Sri Vájera Yogui Dasa
R: Na senda mística pode-se
continuamente aos discípulos dois principais silencios.
O primeiro é o de não
revelar o grau das práticas sagradas nem àquelas que desenvolvem as energias
latentes nos seres humanos, pois se as pessoas não são suficientemente puras e
inteligentes provocarão muitos males abusando de seus poderes.
Para revelar aos
discípulos as práticas que energizam os poderes latentes, os instrutores da
sabedoria provam e examinam continuamente a seus amados educandos e a medida
que seus corações vão se purificando e crescem em consciência, saber e controle
de si mesmo, lhes comunicam uma trás outra as práticas superiores de Yoga.
Os
seguidores de Platão, em seus escritos, falam dos Mistérios dentro da mística
experimental.
Todos os Grandes Iniciados que existiram falam dos segredos que
devem guardar os que seguem o caminho de Perfeição, o Yoga. Jesus Cristo
revelou em segredo os grandes ensinamentos.
Ele jamais as propalou ao povo.
Vou recordar
que no Evangelho de São Marcos, no capítulo 7, versículo 6, está: “Não deis o
santo aos cães, nem jogue vossas pérolas diante dos porcos, pode ser as
pisoteiem e, voltando-se contra vós, os despedacem”. O capítulo 13, versículo
10, diz: “ Por que lhes falas por parábolas?” e Ele respondeu: “ Por que a vós
lhes é dado saber os Mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é dado”.
Recordarei que no versículo 13, São Marcos adenda: “ Por isso lhes falou por
parábolas, por que vendo que nem veem, nem ouvem, nem entendem, mas bem
aventurados vossos olhos, por que veem e vossos ouvidos, por que ouvem”. E mais
adiante, no versículo 34, diz: “ Todas essas coisas disse Jesus ao povo por
parábolas e não se lhes falava sem parábolas”.
Os segredos ou
mistérios dividiam-se no Cristianismo primitivo em duas partes: os Mistérios
Menores e os Mistérios Maiores.
P: Quais eram os Mistérios Menores e
quais eram os Maiores?
R: Os Mistérios Menores eram alguns
ensinamentos teóricos e algumas práticas simples e fáceis de executar para
levar o candidato aos primeiros graus da visão espiritual. Esses exercícios
constituiam uma disciplina de purificação do corpo físico, dos pensamentos e
dos sentimentos.
Com esse objetivo foram fundados os conventos contemplativos
ou meditativos, observando e executando ritos sagrados e meditações
prolongadas, com comidas vegetarianas, livres de toxinas.
O cuidar do
corpo físico é absolutamente necessário no desenvolvimento dos sentidos da
alma.
As glândulas
externas e internas devem ser zelosamente cuidadas por todo ocultista.
Nomearei
uma delas: a pineal.
Essa glândula, pequenininha, que está no centro do
cérebro, é muito fácil de ser desastradamente afetada pelo álcool.
Por menor
que seja a quantidade que uma pessoa beba, prejudica ao ocultista, ou místico,
que deseja adquirir a vidência dos mundos supra-físicos.
Os bebedores excitam
essa glândula por intermédio do álcool e provocam transtornos e tremendas
visões até chegar ao delirium tremens.
O álcool baixa as vibrações desse centro
pineal e o leva à loucura das visões
inferiores.
Isso é contrário ao que se deseja por meio da purificação do corpo
e da alma.
Essas purificações tendem a subir os graus de percepção da glândula
pineal, para obter o conhecimento direto dos mistérios da vida.
Um Mestre de
Sabedoria disse que a visão espiritual se forma em um Chakram, roda ou flor que
floresce n’alma, entre as sobrancelhas, onde os Hindús pintam o “tilak” ou onde
colocam o olho da sabedoria em Buddha.
Este Chakram, ou centro da vista da
alma, é capaz de captar as ondas de um
mundo mil vezes mais sutíl que o do físico vulgarmente conhecido.
Devido à
importância que tem o cuidado do corpo físico, repito, essa flor da alma
atualizada é extremamente sensível ao álcool e aos narcóticos e está
fisicamente conectada com o corpo físico por meio da glândula pineal que citei
antes.
Seu nome técnico na Ìndia é Mandara ou Ajna Chakram.
Direi mais: uma
colherzinha de álcool ou outro tóxico basta para nebular a vista da alma. O
álcool queima essa sensitiva flor assim como a água fervente destrói as pétalas
de uma rosa.
Portanto é
absolutamente necessário que quem deseja ativar sua alma e ter a visão
espiritual deixe totalmente toda bebida alcóolica.
O corpo, a alma e o espírito
estão intimamente unidos. Além do álcool, um discípulo deve abster-se do tabaco
e de outras drogas intoxicantes que não há por que nomeá-las aqui.
Mas não posso
esquecer-me de expressar que a alma também se prejudica pelos pensamentos e
sentimentos, os quais repercutem nela.
Por isso é que os místicos de todas as
religiões batalham para conseguir a absoluta serenidade.
Um ser passional, um
ser que se emociona perante qualquer oscilação mundana, não conseguirá jamais a
visão espiritual.
Portanto todos os místicos e ocultistas lutam pela
purificação física, mental e emocional.
Cada pensamento ou a mais leve emoção
rajásika produz uma oscilação no corpo físico, naquela parte que chamam aura,
isto é, nessa radiância que vemos nos quadros que representam os grandes santos.
Essa aura geralmente está pintada fazendo círculos de ouro na cabeça e formando
um arco-íris ao redor de todo o corpo, com um sol luminoso no centro do
coração, indicando que aí onde se encontra a Raíz da Vida individual.
O
Instrutor Sri Vivekananda, discípulo do Santo Ramakrishna, em sua filosofia
Yóguica estabelece que: a aura do discípulo deve ser como um lago sem ondas, já
que sómente assim pode ser refletido o
céu e a profundeza vista.
Sri Krishna diz que o verdadeiro discípulo deve ser
como a pedra no mar que, mesmo quando o vendaval e a tormenta com as grandes
ondas a golpeiam, permanece firme em seu pétrico pedestal. As religiões, com o
objetivo de levar seus fiéis ao despertar da visão espiritual interna,
recomendam orações vocais e mentais, passando depois aos exercícios de
contemplação por intermédio do pensamento puro. Estes exercícios feitos de
diferentes formas provocam uma afluência de energia que revigora a glândula
Pineal sútilmente conectada com a vista espiritual.
Purificando o
corpo por meio de uma dieta pura e sã, composta de frutas, cereais, verduras,
sementes, leite, mel de abelhas e outros elementos puros, mas se dará a
purificação de nossas emoções sem que nada possa perturbar-nos e, mantendo-nos
em um estado de paz e alegria, podemos entrar ao templo místico onde se nos
ensinarão os Mistérios Maiores, que nos conduzirão à visão do Supremo Espírito
do Cosmos.
Posso indicar que há um livro muito interessante sobre essa matéria,
seu título é “ O Cristianismo Esotérico”, escrito pela Dra. Anne Besant.
Nos Mistérios
Menores trata-se de atualizar os três sentidos superiores, isto é, o Chakram do
coração, do glândula Pineal e do Coronário.
Os outros quatro correspondem aos
Mistérios Maiores, sobre os quais falarei em outro capítulo.
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.