segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A CONCEPÇÃO DOS SERES



Sri Vajera Yogui Dasa(Don Benjamin Gusman Valenzuela), erudito escritor e artista plástico chileno, Primeira Autoridade Iniciática Externa do Suddha Dharma no Ocidente.

Traduzido e transliterado pela Gnana Dhatha deste Mandalam, Margareth Gonçalves (Devi Dasika).




Todo o universo é vibração. A luz, sons, cores, aromas, frio, calor são vibrações captadas por meio de diferentes órgãos de percepção que temos em nosso corpo físico.

 Os Mestres da Ciência Divina asseguram que, por meio dos sentidos da alma, percebem outras vibrações que nos permitem conhecer os distintos estados da matéria.

 E, assim, podemos compreender como acontece a fecundação de um novo ser na Terra.

Os seres vivos estão vibrando constantemente em contínuas e diferentes tonalidades.

 Existem as sensações de amor, ódio, alegria ou pena, e muitas outras variações benéficas ou malignas.

Cada sensação distinta pode produzir o mais passageiro pensamento, fazendo variar o estado do nosso ser material e espiritual.

As mudanças de vibrações se produzem tanto no interior do ser, como por circunstâncias externas.

As vibrações não apenas fazem mudar a aura, mas também produzem mudanças visíveis.

 É assim que as emoções alteram nossa aparência, como o medo que produz a palidez, a vergonha avermelhando o rosto, entre outras.

No campo aúrico, essas mudanças são perceptíveis para aqueles que possuem o que os médiuns chamam de vidência, pois a aura reflete esses estados alterando sua coloração, forma e textura de acordo com cada tipo de emoção ou pensamento.

O célebre vidente Charles Leadbeater, que foi diretor e vice-presidente da Sociedade Teosofia, expõe em um de seus famosos livros sobre a aura humana como esta fica vermelha quando o ser humano é atingido pela ira; ondas escuras surgem quando se sente medo; e assim, sucessivamente, as várias mudanças de humor produzem diferentes cores.

As alterações emocionais não só originam mudanças nas cores da aura, mas também geram sons e aromas.

 No plano físico, todo ser vivo produz continuamente sons e aromas diferentes, ligados aos padrões e estágios emocionais.

 Dessa forma, muitos afirmam que sentimentos ou pensamentos elevados produziriam bons aromas e perfumes, e os malignos provocariam mau cheiro.

Talvez seja por isso que existe a crença popular de que os demônios exalam enxofre (um cheiro forte, tóxico e fétido), e os santos exalam um inexplicável aroma de santidade, como sucedeu na morte de São João da Cruz e outros grandes santos.

Todo o conjunto de vibrações produz um som fundamental no ser, como uma assinatura energética, a qual se denomina Eka-Shara – o “Único Som”.

 Diz-se que é o acorde (no sentido musical, acorde é uma freqüência específica de um determinado som) que está presente nos organismos, atuando tanto nos corpos físicos como nos sutis.

 Essa freqüência seria a síntese de todos os sons, e é denominada pelas lojas maçônicas “A Palavra Perdida” e, na Bíblia, seria o Verbo, o qual está sempre com Deus.

Diz-se “Raiz sem Raiz do Universo”.

Assim, com esse simbolismo, se relata na Bíblia a criação do homem e do universo por meio do Som, da Palavra, do Verbo.

Podemos concluir que toda criatura está sujeita às leis da vibração e da sintonia.

 Por isto quero me estender um pouco mais sobre esse tema, recordando a frase do livro Caibalion (Ed. Pensamento): “No Universo tudo vibra”.

Quando imaginamos o grande número de remédios que prejudicam o desenvolvimento fetal, como os efeitos espantosamente visíveis da temida Talidomida, que provocou o nascimento de crianças com problemas físicos e mentais graves, fica claro o quanto determinadas substâncias produzem vibrações negativas e prejudiciais à vida.

O cigarro e as bebidas alcoólicas, por exemplo, intoxicam o esperma e destroem o óvulo, prejudicando as células fetais e destruindo o corpo que abrigará o espírito que está para nascer.

 Esse tipo de substância também provoca problemas emocionais e mentais que podem ser impossíveis de sanar em toda uma vida.

 Portanto, para uma vida e uma evolução saudável, é necessária uma concepção saudável.

Tudo o que bebemos ou comemos afeta os diversos corpos (físico, emocional, psíquico, espiritual), até daqueles que estão sendo concebidos e estão por nascer.

Quando um homem e uma mulher decidem ter filhos devem seguir uma dieta saudável de frutas, cereais, legumes e sementes, para que eles nasçam saudáveis.

Voltando ao tema anterior, os seres são atraídos pela sintonia que possuem, ou pode-se dizer que são atraídos pelas suas afinidades.

 O bêbado irá ao bar onde lhe servem as bebidas que gosta.

O carnívoro ao açougue ou restaurante onde lhe oferecem os melhores guisados de carne.

 O viciado em doces buscará o local onde lhe vendam as melhores guloseimas.

 Uma pessoa sensual procurará casas onde possa se divertir e atingir novos níveis de êxtase sexual. O devoto irá aos templos.

Observando o que acontece no universo sutil durante os instantes da união e concepção, vemos que tanto o homem quanto a mulher, nesse instante, vibram em uníssono, lançando ondas nos planos sutis (produzindo sons, cores, perfumes).

Todas essas qualidades são percebidas pelos diferentes órgãos Indriyas ou sentidos que desenvolvem o Atma (espírito) nos corpos sutis.

 A partícula Paramanu, que é o Ego adaptado para a encarnação física, é atraída pelas vibrações ou conjunto de sons, cores, aromas (como também por outras qualidades), e penetra a aura da mulher, a qual o aprisiona sutilmente e proporciona os meios materiais (óvulo e os elementos do espermatozóide) para o desenvolvimento e crescimento do ser humano.

 O Atma começa a construção do corpo, empregando para isso os materiais que lhe entrega a mulher que vai ser a mãe.

Nesse estado, o Ego por nascer é influenciado por todas as vibrações, sejam elas de bons sentimentos, como amor, dedicação e paz, ou as ruins como angústia, medo, ódio.

Também é influenciado pelos desejos (necessidades e intenções) que possui a futura mãe (nossas avós já sabiam disso).

Não há dúvida de que o espírito que está construindo o corpo o faz de acordo com a sabedoria que aprendeu em milhões de anos de vida e de inumeráveis reencarnações.

 A união dos elementos fornecidos pelo pai e pela mãe, e a sabedoria e poderes que o Ego atrai de vidas anteriores, formam a herança física e espiritual do ser encarnado.

Assim, mediante a lei do karma, todo esse processo desenvolve o Ego de acordo com a sabedoria adquirida nas múltiplas reencarnações anteriores.

Todo conhecimento e destreza que assimilou do átomo primordial (ou chama divina) são empregados na formação do novo corpo físico e sutil.

 O corpo físico e sutil é o filho do homem; só o Espírito é filho de Deus, com toda herança e qualidades que alcançou em sua evolução espiritual.

Nenhum ser humano, mesmo os superdotados de inteligência, pode construir um olho, um ouvido ou outro Indriya do ser.

Somente a Sabedoria Divina do filho de Deus, o Atma, pode construir, com consciência, o corpo humano.

Depois, quando o traje do Atma envelhece, se enferma e morre, o mesmo Atma regressa aos planos sutis e começa outra etapa para subir em direção aos planos sutis ou de origem.

 Nesse regresso, o Ego ou Atma compila e assimila as várias experiências que teve em sua vida terrestre para voltar novamente a este plano denso com maior poder e melhores aptidões, a fim de seguir o processo da vida.

Este ir e vir recorrendo aos planos e subplanos dos mundos através do tempo, dura até que o ser humano chegue a ter consciência de seu próprio espírito, recordando então com a mente espiritual as distintas encarnações anteriores e tomando contato progressivo e eterno com a glória do Parabrahmam, ou Supremo Deus, entrando então no céu angélico.

Dessa forma, existem as encarnações na sua Primeira Forma, mas existem as encarnações dirigidas, que são a Segunda Forma que existe nos renascimentos dos seres.

Nos diversos planos das esferas sutis componentes dos mundos onde vivem inumeráveis seres que evolucionam, existe uma categoria de anjos chamada Lipikas, que possuem o encargo de dirigir as encarnações dos Egos que possuem dificuldades na sua evolução.

 Eles guiam tais seres seguindo a lei da evolução do Karma, segundo o grau em que se encontram.

Eles agem da mesma forma que, no mundo físico, os pais agem com seus filhos, os quais, devido a sua inexperiência e imaturidade, podem inocentemente prejudicar outras pessoas.

 Quando o pai percebe isso ele educa a criança, e quando esta alcança mais idade é enviada ao colégio ou escola para o desabrochar de suas faculdades.

Esses anjos induzem as encarnações a acontecerem em determinadas épocas, país, família ou mãe que convier para sua nova vida, adquirindo outras experiências e cancelando karmas de vidas anteriores.

 Todo karma mau ou castigo que venha a ser imposto, tem o propósito de corrigir e livrar a sociedade de um mal maior, permitindo dessa forma que a evolução desses seres retome o curso normal, e que eles cresçam segundo as leis divinas da criação.

Existe uma Terceira Forma de reencarnar, que podemos observar no estudo da Lei das Reencarnações. Como antes foi assinalado no caso dos seres muito atrasados na evolução de sua consciência e livre-arbítrio, veremos como acontece a reencarnação daquela pessoa que alcançou a inteligência e um elevado grau de livre-arbítrio.

Ainda nos planos sutis, essa pessoa escolhe o momento mais adequado da evolução terrestre e as circunstâncias que lhe faltam para completar o aperfeiçoamento do seu Ego.

 Para nascer, o espírito escolhe uma família na qual se verá obrigado a desenvolver vontade, atividade, condições que sejam ideais para atingir seus objetivos de evolução e de karma.

Existem Egos que escolhem nascer nas mais difíceis situações físicas, morais e intelectuais, não devido ao mau karma, mas porque, por meio dos sofrimentos suportados numa encarnação, alcançam maiores qualidades que lhes serão benéficas para sempre.

Com plena consciência, escolhe o país que irá desenvolver seu valor, defendendo seus sonhos, pois ele mesmo reconhece suas fraquezas e desejos, e esse é o motivo pelo qual escolhe nascer em circunstâncias que lhe serão dolorosas por um curto tempo; dessa forma, em uma curta encarnação ele adquire qualidades que continuarão com ele por toda a eternidade.

Essa é a razão dos nascimentos, tanto felizes quanto difíceis, todos escolhidos pelo mesmo indivíduo. Não lhe importa os acontecimentos de uma vida, mas sim o que obterá com as dores e as alegrias que vai experimentar, e uma compreensão maior do Grande Todo e da sua Evolução.

Recordo do ensinamento de Jesus Cristo quando os judeus, que acreditavam na reencarnação, lhe perguntaram sobre o menino que nasceu cego:
“Mestre: quem pecou? Pecou ele ou pecaram seus pais?”
“Jesus respondeu: Não pecou ele, e tampouco seus pais”.

A única compreensão para tão difícil pergunta é a resposta de que ele mesmo, o menino, havia escolhido esse doloroso karma para experimentar uma nova etapa, que proporcionaria maior progresso do seu Ego eterno.

Isso acontece na vida mundana. Um ser evoluído e desejoso de conhecimento escolhe por sua própria vontade um colégio ou universidade onde aprende um ofício ou matéria, assistindo diariamente as instruções sobre o ramo escolhido.

Possivelmente, se vê obrigado a fazer múltiplos e dolorosos atos.

Levantar cedo, viajar ou percorrer longos caminhos, estar várias horas sentado, imobilizado, ouvindo ou praticando exercícios requeridos, se sacrificando voluntariamente para alcançar novos conhecimentos, para se desenvolver corretamente e com êxito na execução das aulas recebidas.

Ao discípulo não importam os sacrifícios; o conveniente para ele é ter a capacidade e um completo conhecimento do trabalho que deseja realizar. Assim são os espíritos que conscientemente escolhem as condições agradáveis e dolorosas para reencarnar, levando em consideração os eternos benefícios que com elas vão adquirir.

Não é sempre um karma ruim nascer segundo circunstâncias difíceis, pois pode ser um bom karma escolhido por ele mesmo para possuir maiores faculdades espirituais.

Recordemos as dolorosas vidas de heróis e santos que pisaram nesta terra em tempos passados.

De todos os tipos de encarnações e nascimentos, sempre nos sobra dúvida quanto aos avatares e grandes seres espirituais, com suas encarnações de suma importância.

Nem sempre são encarnações grandes e espetaculares; por vezes, ocorre o que chamamos de “encarnações menores”, mas nem por isso de importância reduzida.

São encarnações em que, de acordo com Vontade Divina, alguns seres tomam corpos humanos com antigas iniciações já impressas no Ego, e com conhecimento e vontade de serem benfeitores da humanidade.

 Incontáveis mártires, homens e mulheres com destacada atuação espiritual, reencarnaram neste mundo depois de terem recebido, em várias vidas anteriores, o poder das iniciações outorgadas pelos Grandes Siddhas, diretores da evolução de todos os seres sob a vigilância do Senhor Narayana.

Em um artigo sobre as iniciações, Sri Janárdana, que foi instrutor e iniciador espiritual do Suddha Dharma Mandalam, nomeia Mahatma Gandhi como um desses personagens mundiais que atuou em sua vida com uma força espiritual conferida iniciaticamente, mesmo sem seu conhecimento.

Esse poder atuou para que se cumprisse com êxito o grande milagre da independência da Índia, evitando uma guerra sangrenta.

 Também podemos citar Joana D’arc que, com sabedoria e grande poder, libertou a França dos ingleses.

 Ainda temos duas extraordinárias mulheres que impulsionaram a ciência do yoga em todo mundo: H. P. Blavatsky e Annie Besant, fundadoras da Sociedade Teosófica Mundial.

Poderíamos continuar enumerando mulheres e homens, notáveis governantes de grandes países, e igualmente personagens que atuaram fundando organizações sociais ou místicas que promoveram imensos benefícios para a humanidade e que, sem dúvida alguma, atuaram sob o impulso de iniciação recebida nesta ou em vidas anteriores.

Finalizo esse parágrafo com os nomes de outros notáveis mahatmas que tiveram estreita relação com a fundação do Mandalam, reorganizado para a época atual.

 Assinalarei primeiro Sri Subramanya Ayer, que durante sua vida desempenhou o cargo de Juiz da Alta Corte de Justiça de Madras.

 Foi vice-presidente e Diretor da Escola Esotérica Teosófica e, nos últimos anos de sua vida deu a conhecer, por expresso desejo da Hierarquia Branca do Himalaia, a mística organização denominada Suddha Dharma Mandalam, em vários artigos publicados no ano de 1915 na Revista Mundial, editada pela Sociedade Teosófica, em Madras, Índia. Ele atuou no Mandalam como Instrutor e Iniciador Externo, conferindo iniciações a um meritório grupo de discípulos.

Posso mencionar como autoridades iniciáticas o Pandit K. T. Srivivasa-Chariar e Sri Janardana, eruditos escritores da ciência do Yogabrahama Vidya e diretores e iniciadores externos da augusta instituição Suddha.

Também faço referência aos maiores iniciadores, que foram os reformadores do mundo, mediante seus ensinamentos sociais e místicos.

 Eles são conhecidos com o nome de avataras ou enviados divinos, e entre eles recordamos Rama, Krishna, Buda e Jesus Cristo.



Nota: 
Importantíssimo lembrar que, Sri Vájera escreveu seus artigos a quase 100 anos atrás.
Ele morava em Santiafo/ Chile, um país essencialmente Católico.
Sendo assim, para não sofrer rejeições, optou por sempre  mencionar inúmeras citações da Bíblia Cristã como exemplos de suas idéias.
Segundo seu entendimento, isso facilitaria a compreensão de seus leitores, já que a cultura oriental é bastante diferente da usual.
Portanto, temos que elaborar nossa mente para um entendimento mais próximo do original, tendo sempre como ponto de partida, a aceitação de que Suddha Dharma NÃO é religião....e que esta Ciência está além do discernimento humano, porém como Ela é adaptável em Tempo, Lugar e Circunstância, Ela é moldável e expressiva em qualquer filosofia ou religião deste reino hominal.