Sri Vájera Yogui Dasa, Benjamin Guzmán Valenzuela
Instrutor da Suddha Dharma Mandalam
(Santiago do Chile)
a) Amor
animalb) Amor humano
c) Amor santo
d) Amor divino
Nas práticas de meditação yóguica, costuma-se afirmar aos discípulos: “concentremo-nos com Amor e felicidade” e na Dhyana (meditação) transcendental, afirma-se: “Com Amor divino e alegria”.
Um discípulo que pratica a yoga integral (Raja-Yoga), deve ter uma clara e perfeita idéia sobre o nível de sentimento a que se refere esta ciência quando diz: “Amor divino”. O amor, na realidade, possui quatro graus principais.
O primeiro é o amor animal, que se executa como uma necessidade fisiológica, a qual, para maior satisfação dos seres humanos, levados por sua imaginação, é acompanhado por uma série de agregados e estímulos, para dar ao ato sexual, mais emoção ou maior beleza.
Pode-se dizer que é semelhante à necessidade de se alimentar.
Para se apreciar os alimentos, é preciso que este receba condimentos ou outros ingredientes, para que possa agradar ao nosso paladar.
Os fabricantes de bebidas colocam os licores doces ou amargos, em formosas garrafas, para estimular o apetite e acalmar a sede, mas também para produzir maior prazer ao paladar.
O amor que podemos chamar de animal, não é verdadeiramente amor, é mais uma satisfação glandular que produz prazer ao homem, quando elas se desocupam da acumulação de suas secreções.
É parecido com a imperiosa necessidade que se sente ao urinar e defecar, cujo bom funcionamento também traz descanso e satisfação.
A imensa maioria dos homens e mulheres atuam da forma acima citada, sejam casados ou solteiros.
O ato sexual é, para eles, um instinto e um prazer, cujo abuso, causa desvitalização, decrepitude prematura, falta de resistência às enfermidades e, principalmente, a perda precoce da memória, qualidade importantíssima que acompanha a inteligência.
A segunda modalidade de Amor é o amor humano.
Este sentimento se manifesta na mãe e no pai em relação aos seus filhos; no esposo, pela mulher que escolheu com amor de um ser racional, e a esposa que o aceita com todo carinho e ternura de seu coração.
Este amor humano, geralmente nos casamentos, culmina com o ato sexual; todavia, mesmo quando se tenha efetuado um casamento legítimo, deve-se sempre possuir força de vontade e domínio, para não se abusar da facilidade que as leis sociais lhes outorgam, para efetuar uma união saudável e criadora.
O excesso de acoplamento traz como conseqüências os mesmos males mencionados do amor animal.
Para se evitar tais danos, tanto sociais como físicos, os Sábios da Vida aconselham, através de lições graduadas, o uso correto do instinto sexual e dessa maneira, desfrutar de uma longa felicidade para aquelas criaturas inteligentes, para que cumpram com a devida compreensão, as leis fisiológicas, sentimentais e sociais.
A terceira forma do Amor é o amor santo, e este é expressado quando é dirigido a um Grande Ser (Santo, Anjo ou algum Redentor da raça humana) e que possa despertar em nós, maior devoção. Este amor ao Santo, Anjo ou a Deus, quando bem vivenciado, transmuta os amores mundanos, por um fluir mais puro, não somente para onde foi encaminhado, mas que se estende a todos os seres humanos.
O amor ou devoção aos santos, forma um nexo com eles, podendo inspirar beneficamente aos seus amantes devotos, conferindo-lhes e outorgando-lhes milagrosamente, os bens que suplicam.
Alem de tudo, estes sentimentos superiores de Amor, propiciam aos devotos as iniciações espirituais, as quais facilitam o despertar dos sentidos da alma.
O quarto nível do Amor é o Amor divino.
Constitui o mais elevado ato que pode realizar o ser humano neste mundo terrestre.
Ele está dirigido à Divindade, isto é, ao Supremo Espírito Cósmico, que tudo envolve e compenetra, que está em todas as partes, no céu, na Terra e em todo lugar, por essência, presença e potência.
É a “ Verdade incorpórea”, no dizer de Santo Agostinho (Confissões, XII, XX).
A Verdade é Aquele Ilimitado, sem corpo, que não muda jamais, infinito e eterno.
O Amor divino é um fluir contínuo de alegria, beleza e paz encaminhado para Deus.
Durante a comunhão, nada se pede e somente devemos deixar a mente vazia de toda ideia ou preocupação mundana.
O aspirante deve se render ao Onipotente poder do Absoluto e deixar que a consciência tome um progressivo e feliz contato com Sua Sabedoria, Amor e Glória.
Executando diariamente estas duas últimas modalidades de amor – amor santo e divino - se realiza a maravilhosa transmutação dos amores pessoais e egoístas, capacitando o bom discípulo para receber as Iniciações espirituais que lhe outorgam os Grandes Seres da Luz Divina, as quais o transportarão para o arroubamento e êxtase, até aos níveis em que moram os Seres Angélicos.
(Extraído da obra “Yoga para a Saúde”, de Dom Benjamin Guzman Valenzuela (Sri Vayera Yogui Dasa)
Nota:
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.