terça-feira, 6 de novembro de 2012

Os quatro pontos principais de uma religião


Sri Vájera Yogui Dasa - Benjamin G.  Valenzuela

Casa de Sri Vájera 


Toda organização religiosa que pretende um verdadeiro conhecimento espiritual, deve constar de quatro pontos básicos; se faltar um deles, essa religião ou ordem mística, não tem qualquer valor. 

O primeiro ponto que necessariamente deve ter uma religião, se refere a uma clara teoria, compreensível e graduada, para que os diferentes simpatizantes a entendam, sejam eles muitos instruídos ou eruditos, como também os que não tenham maior educação.

 Uma verdadeira religião deve considerar a  todos os seres para levar-los para a luz e não olhar apenas para os sábios , mas também para o ignorante, os  de mentalidade escassa, quer se trate crianças ou anciãos. 

Uma religião deve expor sua teoria, de maneira que esteja ao  alcance de todas as graduações que oferece a mentalidade humana. 

A Suddha Dharma Mandalam é uma organização religiosa cuja teoria pode ser ensinada ao menino e ao adulto, porém, em uma escala de progresso, desde ensinamentos simples até os mais complexos . 

Um  ou outro, são ensinamentos fáceis para que todas entendam.

O segundo ponto consiste na prática.

 Se nós escutamos uma religião para entretenimento e não a praticamos, muito pouco vamos conseguir nesta vida.

 Podemos ler bibliotecas inteiras e embora as estudemos todas, nada poderemos realizar, pois se estes ensinamentos não nos levam às práticas religiosas, só as teorias resultam insuficientes. Devemos, pois, passar das teorias às práticas, seguindo os graus estabelecidos por ele.

 As práticas não são as mesmas estabelecidas para todos os discípulos, elas mudam de uma pessoa à outra, e o Mestre, à medida que o discípulo avança, lhe proporciona outras para levá-lo ao êxito, por meio das meditações e dos exercícios místicos. 

Portanto, não são iguais os ensinamentos e as práticas; sem dúvida, todos os exercícios vão tomando uma energia interior, que é de Luz e de Sabedoria.

 As práticas vão se tornando como as contas de um colar ou rosário, de harmonia perfeita. 

A primeira pérola é superior à última, nem a última é inferior à primeira. 

Todos os exercícios deste rosário espiritual têm o seu lugar e valor.
 Mas ainda, a última pérola não poderia servir sem a primeira, tampouco seria útil sem a primeira e da mesma forma, a última sem a primeira.

 Cada prática tem um  ritmo da mesma vida que conduz a Deus. 
Depois da teoria e da prática, uma verdadeira religião deve contar com as Iniciações. 
Eu me refiro às iniciações reais .
Se elas são simplesmente simbólicas ou iniciações de conhecimento puro, trazem um valor muito escasso.
 As iniciações reais consistem na transferência ou transfusão de forças espirituais, do Mestre ao discípulo.

 Estas iniciações de forças sutis são também graduadas e se dividem geralmente em maiores ou menores. Muitas são as menores, porém, as grandes Iniciações são sete, sendo a última        delas “a Iniciação de Yoga-Devi”, pois assume o nome do Hierarca que a confere, quero dizer, lhe outorga a própria Rainha da Hierarquia da Suddha Dharma Mandalam.

Cada Iniciação maior corresponde a um dos Chakras ou centros sutis da alma, e o Mestre tem que saber dar essas Iniciações a seus discípulos, pois Ele é, como um médico que, ao operar a um enfermo está alerta para que não lhe falta o sangue e que seu coração possa seguir em atividade cardíaca normalmente, sem que a vida se  interrompa.

 Em geral, o cirurgião é assistido por um corpo de ajudantes, que fazem a transfusão do sangue e outros energizantes da vida.
 De igual maneira o Mestre, às vezes sozinho  e acompanhado por diversas entidades espirituais, faz transferências de forças sutis sobre seus alunos. 

Esta transferência de poderes outorgado pelo Hierofante e seus ajudantes, é um dos grandes valores  que possui uma religião. 
Qualquer pessoa em sua casa pode estudar Teosofia, Suddha Dharma Mandalam, Maçonaria, Cristianismo, etc, e pode também praticar no silêncio de seu oratório, porém, não há dúvida  alguma que, não  lhe vai faltar a grande ajuda do poder  irradiante de um verdadeiro Mestre. 

A Igreja Católica conta dentro dos seus ritos, com Iniciações Menores conferidas por alguns sacerdotes, Bispos e Papas; às vezes também alguns grandes Santos obtém Iniciações Maiores, as quais são outorgadas por Arcanjos ou outras Entidades espirituais que se materializam  neste mundo com o objetivo de transferir aos verdadeiros puros e avançados devotos.

 Quantas pessoas dizem: “Não necessito de ir à Igreja, basta para mim uma biblioteca de autores de grande sabedoria, não necessito ir à Suddha Dharma Mandalam, pois o que diz o Instrutor – eu já sei!” Pode ser que assim seja, que saiba muito, que possua uma valiosa biblioteca, porém – e o Poder?  E o Poder  irradiante do Mestre ou do sacerdote para a coletividade – aonde está?

A resposta nós podemos encontrar na irradiação de paz e de glória que se produz ao executar as meditações nos Templos, aonde podemos escutar o Instrutor, pois quando ele fala, está irradiando a força espiritual.  Não importa a sabedoria daquele que dá o poder – quem era mais Sábio : Jesus ou João Batista?
O Mais Sábio era Jesus, no entanto, João Batista, apesar de ser um ermitão, possuía uma tremenda força espiritual capaz de doar ou transmitir as Iniciações. Batizar uma pessoa é dar-lhe algo sutil que transmite algo notável à pessoa.

 Usualmente o batismo  se executa acima da cabeça e se diz que uma chispa espiritual penetra no Brahmarandra ou coroa da cabeça até o coração, nutrindo a Divina Luz do Ego Individual.

 Não existe dúvida que o Resplendor dessa chispa Divina foi a que se viu descer desde do Céu até a cabeça de Jesus, e depois de penetrar n’Ele, despertou a Luz Crística, chegando assim ao Messias, para ser o Cristo ou o Iluminado.

 E quem lhe deu essa tremenda Iniciação? E quem lhe imprimiu essa transcendente força espiritual a Jesus? Foi um grande intelectual, um grande sábio? Não irmãos, foi um homem santo, humilde e puro que possuía poderes divinos. 

Os poderes  ativados que podem ter um Instrutor Espiritual, são de um valor imenso, pela vibração que lança aos que estão ao seu lado.

 Recordemos a Marta e Maria, duas mulheres que Jesus conhecia. Uma delas trabalhava sem descanso, a outra sentada aos pés de Jesus, escutava e aprendia seus ensinamentos.

 A trabalhadora e ativa, disse: “Jesus, Mestre, diga a esta mulher que me ajude , estou cansada, eu faço tudo e ela somente  repousa ao seu lado ouvindo-Te.”.

Jesus lhe respondeu: “Deixá-la, ele escolheu a melhor parte.” A vibração espiritual do Mestre, de um Cristo, tem uma força tremenda, com a qual nós podemos obter saúde  corporal,   claridade mental e pureza de sentimentos.

 Quando essa radiância divina se recebe com amor, os mais portentosos milagres se realizam. Confirmarei estas palavras recordando o seguinte episódio bíblico. 

Em certa ocasião Cristo caminhava por um caminho e, atrás Dele, muita gente O acompanhava, cantando: “Hossana Filho de Israel e, durante o trajeto se lhe acercou uma mulher enferma, e sem lhe falar, com profundo amor e respeito lhe tocou em sua túnica. 

Nesse instante Cristo se voltou para ela e sentiu por meio do tato espiritual, esse toque de amor e de esperança. 
Então, o Divino Senhor perguntou:”Quem me tocou?” A mulher, que permanecia de joelhos no solo, temerosa de haver ofendido o Mestre, com voz
trêmula e soluçante, impregnada de amor e respeito disse:”Eu Senhor, toquei teu manto porque  sei que Tu, irradiante Espírito, és capaz de curar-me”.”Mulher, disse Jesus,tua fé e amor são imensos, a partir deste momento está curada”.

O poder irradiante  do Espírito Divino e nos Grandes Iniciados operam milagres maravilhosos, porém, não devemos esquecer que, para receber tão grandes forças, é necessário uma confiança absoluta nos Mestres; as dúvidas fecham as portas da alma ou seja, os centros sutis ou chakrans. 

Por isso, Jesus falou da necessidade da fé.
 Ele disse que, se tivéssemos a fé comparável com um grão de mostarda, poderíamos mover as montanhas.

 Quão imensa fé necessitamos ter no Mestre ! Depois da Teoria, das Práticas e das Iniciações, temos que considerar as realizações; porém antes de falarmos delas, devemos dizer que, fora das sete grandes Iniciações, existe um número de Iniciações menores.Muitos discípulos não se dão conta que os dias da Lua-cheia, que são as mais propícias para recebê-las, se operam diversas diversas transfusões espirituais.

 Elas são correntes magnéticas que penetram no discípulo, atuando como purificador do corpo físico e de todos os koshas ou corpos sutis. 

As Iniciações Maiores e Menores podem ser executadas por um sacerdote devidamente autorizado para ele, como também podem ser outorgadas por meio de Anjos, Arcanjos ou Siddhas, habitantes todos eles dos mundos sutis.

Porém, em todo caso e qualquer Iniciação tem que ser sancionada pelo Deus da Terra, Sri Bhagava Narayana, dando-lhe este último requisito de força realizadora e de poder.

 Podemos ter em casa formosas bibliotecas, com livros de grande valor, cuja leitura podemos purificar nossa mente e sentimentos, conduzindo-nos a esses estados de altos contatos espirituais, porém, o caminho de perfeição se torna longo e difícil, quando se vai sozinho sem um Mestre Iniciador. 

Se alguém quiser ir de uma cidade para a outra, pode se mobilizar e ir a pé, porém, se nos ofereça um auto, seríamos um torpe se não aceitarmos, desgastando nossa energia e tempo.

 Nas Lojas constituídas com a supervisão dos Mestres, sob a amorosa atenção deles, é uma graça espiritual e as chaves aos discípulos para que realizem quanto antes, os puros desejos do coração. 

Este quarto ponto de uma verdadeira Religião, como já dissemos anteriormente, é a realização.
Se uma religião tem teoria, prática, iniciações e não realizações, é francamente nula. 

São Paulo dizia: “Não sejais somente ouvidores da palavra, sejam realizadores dela”. 

Com essa frase, queremos dizer que temos que realizar a vida espiritual e possuir conhecimento pessoal das almas dos mortos, das diversas categorias angélicas que habitam
até o sétimo céu e passando além dele, realizar a visão do Deus Universal.


Conventos contemplativos ou meditativos cada dia se tornam mais escassos e dentro deles, grande parte da chave  para se alcançar o progresso espiritual está se perdendo, por cujo motivo já não florescem  os santos da Idade Média. 

As chaves ocultas da meditação lhes infundiam de grande fé e de imenso valor, adquiriam plena confiança na Divindade e na eternidade da vida individual. 

Os mais cruentos sacrifícios eram empreendidos por eles, sem se importar com atrozes martírios, ser despedaçados por leões, queimados, aprisionados  para morrer lentamente em uma escura masmorra.

As Iniciações menores proporcionam aos discípulos pequenas experiências espirituais, quer sejam sensações de glória e visões externas de luzes, paisagens, cidades e figuras.

Estas visões obtidas por meio da vista da alma, alimentam os discípulos para seguir adiante na senda espiritual, até alcançar os poderes que todos nós temos no Espírito individual. 

Se esse Divino Poder não foi atualizado, os discípulos ainda quando por longos anos que estiveram junto ao Mestre, sempre estarão faltos dessa indomável energia.

Tomemos por exemplo Pedro, discípulo de Jesus, naquele momento em que uma mulher do povo disse:”Pedro tu  o conheces, esteve com Ele?” “Não, não o conheço”.

 Assim vimos um homem que não era valente, que era covarde. 
Porém quando este discípulo de Jesus se recuperou deste “sonho espiritual”, por meio da Chispa Divina que recebeu  no cenáculo, junto com seus outros companheiros espirituais, se transformou em um valente iniciado, que morreu glorificando seu ideal.

Dessa maneira, para todos nós, à medida que realizamos o Glorioso Poder de Deus, as coisas materiais deste mundo, como os sentimentos, irão perdendo a sua importância e unicamente buscaremos com ânsias infinitas, a unificação consciente com o que é  todo paz, sabedoria e glória sem limites.

Nota: 
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre  mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da ususal.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.