o Pai é a energia criadora; o Filho, o criado; e o Espírito Santo é a vida, ou a semente divina.

 Essas três subdivisões de energia são: a força criadora, a conservadora e a transformadora.

A força criadora, o criado e a vida no criado constituem o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

 Cada um desses poderes atua de maneira inteligentíssima.

Em todos esses ensinamentos que as religiões nos revelam há uma base científica e real que, desgraçadamente, as religiões não explicam, e pretendem que as pessoas que as seguem não a questionem e nem busquem a mais alta sabedoria.

 Deus representa a força positiva, negativa e neutra, difundida por todo o Universo, e mais a consciência centralizada em tudo.

“Em Deus não existe tempo: não há passado, presente ou futuro”.

 E não há tempo no espírito de Deus porque Ele não se move, é imóvel; e é imóvel porque ocupa todo o infinito.

 Deus não pode cair nem para a direita nem para a esquerda, porque está em todas as partes.

Se nós estivéssemos envolvidos por um caixão que tivesse sido feito perfeitamente ajustado, e todo o corpo estivesse dentro sem sobrar um milímetro, não poderíamos nos mover devido à ocupação de todo o espaço.

Assim, Deus está ocupando todo o infinito.

 Está em todas as partes, no céu, na terra e em todo o lugar.

 Deus está no homem mau, no pecador; e igualmente no bom; está no feio e no bonito, no sujo e no limpo.

 Está envolvido no todo.

É a vida dos anjos, é o espírito interno do demônio.

Permanece sempre puro e não se contamina; é como os raios que transpassam a podridão de um cadáver e não se contaminam.

Assim é a força cósmica inteligente do Universo, conservadora e transformadora, a trindade em todos os seus aspectos, que está em todas as coisas.


Nota: 
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre  mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da usual.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.