segunda-feira, 9 de junho de 2025

O ORGULHO

 



Benjamín Guzmán Valenzuela
Sri Vájera Yogui Dasa,
Jnana Dhata Suddhacharya,

 

O Caminho do Suddha Dharma Mandalam ou Círculo dos Seguidores das Leis Puras e Eternas é também chamado de Caminho ou Método do Suddha Yoga. Suddha significa aquilo que é puro; Dharma é o conjunto de Leis que nos conduzem àquilo que é Puro. Yoga é a união substancial com Aquilo Puro, ou seja, com a divindade. Aqueles que adotam o sistema do Suddha Yoga são contrários aos sentimentos de separatividade, egoísmo, orgulho e outros que impeçam o alcance da Unidade. Isso não quer dizer que um membro de nossa fraternidade esteja completamente alheio a toda forma de emoção; queremos apenas dizer que quem desejar alcançar o êxito espiritual deve esforçar-se por deixar esses sentimentos de lado, adotando de forma permanente o mais puro Amor à Divindade, a qual une todos os seres e coisas como nascidos dentro do Corpo Cósmico do Absoluto.

Entre os sentimentos que mais dificultam o desenvolvimento do Amor Transcendente — aquele que não tem limitações — escolheremos agora o egoísmo e o orgulho. Sem Amor, não existe Suddha Yoga, e muito menos se poderá atingir os estados superiores de consciência. Nossas práticas são destinadas a fortalecer nossas virtudes, tais como: a vontade, a inteligência, a atividade, entre outras; procurando constantemente evitar que o egoísmo brote em nós. É muito difícil encontrar neste mundo pessoas completamente livres do orgulho. Essa qualidade negativa se manifesta em infinitos graus e por incontáveis causas.

Há pessoas que sentem orgulho de raça, como se pertencer a um determinado grupo racial fosse um prêmio especial concedido por um grande mérito pessoal. Há orgulhos mais restritos, como o de nacionalidade; geralmente os habitantes de uma nação — que não possuem muitos conhecimentos sobre os demais países do globo terrestre — pensam que os habitantes de outros territórios possam ser inferiores em muitos aspectos aos seus próprios conterrâneos. Imaginam-se mais valentes, inteligentes e astutos para vencer batalhas e destruir algum país vizinho, conquistando-lhe as terras e apoderando-se de suas riquezas. Quase toda a história de um país está fundada no orgulho das guerras vencidas e nos benefícios territoriais obtidos por meio delas. Memoriza-se cuidadosamente o ano em que se travou tal ou tal batalha, quem levou o exército à vitória e o que foi arrancado do inimigo — esse inimigo que consideramos inferior a nós em todos os sentidos, pois contamos apenas nossos triunfos, esquecendo-nos de nossas próprias derrotas.

O orgulho também se estende à família; sente-se orgulho dos antepassados, daqueles que já morreram há séculos. Confeccionam-se árvores genealógicas nas quais aparecem príncipes, sábios ilustres, filósofos, escritores, médicos e outros personagens notáveis da família. É uma espessa ramagem de galhos secos que já passaram — estão reduzidos a cinzas. Devido à evolução dos seres, hoje já não resta nada de real nessas lembranças, que vão se apagando com o passar do tempo. Há aqueles que, para chamar a atenção sobre seus olhos e cílios, piscam mais do que o necessário, causando com isso inquietação e incômodo às pessoas que os observam. Também há pessoas que franzem os lábios porque acreditam ter uma boquinha bonita, pequenina e rosada. Outras aumentam os lábios para que admirem o quanto são graciosos e riem estrondosamente enquanto mostram uma espessa fileira de dentes — sendo isso, às vezes, tão exagerado que expõem uma grande porção da gengiva. Assim, conforme acreditamos possuir alguma característica física melhor que outras, exibimo-la e destacamo-la orgulhosamente — seja dos pés, das mãos ou das unhas.

Chegamos até a sentir orgulho da roupa ou do vestido confeccionado pelo estilista, exibindo-o diante de nossos círculos sociais. Já vi pessoas mostrarem com orgulho a etiqueta do país, da loja ou do famoso estilista que o desenhou.

Tudo isso diz respeito à parte física externa, sobre a qual poderíamos analisar milhares e milhares de casos de orgulhos incríveis e tolos. Mas os orgulhos internos são ainda piores, pois muitas vezes acabam sendo extremamente prejudiciais. Há quem sinta orgulho da força física — daquela força bruta que nos permite andar, saltar, bater ou impedir uma bofetada. Há homens que, para demonstrar sua capacidade física, ingressam em clubes esportivos — não por motivos de saúde, mas para competir e demonstrar sua superioridade física. Assim, vemos “caminhantes”, alpinistas, boxeadores e outros que, por descontrole de suas energias, acabam desfigurados ou com o corpo doente. Muito poucos são aqueles que guardam suas forças físicas para empregá-las unicamente em circunstâncias específicas, quando são necessárias para ajudar, defender ou impor a justiça com valentia.

Agora desejo lembrar de outros orgulhos mais íntimos, mais ocultos e mais nocivos — sobretudo entre pessoas que pertencem a comunidades ou sociedades compostas por indivíduos de diferentes níveis de educação, evolução e sentimentos.

Quão terríveis são essas pessoas que, continuamente, querem demonstrar que ninguém as domina, porque acreditam possuir uma vontade poderosa. Então, consciente ou inconscientemente, fazem demonstrações para serem reconhecidas, dando ordens imperativas para que se faça isto ou aquilo. Se não são obedecidas, descarregam sua ira incontrolável, insultando ou ofendendo quem não cumpriu seus “sábios mandamentos”. Jamais pedem a opinião dos demais; sempre se apresentam como generais e juízes ao mesmo tempo, sem dar oportunidade de expressarmos nosso ponto de vista. Com essa atitude, demonstram não possuir a férrea vontade que acreditam ter, mas sim uma total falta de domínio próprio e um acentuado complexo de inferioridade.

Possui verdadeira força de vontade aquele que, em todo momento, sabe dominar seus próprios pensamentos, emoções, palavras e ações, para não ofender nem prejudicar seus semelhantes.
É possuidor de uma vontade firme todo aquele que sabe, principalmente, dominar seus desejos passionais e ser ativo no serviço próprio e no serviço ao próximo. Essa qualidade essencial está presente nas pessoas que, sendo líderes de um grupo — como presidentes de nações, ministros ou chefes de movimentos sociais ou políticos — sabem manter-se inabaláveis diante das críticas e dos ataques, aumentando seu vigor quando são impedidos em seus trabalhos por meio da calúnia e da difamação, ou feridos pela ingratidão daqueles pelos quais se sacrificaram com todo o puro amor de seus corações.

Devemos ser como Arjuna: firmes e constantes, sem que nenhuma contingência mundana dobre nossa vontade de fazer triunfar as causas justas, mediante uma firmeza Sáttvica, plena de Amor Divino. Quando se abraça um ideal que se sabe magnífico, deve-se continuar com uma indestrutível Boa Vontade até a morte.

Pode-se observar em certos indivíduos de mentalidade estreita orgulho até por atributos físicos, seja por ter cabelos bonitos, um rosto formoso, um corpo bem constituído — e, se há apenas um traço bonito no rosto, cuida-se dele com esmero e o enaltece com vaidoso orgulho. Porém, onde o nosso pequeno e em evolução livre-arbítrio deve ser mais bem empregado é no domínio da nossa mente durante o tempo destinado às nossas práticas diárias. Essa constância, sustentada pela vontade, é silenciosa, oculta e difícil — mas é justamente aí que devemos utilizar principalmente nossas faculdades mais elevadas. A firmeza de nossa vontade se manifesta na palavra serena, amável e compreensiva — mesmo nos casos em que temos de lidar com um inimigo — utilizando a autoridade enobrecedora que se requer em determinados momentos.

Orgulho de sabedoria

Continuamente encontramos homens e mulheres de todas as idades — desde crianças até idosos — que ostentam seus conhecimentos. O cientista pretensioso nos fala por horas a fio sobre ciências que não nos interessam, e sobre as quais nada podemos acrescentar ou discutir, pois ignoramos tais assuntos. E é justamente nisso que reside o prazer do falador incômodo: esforçar-se para parecer um sábio e deixar sua audiência como tolos ignorantes. Nossos conhecimentos devem ser expressos entre aqueles que demonstram interesse em conhecê-los, mas não devemos despejá-los apenas para nos satisfazermos em afogar quem nos escuta, com o jorro de sabedoria que achamos possuir — impondo-lhe uma escuta resignada e, com certeza, um enorme cansaço. Há quem fale de história, geografia, álgebra ou outras ciências sem perceber que tais assuntos não são apropriados àquele momento. Outros, que nada fazem no presente, murmuram incessantemente sobre o que fizeram no passado. Contam atos de força e destreza física, corridas de cavalo em que sempre venciam, bofetadas com as quais derrotaram seus inimigos, artigos, livros e folhetos que escreveram — segundo eles, de grande valor científico, religioso ou literário — mas que logo caíram no esquecimento. Exceto em suas próprias mentes, onde se sentem infelizes pela incompreensão alheia que não soube valorizar suas “obras-primas”.

A vaidade tola leva alguns a se orgulharem até da marca do carro que possuem, ou das corridas que podem vencer graças à firmeza das rodas ou à eficiência dos freios de seus veículos. Há também aqueles que estão sempre criticando tudo o que os outros fazem. Para eles, nada foi bem-feito segundo seu critério — mas acreditam (e proclamam) que tudo teria sido perfeito se seus conselhos inteligentes tivessem sido seguidos. Essas pessoas, no passado como no presente, nada constroem de duradouro ou significativo; sabem apenas encontrar defeitos em tudo e criticar maldosamente o trabalho alheio, tentando parecer donos de grande inteligência e fazendo parecer — de modo hipócrita — que os outros são ineptos.

Orgulho de pureza

Nada pode ser mais antipático, maligno e perturbador do que o orgulho da “pureza sexual”.
Aqueles que se acreditam puros de corpo e alma fazem alarde de sua pureza, criticando e comentando sobre o que os outros fazem ou deixam de fazer em relação ao sexo.
São, na verdade, pessoas profundamente impuras, que tentam — por meio dessas acusações — se mostrar como imaculadas, castas e puras. Querem, quase, que as veneremos por sua virgindade — sem perceber que, ao caluniar ou difamar o próximo, estão demonstrando o quanto seus corações estão corrompidos. Os que acusavam a mulher adúltera — diz o Evangelho — eram piores do que ela. Diante do olhar do Mestre Jesus, penetrante até o mais íntimo de suas consciências, nenhum daqueles acusadores teve coragem de atirar a primeira pedra, como o Mestre os havia desafiado. Inúmeras vezes, nossa intuição nos indica que a pessoa que se coloca como “Juiz” da sexualidade alheia é, na verdade, uma infeliz — obcecada pelo prazer que não conseguiu ou não consegue alcançar, por ser velha, feia, antipática ou tola.
O desejo sexual está em seu coração, por isso seu pensamento se dirige para lá e, ao não serem satisfeitos seus anseios, ela verte invejosamente abominações contra aqueles que julga estarem satisfeitos.

Aos que falam das faltas alheias — reais ou imaginárias — como quem diz: “eu não sou assim”, podemos sempre aplicar o adágio: “Pela tua boca saem os sentimentos do teu coração. Aquilo que pensas e falas, isso és tu.”

Esses falsos religiosos que pregam sua pureza difamando os outros devem ser afastados dos centros sociais ou religiosos. Não há nada mais danoso do que alguém que fala de si mesmo para que se reconheça sua santidade, enquanto ao mesmo tempo afunda o próximo no lodo nauseante que vomita pela boca. Recordo aqui as palavras orgulhosas do apóstolo Pedro, quando disse a Jesus: “Senhor, eu não Te negarei”, querendo dizer que ele, por possuir uma grande força de vontade e um firme amor pelo Mestre, era o mais fiel de seus discípulos. Todos poderiam negar o Mestre — menos ele. Talvez essas palavras tenham sido ditas com sinceridade, com toda a verdade que naquele momento sentia em seu coração — no entanto, não há dúvida de que eram expressão de orgulho. Então o Mestre, para reduzir esse orgulho imperioso, lhe disse:
“Antes que o galo cante, tu Me negarás três vezes.” E assim aconteceu — para instrução do discípulo e de todos os que viriam, ao longo dos séculos, a trilhar o Caminho da Perfeição.

A um Centro ou Escola Iniciática pode ingressar qualquer pessoa que deseje progredir física, moral e espiritualmente. Aos verdadeiros Mestres da virtude e da santidade, não importa se o postulante é ou não puro ou casto, nem que tipo de vida sexual leva. O que importa é que a pessoa deseje alcançar a paz verdadeira e os gloriosos estados de pureza do corpo e da alma.

Os hospitais existem para curar enfermos, fornecer-lhes os medicamentos adequados para sanar seus males físicos e restaurar a saúde. Os Centros Iniciáticos existem para guiar os “perdidos” rumo às alturas da santidade.

Aqueles que tiveram a ventura de chegar até um Centro de curas espirituais não devem imaginar que seus diretores externos são perfeitos. Apenas os Mahatmas alcançaram um grau de perfeição, e podem nos transmitir a Ciência Divina que os ajudou a atingir o estado de felicidade em que se encontram — estendendo os braços e tomando nossas mãos para nos conduzir, sem egoísmo nem orgulho, até os estados sublimes que Eles já conquistaram. Sem jamais demonstrar-se superiores por sua santidade, e muito menos nos vituperar, desprezar ou amaldiçoar por nossas enfermidades morais. Se nos rendermos aos seus pés divinos, só receberemos deles bênçãos de sabedoria e amor. A entrega ou rendição à sabedoria do Mestre espiritual é o primeiro e mais importante passo que o discípulo deve dar com sinceridade.

Também devemos considerar que a tolerância com os defeitos alheios não deve chegar ao ponto de permitir fofocas, difamações, calúnias ou atos contrários à moral dentro da Instituição. Nenhuma atitude — seja por palavra ou por ação — que prejudique a ordem ou a fraternidade entre os membros deve ser aceita. Nossa Corporação é uma fraternidade, não um campo de críticas destrutivas, disputas ambiciosas ou vinganças pessoais. Não estamos dentro da Organização do Suddha Dharma para afundar o próximo, mas para erguê-lo — e também para que os verdadeiros Mestres nos elevem, individual e coletivamente.

Somente o Instrutor espiritual tem o direito de, “em particular”, indicar nossos defeitos quando for necessário eliminá-los para nosso progresso rumo ao Brahma Samīpya. Ninguém em um Centro de Yoga tem o direito de divulgar os defeitos de outros membros — nem publicamente, nem secretamente ao ouvido de outro. Quem assim o faz, demonstra seu orgulho hipócrita e falso, com uma imensa dose de covardia.

Os Mestres do Suddha Dharma Mandalam muito pouco falaram sobre esse tema, pois consideram como certo que toda pessoa que ingressa no Mandalam já é uma senhora ou um cavalheiro de sentimentos elevados e consciência esclarecida — alguém que compreende perfeitamente que este Mandalam é uma fraternidade de ajuda mútua, com sincero e puro amor. Isto é dado como sabido e como um fato inviolável. Nosso Mandalam existe para trabalhar pela paz, pela felicidade e pelo amor fraternal neste mundo terrestre, e para estudar e praticar — tanto em grupo quanto individualmente — os exercícios espirituais que nos conduzem aos gloriosos estados de Samādhi.

Como então, pessoas revoltadas, intrigantes, caluniadoras — que trazem inquietação, sofrimento e ódio — em uma palavra: malévolas, podem pretender permanecer entre nós? O correto é que, se um membro não se sente à vontade com a Instituição, seus princípios, suas práticas, seus dirigentes, ou com alguma das pessoas do grupo, deve se retirar, buscar outros de sua índole ou temperamento em outro lugar, e esquecer as pessoas que compunham o grupo que deixou — sem continuar, mesmo de fora, a incomodar com suas críticas. Essas pessoas não devem ser mantidas em nossa Organização.

A Mestra H. P. Blavatsky escreveu um admirável livrinho que todas os Ashramas do Mandalam fariam bem em estudar e pôr em prática. Esse livrinho intitula-se "Ocultismo Prático". Extrairei aqui alguns parágrafos que são verdadeiras leis que devem ser seguidas nas reuniões dos Ashramas do Suddha Dharma Mandalam: “O lugar deve servir exclusivamente para a instrução, separado para esse propósito. As cores sagradas são os matizes do espectro, dispostos em determinada ordem, pois são muito magnéticos. Por ‘influências malignas’ entende-se toda perturbação, disputa, altercação, maus sentimentos, etc., que se imprimem imediatamente na luz astral — ou seja, na atmosfera do lugar — e permanecem ‘no ar’. Esta primeira condição parece à primeira vista muito fácil de cumprir, mas, considerada com profundidade, revela-se uma das mais difíceis de se obter.”

“Antes que tu (o instrutor) comuniques ao teu lanú (discípulo) as santas palavras do Lamrin, ou o permitas ‘preparar-se’ para Dubjed, deves cuidar para que sua mente esteja completamente purificada e em paz com todos — especialmente com seus outros Eus. Do contrário, as palavras de sabedoria e da Boa Lei se dispersarão, arrastadas pelos ‘ventos’. (Os ‘outros Eus’ referem-se aos companheiros de estudo; ou seja, os condiscípulos.) A menos que reine entre os estudantes a mais perfeita harmonia.”

“Durante o estudo, os Upāsakas devem manter-se unidos como os dedos da mão.”

“De outro modo, os discípulos, embora pareçam aptos para receber a verdade, terão de esperar muitos anos — por causa de seu temperamento e da incapacidade de harmonizarem-se com seus companheiros.”

“O Guru deve harmonizar os condiscípulos como se fossem as cordas de um alaúde (vina), que, embora cada uma distinta das outras, emitem sons harmoniosos quando tocadas. Coletivamente, constituem um teclado que responde em todas as suas partes ao mais leve toque — o toque do Mestre. Assim, suas mentes se abrirão às harmonias da sabedoria, vibrando em modulações de conhecimento em cada uma delas e em todas ao mesmo tempo — com efeitos agradáveis aos Deuses Presidentes (Anjos Tutelares ou Guardiões) e proveitosos para o discípulo.
Também assim ficará a sabedoria eternamente impressa em seus corações, sem que jamais se quebre a harmonia da Lei.”

“Ninguém pode continuar sendo Upāsaka se se acredita diferente de seus condiscípulos e superior a eles, dizendo: ‘Sou o mais sábio’, ‘Sou o mais santo e o mais querido pelo Mestre ou por minha comunidade do que meu irmão’, etc. Os pensamentos do Upāsaka devem estar predominantemente fixos em seu coração, eliminando dele todo pensamento hostil a qualquer ser vivente, e preenchendo-o com o sentimento de unidade com os demais seres e com tudo o que existe na natureza. Do contrário, não é possível o êxito.”

“Os meios mais eficazes de adquirir conhecimento e de se preparar para receber a sabedoria superior são: a meditação, a abstinência, o cumprimento dos deveres morais, os pensamentos pacíficos, as palavras amáveis, as boas ações e a benevolência para com todos — com total esquecimento de si mesmo.”

Além desse notável livro, há outro, escrito por Mabel Collins, que também contém ensinamentos dados por um alto Mestre. Seu título é: “Luz no Caminho” (Light on the Path). Sobre esta obra, Sri Subramanya Iyer faz referências elogiosas. Seu estudo é igualmente muito útil para todo membro do Suddha Dharma Mandalam.

Assim como copiei alguns parágrafos do importante livrinho de H. P. Blavatsky, agora transcreverei algumas sentenças de Luz no Caminho, procurando comentá-las nos pontos que desejo destacar. Essas sentenças não são para serem lidas levianamente, mas para que sirvam como guia ou lei — que nos torne dignos ou merecedores de que os Hierarcas Iniciadores nos concedam verdadeiras e elevadas Dīkṣās, capazes de atualizar em nós os sentidos da alma e os poderes do Ātman. Com isso, poderemos ver e sentir, recordando claramente nossas vidas anteriores, e também poderemos atuar conscientemente nos diferentes planos sutis, compreendendo suas leis — bem como a direção divina permanente, eterna e universal que emana do Parabrahman, ou Divindade subjacente em todas as coisas e seres, manifestos ou não manifestos.

Mas, antes de falar das sentenças contidas no livro Luz no Caminho, exporei as qualidades que devemos nos esforçar por adquirir como seguidores do Caminho da Perfeição, ou seja, as oito qualidades Átmicas indicadas nos ślokas 9 a 13 do capítulo V, intitulado Śikṣā Dharma Gītā, no texto do Bhagavad Gītā do Suddha Dharma Mandalam.

Essas qualidades Átmicas ou da alma são as seguintes:

1.      Tolerância

2.      Compaixão

3.      Tranquilidade ou Paz

4.      Ausência de cobiça

5.      Pureza integral

6.      Mentalidade altruísta (inegoísta)

7.      Perseverança incansável no esforço de ascensão rumo à Divindade

8.      Irradiação ininterrupta de felicidade para todas as coisas e seres

Nossa Gītā também expõe no capítulo VII, ślokas 2 a 4, essas mesmas qualidades, e as complementa para destacar aos discípulos sua primordial importância. Além disso, acrescenta mais 18 qualidades, que também devem ser adquiridas para alcançar a mais elevada natureza — aquela que conduz da escravidão da vida material à libertação espiritual.

Essas 26 qualidades são:

  1. Ausência de medo
  2. Pureza integral
  3. Firme convicção no Yoga, que nos conduz à transcendência Brāhmica
  4. Magnanimidade, ou ajuda desinteressada a todos os seres
  5. Domínio dos sentidos
  6. Renúncia aos frutos das ações
  7. Conhecimento da ciência espiritual
  8. Austeridade
  9. Ser justo e reto em todas as ações
  10. Incapacidade de ferir
  11. Ser sempre verdadeiro e útil
  12. Jamais nutrir desejos de vingança
  13. Entrega total à vontade divina
  14. Ser inabalável, de forma que nada nem ninguém possa perturbá-lo, mantendo-se constantemente calmo
  15. Ausência de baixezas
  16. Compaixão por todos os seres
  17. Liberdade da cobiça
  18. Afabilidade constante com todos os seres, sem distinções de raça, credo, nacionalidade, sexo, simpatia ou antipatia etc.
  19. Humildade, completamente livre de qualquer orgulho
  20. Constância nas práticas de Yoga, sem jamais se desviar da retidão
  21. Magnificência, partilhando os bens físicos ou intelectuais com o próximo
  22. Perdão, superando todo ódio
  23. Atividade, sendo sempre útil
  24. Pureza nos alimentos e limpeza em tudo o que se utiliza
  25. Ausência de engano, isto é, não agir de modo que outros errem por causa de nossa apresentação indefinida de um fato
  26. Transcendência do egoísmo, alcançando um verdadeiro e profundo Bhāvana ou sentimento de unidade

A prática e realização dessas qualidades nos tornam merecedores de receber diferentes graus iniciáticos. Por exemplo: concede-se a iniciação Vāmadeva, sob a autorização direta do Īśvara ou Hierarca Supremo da Grande Hierarquia Branca, ao discípulo que alcançou um grande conhecimento e experiência espiritual — o qual o mantém sempre inabalável, com perfeito controle sobre toda emoção que possa ser provocada por qualquer coisa que veja, seja de prazer ou dor, cenas de corrupção, crimes, enganos ou catástrofes. Explicarei primeiro em que consiste certa parte da Vāmadeva Dīkṣā:

Por graça desta iniciação, o discípulo desenvolve grandes poderes físicos e espirituais, mediante a atualização dos Chakras — ou sentidos da alma — por meio do constante controle de seus veículos sutis, como o corpo astral, o mental, e outros. Com os sentidos da alma ativados, é possível ver à distância. Diz-se que o Pandit K. T. Srinivasachariar, iniciador do Suddha Dharma Mandalam, demonstrou muitas vezes essa faculdade espiritual a seus discípulos, relatando-lhes fatos que estavam ocorrendo a vários quilômetros de distância. Ele era capaz de ver o estado emocional de qualquer pessoa na aura de seus corpos sutis, o que lhe permitia selecionar com segurança seus discípulos.

Por meio do domínio dos Kośas — ou corpos sutis — é possível desprender a alma do corpo físico e viajar pelos planos sutis, observando o que acontece neles, bem como os acontecimentos que estão se dando no plano físico, onde o corpo material denso foi deixado temporariamente.

Dessa forma, o iniciado com a Vāmadeva Dīkṣā pode observar acontecimentos privados e ocultos, tais como: pode ver sua mãe entregue a um homem que não é seu esposo; pode ver sua esposa, irmãs, amigos e conhecidos em circunstâncias as mais inverossímeis no plano sexual.
Também pode ver assassinos que conseguiram escapar da justiça e permanecem aparentemente livres e felizes. Pode ver e reconhecer o
Guru, isto é, seu diretor oculto individual, e a localização de sua residência física. Enfim, pode ver uma infinidade de coisas e fatos ocultos. Mas, se chegar a se emocionar — ou seja, “chorar” —, imediatamente o Guru lhe retira o poder da visão espiritual, que não será recuperado até que ele aumente seu domínio interno, passando por uma nova série de experiências pessoais, provocadas pela diretiva oculta — experiências essas que podem ser extremamente dolorosas. Se forem atravessadas com coragem, inteligência, justiça, compaixão e amor, o discípulo recupera o mérito de ser novamente assistido pelo Mestre nos altos graus do desenvolvimento espiritual.

Mas aqui vem o mais grave e tremendamente triste: quando o discípulo revela o que viu através do Espírito Santo, ou quando, de alguma forma, ainda que indiretamente, dá a entender que sabe algo oculto sobre os discípulos ou sobre qualquer pessoa. Este é o pecado contra o Espírito Santo, tão severamente advertido nos evangelhos cristãos e referido também em “as promessas” como os mistérios de Vāmadeva. Aquele que viola esses segredos torna-se merecedor da perda de toda Brahma Vidyā e de toda prosperidade.

As leis que regem os segredos das visões sutis — especialmente aquelas que envolvem fatos ou pessoas cuja revelação poderia alterar seu Karma ou destino — são imutáveis, ou seja, são leis para toda a eternidade. Somente o Guru pode revelar ao discípulo uma circunstância ou fato, com o fim de livrá-lo da morte, da doença, da miséria ou de outras catástrofes — e isso em vista do Brahma Karma acumulado pelas ações de sua vida ou pelo esforço demonstrado no cumprimento da disciplina do Yoga. Tal revelação só pode ser conhecida e autorizada pelo Guru Divino, sob ordem do Senhor do Mundo.

Devemos também, neste plano físico, manter os segredos que possam prejudicar nossos irmãos.
Um verdadeiro
Chela — ou discípulo — jamais deve contar aquilo que viu, leu ou soube por ouvir dizer, se isso puder prejudicar moral, espiritual ou materialmente a outra pessoa. Por isso, nas “promessas iniciáticas”, é indicado ser “verídico e útil sempre”. Se uma verdade fere ou prejudica, jamais deve ser dita por alguém que pretende ser membro da Fraternidade Branca.

Uma mentira ou calúnia pode causar um dano irreparável, mas a revelação de fatos verdadeiros e ocultos, ou de passagens imorais, pode ser ainda mais prejudicial — pois, nesses casos, a pessoa difamada não tem como se defender, como o faria se o conteúdo fosse falso. Geralmente, a difamação não traz benefício a ninguém — somente ruína e ódio. Muitos, por causa disso, são levados ao desespero. Incontáveis vezes, mesmo sem más intenções, dizemos inconveniências — sem medir as consequências prejudiciais. Ainda que nossas intenções não sejam ofender, se ferirmos alguém, de qualquer forma seremos castigados pela Lei do Karma, para que nosso Buddhi (discernimento espiritual) desperte com maior clareza. Tudo isso está resumido na primeira regra dada aos discípulos pelo Mestre na obra “Luz no Caminho”, a qual diz assim:

“Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de chorar.” A segunda regra diz respeito ao ouvido, e o mesmo princípio da regra anterior pode ser aplicado aqui. Ela é: “Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade.” Isso indica que o discípulo — digam o que quiserem dele, seja verdade ou mentira — deve ter transcendido os efeitos de toda sensação. Assim, por meio da iniciação da visão, pode-se ver à distância os acontecimentos ocultos (como foi exposto nas Dīkṣās da faculdade visual). As iniciações relacionadas ao ouvido são reservadas àqueles que perderam a sensibilidade a todo tipo de elogio, crítica ou insulto. Nada do que se ouve — neste mundo físico ou nos mundos sutis — e que possa prejudicar outros, pode ser repetido por aquele que trilha o Caminho da Santidade. Aquele que fala ou de alguma forma revela o que ofende ou prejudica outra pessoa tem seu progresso nas iniciações interrompido.
As portas dos Mistérios se fecham para ele.

A terceira Lei é: “Antes que a voz possa falar na presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de ferir.” (Isto também está expresso no Gītā, capítulo V, śloka 9). Notemos que não se diz apenas “não ferir”, mas sim que se deve ter perdido a possibilidade de ferir — isto é, que tenha se tornado incapaz de prejudicar alguém com a palavra. É como dizer: quando se torna impossível causar dano a alguém indevidamente por meio do verbo.

O Yoguista deve ter extremo cuidado ao falar, pois uma única palavra impensada ou mal proferida pode provocar transtornos irreparáveis. A palavra do Yoguista deve ser medida, amável, suave, cheia de compreensão e de amor verdadeiro e puro. Um Mahatma pode ser reconhecido pela doçura de sua voz, nascida do Ātman, fluindo diretamente do coração.
Pode-se ter uma voz firme, clara e forte, e ao mesmo tempo ser
agradável. O estudante de Yoga deve esforçar-se para que sua voz nasça da verdade do coração, sobretudo quando entoa mantras ou pronuncia palavras de poder.

A última lei mencionada no livrinho já referido é aquela pela qual o discípulo deve inevitavelmente passar. Ela está assim registrada: “Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é necessário que os pés tenham sido lavados no sangue do coração.” Este é o período mais útil e, ao mesmo tempo, o mais doloroso no estreito caminho que conduz ao Sanctum Sanctorum — o Centro Divino, onde se alcança a excelsa visão da eternidade do próprio espírito, ou Ātman, substancialmente unificado com o Parabrahman, o Espírito Supremo, Eterno e Infinito de Deus Cósmico.

Na obra “O Coração do Bhagavad Gītā”, de autoria de Sua Santidade Pandit Lingesh Mahābhāgavat, aparece um prólogo de Sri Subramanya Iyer, o qual foi reproduzido no livro “Uma Organização Esotérica na Índia”. Nesse prólogo, Sri Subramanya se expressa sobre as quatro leis anteriormente citadas da seguinte maneira:

“Estas frases são a condensação sem rupturas de quatro condições indispensáveis que deve possuir um aspirante que pretende entrar no Caminho que conduz ao Mokṣa ou Nirvāṇa, ou seja, à libertação. E, assim, tornar-se discípulo de um daqueles grandes Mestres que estão sempre prontos para aceitar e treinar todos os que se prepararam para serem iniciados nos mistérios da natureza, de Deus e da Alma. Pois esses sábios Mestres proclamam: “Aqueles que já passaram pelo Silêncio — que marca o florescimento da alma — e sentiram sua paz e retiveram sua força, *desejam ardentemente que também passes por ele.” (Luz no Caminho, notas à regra 21, página 23) As condições mencionadas acima — expressas em poucas palavras — correspondem à pureza do olhar, à pureza da escuta, à pureza do falar, e à verdadeira capacidade de servir. Não apenas aos Mestres — pois Eles não necessitam de tal atenção pessoal — mas sim a todos os seres, já que Eles são seus Guardadores espirituais.

“Agora, quanto à primeira máxima, não há nada mais claro do que ela no que se refere às simples palavras; mas, entendida literalmente, esse aforismo pode levar a conclusões desastrosas — pois significaria recomendar a absoluta dureza de coração, repleta de insensibilidade e falta de compaixão. Tal atitude, por parte de um aspirante, só pode — à primeira vista — parecer um auxílio ao seu ardente anseio de crescimento espiritual, mas na verdade é um obstáculo.” “Ser incapaz de verter lágrimas diante do sofrimento alheio é o caminho que leva ao Sendero Sombrio.” O desenvolvimento daquele que segue esse caminho obscuro é feito por contração;
tal condição conduz a esse estado terrível de desolação chamado
Avīchī, que é a maior calamidade que pode recair sobre um Ego humano.

Qual é, então, o verdadeiro sentido da frase “ser incapaz de chorar” para o discípulo que anseia trilhar o Sendero Branco — o Caminho que nos conduz ao Nirvāṇa? A explicação é que ele deve estar inteiramente acima de ser comovido, mesmo que levemente, por acontecimentos adversos dirigidos a si mesmo — eventos que, se ele fosse um homem comum do mundo, lhe causariam angústia, tristeza ou sofrimento mental. Mas isso não é tudo: Sua alma deve tornar-se como “a manga madura — tão suave e doce quanto sua polpa dourada para as dores dos outros”, e ao mesmo tempo tão dura quanto o caroço da fruta para as próprias dores e aflições.

Naturalmente, esse hábito de manter completamente sob controle a natureza emocional em relação a si mesmo, enquanto se mantém viva e sensível para com os sofrimentos alheios, não é fácil de conquistar. Contudo, aquele que aspira trilhar o Caminho até a Meta Suprema não pode deixar de se empenhar com afinco no desenvolvimento dessa faculdade. Deve-se lembrar que seu crescimento deve acontecer através da ampliação de toda a sua natureza: seus desejos e emoções, seu conhecimento e sua capacidade de servir. Quando todas essas qualidades atingem o grau de perfeição, o discípulo pode entrar em contato com a Divindade, cuja Vontade está constantemente ativa no Cosmos, e tornar-se um canal consciente dessa Vontade.

Para completar este estudo, falta ainda acrescentar que há uma diferença muito clara entre o interesse pelas aflições do próximo, quando sentido por um discípulo, e o interesse daquele que já alcançou a libertação. No primeiro caso, o interesse vem sempre acompanhado de pesar;
no segundo,
é diferente: A alma totalmente iluminada — em seu elevado nível da escada evolutiva — vê e compreende que aquilo que chamamos de aflições não são senão incidentes necessários para o crescimento espiritual dos seres dentro do Esquema Divino da Evolução. Por isso, o pesar que ainda habita a mente do discípulo, por carecer de total compreensão desse plano, não encontra lugar na mente daquele cuja visão divina está plenamente desenvolvida. Neste caso, surge uma compaixão sem apego — que o impulsiona constantemente a cooperar, com inteligência, com o Plano de Deus, por meio de esforços para erradicar a ignorância
que é
a raiz de todos os erros da humanidade ainda em desenvolvimento.

Antes de estarmos capacitados para receber uma iniciação, seja psíquica ou espiritual, os Guias Sutis nos purificam e ampliam nossos poderes, colocando-nos em situações difíceis — as quais constituem lições (e não apenas provas) que, se forem resolvidas com acerto, nos são recompensadas com experiências sutis que reforçam nossa fé e nos concedem maior energia para continuar a ascensão nas práticas do Yoga, ao mesmo tempo em que cresce em nós o amor impessoal pelo serviço eficiente e alegre ao próximo.

Também nos são concedidas iniciações que infundem em nossa alma estados de paz e de glória imensa, impossível de ser descrita com palavras humanas. Por isso se diz “estados de glória” — e não apenas de felicidade ou bem-aventurança —, pois esses estados de júbilo superam em muito até mesmo os momentos mais felizes que podem ser vividos na Terra.

Essas iniciações são ouro espiritual entregue à nossa alma, como resultado do cumprimento assíduo e inquebrantável dos exercícios espirituais, ou motivadas por serviços prestados ao próximo conforme o Karma Yoga, ou seja, executados sem qualquer apego ou intenção egoísta.

Tornamo-nos também merecedores de Iniciações Átmicas quando suportamos com alegria uma lição difícil, que nos traz dores físicas, morais ou intelectuais intensas, e as oferecemos à Divindade com alegria, sem deixar de amar ao Supremo Deus, bem como às pessoas ou circunstâncias que nos trouxeram tão profundo sofrimento.

O choque entre a dor e a alegria — ou o impacto provocado dentro da alma ao lançar-se sobre o fogo da dor e da angústia a água sagrada da bem-aventurança espiritualproduz a Abertura Divina do Coração Átmico, fazendo brilhar uma luz mais intensa do que milhões de sóis, e de um gozo celestial imponderável, pleno de sabedoria e poder. Contudo, o recebimento desse “ouro divino” gera uma grande dívida que devemos saldar. Não nos é concedida tamanha fortuna espiritual para que a escondamos dentro da alma, inutilizando-a. Se assim o fizermos, muito em breve seremos submetidos às mais inesperadas e dolorosas circunstâncias, a fim de nos fazer sair desse estado de egoísmo espiritual, “lavando nossas qualidades inferiores no sangue do coração”.

Mas, se por cada estado de glória Átmica que obtivermos, realizarmos obras meritórias e benéficas em prol da Instituição que nos abrigou e guiou para alcançar tais triunfos da alma — se formos também gratos aos nossos Instrutores e fizermos com alegria o bem que pudermos aos irmãos da Ordem Mística à qual pertencemos, e a qualquer ser ou pessoa que nos ofereça a oportunidade de servi-lo — então saldaremos a dívida do capital espiritual recebido. Os serviços, presentes, dádivas feitas com alegria e amor, sem esperar qualquer agradecimento nem ter nenhuma intenção egoísta, são atos que cancelam karmas negativos e nos poupam de lições dolorosas destinadas ao nosso progresso e purificação.

Esses atos constituem “Homas”sacrifícios interiores — que não apenas nos isentam de sofrimentos, mas também nos trazem um Karma Divino que abre novos portais espirituais, permitindo-nos atravessá-los rumo a glórias cada vez mais elevadas.

É no Evangelho de São Mateus, capítulo IV, versículos de 1 a 11, e no de São Lucas, versículos de 1 a 13, que Jesus Cristo conversa com Satanás sem que o Mestre demonstre qualquer sinal de alteração ou ira; ao contrário, permanece imperturbável e, sem fazer alarde de seus poderes, responde: “Está escrito: NÃO tentarás o Senhor teu Deus.” Esses versículos nos fazem compreender que Jesus, iniciado por João Batista, não foge das vibrações demoníacas, mas permanece completamente sereno e feliz. Também se diz que Jesus desceu aos infernos e subiu aos céus ao terceiro dia. Talvez se queira indicar com isso que um verdadeiro Iniciado pode ir a qualquer lugar — seja elevado ou inferior — sem ser prejudicado por isso. Mais ainda, podemos ver outro exemplo bíblico sobre esse mesmo tema no “Livro de Jó”, no qual se relata uma conversa amistosa entre Satanás e o Deus Governador do Céu e da Terra, em que ambos concordam em provar o Santo Jó para ver até onde ia sua retidão — Capítulo 1, versículos de 6 a 12, e Capítulo 2, versículos de 1 a 7.

O Bhagavad Gītā diz que o discípulo deve ser imperturbável como a rocha, que, mesmo quando as ondas de uma forte tempestade a golpeiam, faz com que a água se quebre e se desfaça, permanecendo a rocha sempre inabalável.

Jesus, como na casa de Marta e Maria, se aproxima e defende a mulher difamada pelos fariseus corrompidos, e acolhe Maria Madalena. Esse Mestre essênio, pleno de sabedoria, disse: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai do seu interior.”

O discípulo deve perder todo medo e rejeitar qualquer ideia de que as “vibrações” de outros irmãos ou pessoas possam manchar sua aura. Somente o ato de dizer que tal ou qual pessoa tem “más vibrações” já revela a pretensão de que se reconheçam suas próprias vibrações como puras e harmoniosas, insinuando que os outros poderiam maculá-las com sua presença. Qualquer um pode reconhecer, nessa atitude, um orgulho infeliz, que revela inferioridade no campo do Yoga.
Se fosse assim tão fácil ferir ou manchar nossa aura,
não poderíamos ir a teatros, cinemas, andar de ônibus ou trem, ou participar de qualquer aglomeração — estaríamos também impedidos de caminhar pelas ruas onde circulam multidões de pessoas das mais diversas naturezas.

O discípulo que cumpre fielmente suas práticas vai, aos poucos, formando ao seu redor uma couraça protetora de Devi Prakṛti. A princípio, são alguns poucos átomos que se agrupam; depois, tornam-se cada vez mais numerosos, até formar um véu protetor luminoso, transmissor de bem-aventurança por onde quer que o discípulo vá. Esse véu sutil e irradiante torna-se a cada dia mais resistente e poderoso com as meditações que o Chela realiza ao seguir as disciplinas prescritas por seu Instrutor.

Assim, ele se torna um Siddha, dotado de magníficos poderes. É como a flor de lótus, que permanece intocada apesar da água que cai sobre ela — a água escorre pelos suss pétalas, mas ela permanece imaculada.

Aqueles que se queixam de que alguém lhes faz mal com “vibrações” ou “feitiçarias” ainda permanecem nos degraus mais inferiores da escada do desenvolvimento espiritual. O discípulo deve ter fé de que ninguém pode feri-lo, seja sutil ou ocultamente, pois ele é possuidor de uma couraça divina e está entregue ao Guru e aos Hierarcas Divinos. As más vibrações só conseguem penetrar em nós quando nos soltamos dos braços de nossos protetores — quando deixamos de fazer nossas invocações sagradas e falhamos no cumprimento das Leis Átmicas. Se estivermos em qualquer reunião, não devemos esperar ser bem recebidos, nem que sejam atenciosos conosco ou que nos festejem com alegria. Isso não tem a menor importância para um discípulo superior. A pessoa que se preze como tal deve, ela mesma, irradiar a todos simpatia, alegria, amor e humildade discreta. A humildade deve ser natural, sem que ninguém a perceba — isto é, deve ser franca, educada, simples, e jamais tentar destacar-se ou chamar atenção sobre si mesma. (Bhagavad Gītā, capítulo XIII, ślokas 21 a 24)

Os Mestres sempre se apresentam simplesmente, com humildade natural, apesar da imensidão de sabedoria que trazem em seus espíritos. O ser humano é comparável a uma casa com muitas portas e janelas; por elas pode penetrar a luz pura do Sol ou a poeira contaminada do caminho.
No entanto, podemos
impedir a entrada do indesejável e aceitar somente o que é bom e agradável. Basta colocar nas portas e janelas cristais limpos e transparentes — eles nos permitem receber a luz do Sol ou enviar nossa luz para o exterior, mas impedem a passagem da poeira e da sujeira.

O discípulo que avançou por meio da correta execução das práticas de Yoga forma ao seu redor um globo ou aura composto pelas finas partículas de Devī Prakṛti, atraídas por meio de seus pensamentos puros de unidade e amor impessoal. Essa pele de luz divina não é possuída pelos seres vulgares, cheios de ódio, inveja e egoísmo. Esses, sim, permitem que penetrem toda sorte de “micróbios astrais e mentais”, atraídos por seus atos impuros ou pelas conversas sensuais, sobre guerras, crimes, assaltos, roubos, disputas políticas, doenças, e tantos outros fatos sombrios, com os quais a maioria das pessoas inferiores ainda se compraz em suas nefastas conversas. Todo esse tipo de conversa deve ser proibido nos Centros que desejam atrair os Radiantes Espíritos da Luz e receber suas bênçãos iniciáticas, as quais elevam nossa sabedoria e poderes, aproximando-nos cada vez mais do estado Sáttvico e da comunhão com os Mahātmas.

*Tradução feita a partir do texto original em espanhol por Kalamata Dasika (Marina Elisa), Servidora no Ashram Sarva Mangalam de São Paulo.

 

EL ORGULLO

 

Benjamín Guzmán Valenzuela

 

El Sendero del Suddha Dharma Mandalam o Circulo de los Seguidores de las Leyes Puras y Eternas es llamado también el Camino o el Método del Suddha Yoga.

Suddha significa aquello que es puro, Dharma es el conjunto de Leyes que nos conducen a aquello que es Puro. Yoga es la unión sustancial con Aquello Puro, es decir, con la divinidad. Los que adoptan el sistema del Suddha Yoga, son contrarios a los sentimientos de separatividad, de egoísmo, de orgullo y otros sentimientos que impidan alcanzar la Unidad. Esto no quiere decir que un miembro de nuestra hermandad sea completamente ajeno a toda clase de emociones; solo queremos decir que quien quiera tener éxito espiritual, debe tratar de dejarlas de lado adoptando permanentemente el más puro amor hacia la divinidad, la cual une a todos los seres y cosas como nacidas dentro del Cuerpo Cósmico del Absoluto.

Entre los sentimientos que obstaculizan mayormente el desarrollo del Amor Trascendente, que no tiene limitaciones, escogeremos ahora el egoísmo y el orgullo. Sin Amor no existe Suddha Yoga, ni menos se podrá llegar a los estados superiores de conciencia.

Nuestras prácticas están destinadas a fortalecer nuestras virtudes tales como: la voluntad, la inteligencia, la actividad y otras; tratando constantemente de evitar que el egoísmo brote en nosotros.

Es muy difícil encontrar en este mundo personas liberadas del orgullo. Esta cualidad negativa se manifiesta en infinitos grados y por incontables causas.

Hay personas que tienen orgullo de raza, como si el pertenecer a un determinado grupo racial constituyera un galardón especial otorgado por un gran mérito personal. Hay orgullos más reducidos como el de nacionalidad; generalmente los habitantes de una nación, que no poseen muchos conocimientos sobre los demás países del globo terráqueo, piensan que los habitantes de otros territorios pueden ser inferiores en muchos aspectos a sus coterráneos. Se imaginan ser más valientes, inteligentes y astutos para ganar batallas y destruir a algún país vecino, conquistándole sus tierras y apoderándose de sus riquezas. Casi toda la historia de un país está fundada en el orgullo de las guerras ganadas y beneficios territoriales obtenidos a través de ellas. Se memoriza cuidadosamente el año en el que se dio tal o cual batalla, quien llevó al ejercito a la victoria y que fue lo que se arrebató al enemigo. Ese enemigo a quien consideramos en todo sentido inferior a nosotros que contamos solamente nuestros triunfos olvidando las propias derrotas. El orgullo también desciende a la familia; se tiene orgullo de los antepasados, de aquellos que hace ya siglos que murieron. Se confeccionan árboles genealógicos en los cuales aparecen príncipes, sabios ilustres, filósofos, escritores, médicos y otros personajes notables de la familia. Es una espesa arboleda de ramas secas que ya pasaron; están hechas cenizas. Debido a la evolución de los seres hoy ya no pasan nada con esos recuerdos que van olvidándose en el devenir del tiempo.

Se puede observar en ciertos individuos de mentalidad estrecha orgullo hasta por prendas físicas, ya sea, porque se tiene lindo pelo, hermosa cara, cuerpo bien formado y si únicamente tiene en la cara un solo rasgo mejor, se le cuida y se le realza con esmerado orgullo. Hay los que, para llamar la atención sobre sus ojos y pestañas, parpadean más de lo necesario causando con ello inquietud y molestia en las personas que los observan. También hay personas que fruncen los labios porque creen tener una hermosa boquita, chiquitita y rosada. Otras agrandan la boca para que admiren lo graciosa que es y ríen estrepitosamente mientras muestran una tupida cantidad de dientes, siendo ello a veces tan exagerado que muestran una gran porción de encía.

Así según creemos poseer alguna prenda física de nuestro cuerpo mejor que otras, las lucimos y destacamos orgullosamente ya se trate de los pies, las manos o las uñas.

Llegamos a sentirnos orgullosos hasta por el traje o el vestido que confecciono el modisto, luciéndolo delante de nuestras relaciones sociales. He visto mostrar con orgullo la etiqueta del país, de la casa comercial o del afamado modisto que lo diseñó.

Todo esto con respecto a la parte física externa, sobre la cual podemos analizar miles y miles de casos increíbles y estúpidos orgullos. Pero los orgullos internos son peores pues, en muchas ocasiones llegan a ser sumamente perjudiciales. Los tenemos por la fuerza física, por aquella fuerza bruta que nos permite andar, saltar, dar o impedir una bofetada.

Hay hombre que para demostrar su capacidad física ingresan a clubes de deportes, en donde no se concurre por motivos de salud, sino que para competir y demostrar su superioridad física. Así podemos ver “andarines”, alpinistas, boxeadores y otros que terminan a causa del descontrol de sus energías, desfigurados y con sus cuerpos enfermos. Son muy pocos los que guardan sus fuerzas físicas para emplearlas únicamente en circunstancias determinadas en las cuales se precisa de ellas para ayudar, defender o imponer la justicia con valentía.

Ahora quiero recordar otros orgullosos más íntimos, más ocultos y dañinos, sobretodo en personas que pertenecen a colectividades o sociedades compuestas por individuos de distinta educación, evolución y sentimientos.

Que terrible son esas personas, que continuamente quieren demostrar que nadie los domina, porque creen tener una poderosa voluntad. Entonces consciente o inconscientemente hacen demostraciones para que se las reconozca, dando ordenes imperativas de hacer esto o aquello. Si no se les obedece, descargan su incontenible ira, insultando u ofendiendo al que no cumplió con sus “sabios mandatos”. Jamás toman el parece de los demás; siempre se presentan como generales y jueces al mismo tiempo, sin que haya posibilidad de expresarles nuestro parecer. Con esta actitud demuestran no poseer la férrea voluntad que pretenden tener, sino una total carencia de dominio propio y un acentuado complejo de inferioridad.

 Tiene verdadera fuerza de voluntad aquel que en todo momento sabe dominar sus propios pensamientos, emociones, palabras y actos para no ofender ni perjudicar a sus semejantes. Es poseedor de una voluntad firme, todo aquel que sabe, principalmente dominar sus pasionales deseos y ser activo en el servicio propio y de los demás. Esta esencial cualidad se encuentra en las personas que, siendo dirigentes de un grupo, como ser presidentes de naciones, ministros o jefes de movimientos sociales o políticos, saben permanecer inmutables, ante las críticas y ataques, acrecentando su vigor cuando son entorpecidos en sus labores por medio de la calumnia y la difamación o son heridos por la ingratitud de aquellos por los cuales se han sacrificado, con todo el puro amor de sus corazones.

Debemos ser como Aryuna, firme y constante sin que ninguna contingencia mundana doblegue nuestra voluntad para hacer triunfar las causas justas, mediante una firmeza “Sátwica” plena de Amor divino. Cuando se abraza un ideal que se sabe magnifico debe continuarse con una indestructible “Buena voluntad” hasta la muerte. Pero donde mejor debe emplearse nuestro pequeño y evolucionante libre albedrío es en el dominio de nuestra mente durante el tiempo que se ha fijado para nuestras prácticas diarias. Esta constancia por medio de la voluntad es silenciosa, oculta y difícil, pero es ahí donde principalmente debemos usar nuestras elevadas facultades.

La firmeza de nuestra voluntad se demuestra con la palabra serena, amable y comprensiva hasta en aquellos casos que tenemos que tratar con un enemigo, empleando la enaltecida autoridad que se requiere en determinados momentos.

Orgullo de sabiduría.

Continuamente encontramos hombres y mujeres de todas las edades, desde niños hasta ancianos que hacen alarde de sus conocimientos

El científico petulante nos habla durante horas de ciencias que no nos importan y sobre las cuales nada podemos agregar ni discutir porque ignoramos tales materias; y en ello estriba el placer del molesto parlanchín que se esfuerza por aparecer como un sabio y dejar a su auditorio como unos necios ignorantes.

Nuestros conocimientos deben ser expresados entre aquellos que se interesan por conocerlos, pero no hay que derramarlos para gozar en ahogar con el torrente de sabiduría que creemos tener al que hemos logrado que nos escuche con resignación y seguramente con un tremendo cansancio.

Hay quienes hablan de historia, de geografía, álgebra u otras ciencias sin fijarse que tales temas no nos importan en esos momentos.

Otros que nada hacen en la actualidad, runrunean sin descanso lo que hicieron en el pasado. Cuentan actos de fuerza y destreza física, carreras de a caballo en donde siempre ganaban, bofetadas con las cuales vencieron a sus enemigos, artículos, libros y folletos que escribieron según ellos de gran valor científico, religioso o literario, pero que muy pronto quedaron sumidos en el olvido; menos en la mente de su autor que se siente desgraciado por la incomprensión que han tenido al no valorizar sus obras maestras.

La estúpida vanidad llega a enorgullecer a algunos por la marca del auto que tienen o las carreras que pueden ganar con la firmeza de las ruedas o el freno de sus coches.

Hay también los que siempre están criticando todo lo que han hecho otros. No hay nada que no haya sido mal efectuado según el criterio de ellos, pero creen y lo proclaman que todo habría estado perfecto si se hubieran seguido sus inteligentes consejos. Estas personas, antes como ahora, nada hacen constructivo ni duradero, ellos sólo saben hallar todo malo y criticar malévolamente la obra ajena, queriendo hacerse ver como poseedores de gran inteligencia y tratando hipócritamente de hacer aparecer a otros como ineptos.

Orgullo de Pureza

Nada puede ser mas antipático, maligno y perturbador que el orgullo de “pureza sexual”. Los que se creen puros de cuerpo y de alma pregonan su pureza, criticando y hablando de lo que hacen y lo que no hacen con el sexo los demás, son personas realmente impuras las cuales pretenden de esa manera mostrase como inmaculadas, castas y puras. Quieren poco menos que las veneremos en su virginidad sin darse cuenta de que al hablar calumniando o difamando al prójimo están demostrando lo corrompido que son sus corazones.

Los que acusaban a la mujer adúltera dicen los evangelios, eran peores que ella. Ante la mirada del Maestro Jesús, penetrante hasta lo más íntimo de sus conciencias, ninguno de sus acusadores se atrevió a tirar la primera piedra como se lo ordenara el Maestro. Innumerables veces nuestra intuición nos indica que la persona establecida en Juez de sexos ajenos es una desgraciada, loca por el placer que no pudo o no puede conseguir por ser vieja, fea, antipática o tonta.

El deseo sexual esta en su corazón, por eso su pensamiento va hacia allá y al no ser satisfechas sus ansias vierte envidiosamente abominaciones contra los que ella cree satisfechos.

Los que hablan de las faltas ajenas, reales o imaginarias, como diciendo que ellos no son así, podemos aplicarles siempre el adagio que dice: “Por tu boca salen los sentimientos de tu corazón. Eso que piensas y hablas, eso eres tú”

Estos falsos religiosos que predican su pureza emporcando a otros, deben ser eliminados de los centros sociales o religiosos. No hay nada que sea más dañino que hablar de sí mismo para que se reconozca su santidad y al mismo tiempo hunden al prójimo en el nauseabundo cieno que vomita su boca.

Recordaré aquí las orgullosas palabras de Pedro el Apóstol, cuando dijo a Jesús “Señor, yo no te negaré” dando a entender que él poseedor de una gran voluntad y firme amor por el Maestro, era el más fiel de sus discípulos, todos podían negar al Maestro menos él. Tal vez estas palabras fueron dichas sinceramente, con toda la verdad que en esos momentos sentía en el corazón, sin embargo, no hay duda de que eran la expresión del orgullo. Entonces el Maestro para rebajar tan imperioso orgullo, le dijo: “Antes de que cante el gallo no me negaras una vez; me negaras tres veces” y así sucedió para aleccionar al discípulo y a todos los que vendrían en el andar de los siglos recorriendo el Sendero de Perfección.

A un Centro o Escuela Iniciática, puede ingresar toda persona que desee progresar física, moral y espiritualmente. A los verdaderos Maestros de la virtud y santidad, no les importa si el postulante es o no puro o casto ni que vida sexual lleva. La importancia esta en que la persona quiera alcanzar la paz verdadera y los gloriosos estados de la pureza del cuerpo y del alma. Los hospitales son para curar enfermos, proporcionarles medicinas adecuadas para curar sus males físicos y hacerlos sanos. Los Centros Iniciáticos, son para guiar a los “perdidos” hacia las alturas de la santidad.

Los que han tenido la dicha de llegar hasta un Centro de curaciones espirituales no deben tampoco imaginarse que sus directores externos son perfectos. Sólo los Mahatmas han alcanzado un grado de perfección y pueden comunicarnos la Divina Ciencia que los ayudó a obtener el estado feliz en que se encuentran, estirando sus brazos y tomando nuestras manos para conducirnos sin egoísmos, ni orgullo hacia los estados sublimes que ya Ellos alcanzaron, sin demostrar ser superiores por su santidad ni mucho menos vituperarnos, despreciarnos o maldecirnos por nuestras enfermedades morales. Si nos rendimos a sus divinos pies solo tendremos siempre bendiciones de sabiduría y amor. La entrega o rendición a la sabiduría del Maestro espiritual, es el primer y principal paso que debe sinceramente dar el discípulo.

También tenemos que considerar que la tolerancia de los defectos ajenos no debe llegar hasta permitir las habladurías, difamaciones, calumnias o actos reñidos con la moral dentro de la Institución. Ninguna actuación de palabra u obra que perjudique el orden o fraternidad de los miembros debe ser aceptada. Nuestra Corporación es de fraternidad y no de perjudiciales críticas de guerrillas ambiciosas o de venganzas. Nosotros no estamos dentro de la Organización del Suddha Dharma para hundir al prójimo, sino para levantarlo y también para que los verdaderos Maestros nos levanten a nosotros individual y colectivamente.

Es solamente el Instructor espiritual el único que tiene derecho a señalar “privadamente” nuestros defectos cuando es necesario destruirlos para nuestro avance hacia la Brahma Samipya.

Nadie en un Centro de Yoga tiene el derecho de publicar los defectos de otros miembros; ni tampoco divulgarlos secretamente al oído de otro, si esto hiciera tal persona estaría demostrando su hipócrita y falso orgullo, con una inmensa dosis de cobardía.

Los Maestros del Suddha Dharma Mandalam muy poco han hablado sobre este tema, pues Ellos dan por hecho que toda persona que ingresa al Mandalam, es ya una señora o un caballero de elevados sentimientos y esclarecida conciencia que se da perfecta cuenta que este Mandalam es de fraternidad, ayuda mutua, con sincero y puro amor, esto se da por sabido y como un hecho inviolable.

Nuestro Mandalam es para trabajar por la paz, la felicidad y el amor fraternal en este mundo terrestre y para estudiar y practicar en conjunto e individualmente los ejercicios espirituales que nos conducen a los gloriosos estados de Samadhi.

Cómo entonces personas revoltosas, intrigantes, calumniadoras, que portan intranquilidad, sufrimientos y odios; en una palabra, ellas son malévolas. ¿Pueden pretender permanecer entre nosotros?

Lo correcto es que, si no le agrada a un miembro una Institución, sus principios, sus prácticas, los directores o una persona de entre los socios, debe retirarse y buscar a los de su clase o temperamento en otra parte y olvidarse de las personas que componen el grupo que dejó y no seguir aún desde afuera, molestando con sus críticas. Estas personas no deben ser mantenidas en nuestra Organización.

La Maestra H. P. Blavasky escribió un admirable librito que bien harían todas las Ashramas del Mandalam estudiar y poner sus consejos en práctica. Dicho librito se intitula “Ocultismo Práctico” Extractaré algunos párrafos de este libro que son leyes que deben seguir las reuniones en las Ashramas del Suddha Dharma Mandalam.

“El lugar ha de servir exclusivamente para la instrucción y apartado de propósito. Los colores sagrados son los matices del espectro, dispuestos en determinado orden, pues son muy magnéticos por “influencias malignas”, se entiende toda perturbación, disputa, altercados, malos sentimientos, etc. Que se imprimen inmediatamente, es la luz astral, esto es, en la atmósfera del lugar y planean “por el aire”. Esta primera condición, parece a primera vista muy fácil de cumplir, pero bien considerada, resulta una de las más difíciles de obtener”

“Antes de que tú (el instructor) comuniques a tu lanú (discípulo) las buenas (santas) palabras de Lamrin, o lo permitas “disponerse” para Dubjed, debes tener cuidado de que su mente este por completo purificad y en paz con todos, en especial con sus otros Yos. De lo contrario las palabras de sabiduría y de la buena Ley se dispersarán arrastradas por los “vientos” (Los otros Yos se refiere a los condiscípulos) a menos de que entre los estudiantes reine la mayor armonía”

“Durante el estudio deben los Upasakas mantenerse unidos como los dedos de la mano”

“De otro modo, los discípulos, aunque parezcan aptos para recibir la verdad, habrán de esperar muchos años a causa de su temperamento y de la imposibilidad que experimentan de ponerse en armonía con sus compañeros”

“El Gurú debe armonizar a los condiscípulos como si fueran cuerdas de un Laúd (vina) que, aunque cada una es distinta de las demás, emiten concertados sonidos. Colectivamente constituyen un teclado que corresponde en todas sus partes al más ligero toque (el toque del Maestro) Así sus mentes se abrirán a las armonías de la sabiduría, vibrando en modulaciones de conocimiento en todas y en cada una de ellas, con efectos placenteros para los Dioses Presidentes (Ángeles Tutelares o Custodios) y provechosos para el discípulo. También así quedará la sabiduría por siempre impresa en sus corazones, sin que jamás se quebrante la armonía de la Ley”

“Nadie puede continuar siendo Upasaka si se cree diferente de sus condiscípulos y superiores a ellos diciendo “Soy el más sabio” “Soy el más santo y mas grato al Maestro o a mi comunidad que mi hermano” etc. Los pensamientos del Upasaka han de estar predominantemente fijos sobre su corazón, eliminando de él todo pensamiento hostil a cualquier ser viviente y llenándolo del sentimiento de la unidad con los demás seres y con todo cuanto en la naturaleza existe. De lo contrario no es posible el éxito”

“Los medios más eficaces de adquirir conocimiento y disponerse a recibir la sabiduría superior, son la meditación, la abstinencia, el cumplimiento de los deberes morales, los pensamientos apacibles, las palabras amables, las buenas acciones y la benevolencia hacia todos, con entero olvido de sí mismo”

Además de este notable libro hay otro escrito por Mabel Collins que también contiene enseñanzas dadas por un alto Maestro. El título de él es: “Luz en el Sendero”. Sobre esta obra Sri Subramanya Iyer hace encomiásticas referencias. Su estudio es igualmente muy útil para todo miembro del Suddha Dharma Mandalam.

Así como copie algunos párrafos del importante librito de H. P. Blavasky, ahora transcribiré algunas sentencias de “Luz en el Sendero” tratando de comentarlas en aquellos puntos en que deseo llamar la atención. Estas sentencias no son para ser leídas a la ligera sino para que sean una guía o ley que nos haga dignos o merecedores de que los Jerarcas Iniciadores nos entreguen verdaderas y altas Dikshas capaces de actualizar en nosotros los sentidos del alma y los poderes del Atma, con lo cual podemos ver y sentir, recordando claramente nuestras vidas anteriores, como también podremos actuar conscientemente en los diferentes planos sutiles comprendiendo sus leyes como también la permanente, eterna y universal dirección divina que brota del Parabrahman o divinidad subyacente en todas las cosas y seres, ya sean manifestadas o inmanifestadas. Pero antes de hablar de las sentencias que se establecen en el libro Luz en el Sendero, expondré las cualidades que debemos esforzarnos por adquirir nosotros como seguidores del Sendero de Perfección, o sea las ocho cualidades Atmicas indicadas en las slokas 9 – 13 del capítulo V, titulado “Siksha Dharma Gita” en el texto del Bhagavad Gita del Suddha Dharma Mandalam.

Estas cualidades Atmicas o del alma son las siguientes:

  1. Tolerancia
  2. Compasión
  3. Tranquilidad o Paz
  4. Ausencia de codicia
  5. Pureza integral
  6. Mentalidad inegoísta
  7. Incansable perseverancia en el esfuerzo de la ascensión hacia la divinidad
  8. Ininterrumpida radiancia de felicidad para todas las cosas y seres.

Nuestro Gita igualmente expone en su capítulo VII, slokas 2 al 4, estas mismas cualidades y las complementa para hacer notar a los discípulos su primordial importancia, y además agrega 18 cualidades más que se deben adquirir para lograr la más elevada naturaleza que conduce desde la esclavitud de la vida material, a la liberación espiritual.

Estas 26 cualidades son:

  1. Ausencia de miedo
  2. Pureza integral
  3. Firme convicción en el Yoga, que nos conduce hacia la trascendencia Bráhmica
  4. Magnanimidad o ayuda desinteresada a todos los seres
  5. Dominio de los sentidos
  6. Renunciación a los frutos de las acciones
  7. Conocimiento de la ciencia espiritual
  8. Austeridad
  9. Ser justos y rectos en todos los actos
  10. Imposibilidad de herir
  11. Ser verídico y útil siempre
  12. No tener jamás deseos de venganza
  13. Entrega total a la voluntad divina
  14. Ser inmutable de manera que nada ni nadie pueda perturbarlo, permaneciendo constantemente calmado
  15. Ausencia de bajezas
  16. Compasión por todos los seres
  17. Libre de codicia
  18. Constante afabilidad con todos los seres, sin hacer diferenciaciones de razas, credos, nacionalidad, sexo, simpatía o antipatía, etc.
  19. Humildad, completamente libre de todo orgullo
  20. Constancia en las practicas de Yoga, sin desviarse nunca de la rectitud
  21. Magnificencia, compartiendo los bienes físicos o intelectuales con el prójimo
  22. Perdón, superando todo odio
  23. Actividad, siendo útil siempre
  24. Pureza en los alimentos y limpieza en todo lo que se use
  25. Ausencia de engaño, es decir no actuar de modo que otros caigan en errores debido a nuestra indefinida presentación de un hecho
  26. Trascendencia del egoísmo, alcanzando un verdadero y profundo Bhávana o unidad.

El cumplimiento de estas cualidades nos hace meritorios para adquirir distintos grados iniciáticos, por ejemplo: Se concede la iniciación Vamadeva bajo la autorización directa del Ishvara o Jerarca Supremo de la Gran Jerarquía Blanca al discípulo que ha alcanzado un gran conocimiento y experiencia espiritual que lo mantiene siempre inmutable, es decir con perfecto control de toda emoción que pueda provocarle cualquier cosa que vea, ya sea de placer, de dolor, de escenas de corrupción, criminales, de engaños o de catástrofes.

Explicaré primero en que consiste cierta parte de la Vamadeva Diksha

Por la gracia de esta iniciación, el discípulo desarrolla grandes poderes físicos y espirituales, mediante la actualización de los Chakras o sentidos del alma por un constante control de sus vehículos sutiles, como son el astral, mental y otros.

Con los sentidos del alma se logra ver a distancia. Se dice que el Pandit K. T. Srinivasachariar, iniciador del Suddha Dharma Mandalam, dio en muchas ocasiones a sus discípulos demostraciones de esta facultad espiritual relatándoles hechos que estaban sucediendo a varios kilómetros de distancia. El podía ver el estado emocional de cualquier persona en el aura de sus cuerpos sutiles, lo cual le permitía seleccionar con seguridad a sus discípulos.

Mediante el dominio de los Koshas o cuerpos sutiles se puede desprender el alma del cuerpo físico y viajar por los planos sutiles observando lo que acontece en ellos, como también los hechos que están sucediendo en el plano físico donde dejó momentáneamente el cuerpo material denso.

De esta manera el iniciado con la Vamadeva Diksha observa acontecimientos privados y ocultos como ser: puede ver a su madre entregada a un hombre que no es su esposo, a su esposa, hermanas, amigos y conocidos en las más inverosímiles circunstancias del plano sexual. También puede ver a los asesinos que han logrado burlar a la justicia y permanecen aparentemente libres y felices. Puede ver y reconocer al Gurú, o sea, a su individual director oculto, ubicación de su residencia física.

En fin puede ver infinidad de cosas y hechos ocultos, pero si llegara a emocionarse, es decir “llorar”, inmediatamente el Gurú le quita el poder de la visión espiritual, la cual no es recuperada hasta que no haya aumentado su dominio pasando nuevamente una serie de experiencias personales provocadas por la directiva oculta, a veces enormemente dolorosas, que si son pasadas con valor, inteligencia, justicia, conmiseración y amor, vuelve a recobrar el mérito para ser atendido por el Maestro en los altos grados del desarrollo espiritual.

Pero aquí viene lo más grave y tremendamente triste que le sucede al discípulo que revela lo que ha visto a través del Espíritu Santo, o que, en alguna forma, aun cuando sea indirectamente, de a entender que sabe algo de lo que esta oculto en los discípulos o en cualquier persona.

Este es el pecado contra el Espíritu Santo tan sancionado en los evangelios cristianos y del cual se habla en “las promesas” como los misterios de Vamadeva y quienes quebrantaren tales secretos se hace acreedor a la pérdida de toda Brahma Vidya y de toda prosperidad.

Las leyes que rigen los secretos de las visiones sutiles que dicen relación a hechos o personas a las cuales la revelación puede cambiarles el Karma o el destino, son leyes incambiables, es decir son para una eternidad.

Solamente el Gurú puede revelarle al discípulo una circunstancia o hecho para librarlo de la muerte, de la enfermedad, de la miseria o de otras catástrofes en vista del Brahma Karma acumulado en las actuaciones de su vida o por el esfuerzo hecho en el cumplimiento de la disciplina del Yoga, cosa que es solamente conocida por el Gurú Divino bajo la autorización del Señor del Mundo

También debemos en este plano físico mantener los secretos que pueden perjudicar a nuestros hermanos. Un verdadero “Chela” o discípulo no debe jamás contar lo que ha visto, leído o sabido porque se lo han contado que pueda perjudicar moral, espiritual o materialmente a otra persona. Es por eso por lo que en “las promesas iniciáticas” se indica ser “verídico y útil siempre” si una verdad hiere o perjudica, jamás debe ser dicha por uno que pretende ser miembro de la Hermandad Blanca

Una falsedad o una calumnia puede producir irreparable daño, pero la revelación de hechos verdaderos y ocultos o de pasajes inmorales, son aun más perjudiciales en muchos casos por cuanto el difamado no puede defenderse como lo haría si ello fuera falso. Generalmente la difamación no trae beneficio a nadie, solamente trae la ruina y el odio. Son muchos los que de esta manera son llevados a la desesperación.

Incontables veces nosotros sin malas intenciones hablamos inconveniencias, sin medir las perjudiciales consecuencias, aún cuando nuestras intenciones no tengan el propósito de ofender, si ellas hieren de todas maneras seremos castigados por la ley del Karma para que nuestro “Budhi” se despierte con mayor claridad.

Todo esto esta resumido en la primera regla dada a los discípulos por el Maestro en “Luz en el Sendero” la cual dice así:

“Antes de que los ojos puedan ver, deben ser incapaces de llorar”

La segunda regla dice relación con el oído y lo dicho para la anterior ley, igualmente puede aplicarse a la ley del oído la cual dice así:

“Antes que el oído pueda oír, tiene que haber perdido la sensibilidad”

Esto indica que el discípulo, digan lo que quieran de él, sea verdad o falso, debe haber trascendido el efecto de toda sensación. Así mediante la iniciación de la vista, podemos ver a distancia los sucesos ocultos, como expuse en las Dikshas de la facultad visual, las relacionadas con el oído, son para aquellos que han perdido la sensibilidad de todo halago, crítica o insulto. Nada de lo que se oiga en este mundo físico o en los mundos sutiles que pudiera perjudicar a otros, puede repetir el que lleva el Sendero de la Santidad. El que habla o de alguna manera da a conocer lo que perjudica u ofende a otros, es detenido en el progreso de sus iniciaciones. Las puertas de los Misterios son cerradas para ellos.

La tercera Ley es:

“Antes que la voz pueda hablar en presencia de los Maestros, debe haber perdido la posibilidad de herir” (esto está expresado también en el Gita Capítulo V sloka 9)

Fijémonos que no dice “no herir” sino que establece que se debe haber perdido la “posibilidad de herir”. Es como decir, cuando sea imposible dañar a nadie indebidamente mediante la palabra.

El Yoguista debe tener un gran cuidado al hablar pues a veces, por una sola palabra no meditada o mal dicha, se puede provocar trastornos irreparables. La palabra del Yoguista debe ser medida, amable, suave, llena de comprensión, con verdadero y puro amor.

Al Mahatma se le puede reconocer por la dulzura de su voz nacida desde el Atman, fluyente desde el corazón. Se puede tener una voz firme, clara y fuerte y al mismo tiempo agradable. El estudiante de Yoga debe preocuparse de que su voz sea nacida desde la verdad del corazón, sobre todo cuando entona los Mantras o dice las palabras de poder.

La última ley que aparece en el librito ya referido es la ley por la cual tiene que pasar el discípulo y que a continuación dejo estampada:

“Antes de que el alma pueda erguirse en presencia de los Maestros, es necesario que los pies se hayan lavado en la sangra del corazón”

La época más útil y al mismo tiempo más dolorosa en el estrecho camino que conduce al Santum Santuorum o Centro Divino, donde se alcanza la excelsa visión de la eternidad del propio espíritu o Atma unificado sustancialmente con el Parabrahman o Supremo, Eterno e Infinito Espíritu de Dios Cósmico.

En la obra “El Corazón del Bhagavad Gita” debida a la pluma de Su Santidad el Pandit Lingesh Mahabhagavat, aparece un prólogo de Sri Subramanya Iyer el cual fue reproducido en el libro “Una Organización Esotérica en la India”. En dicho prólogo Sri Subramanya, se expresa sobre las cuatro leyes citadas anteriormente en la forma que a continuación explico:

“Estas frases sin disrupciones de cuatro de las condiciones indispensables que debe tener un aspirante que pretende entrar en el Sendero que lleva a Moksha o Nirvana, es decir a la liberación y así convertirse en discípulo de uno de aquellos grandes Maestros que están siempre listos para aceptar y entrenar a todos aquellos que se han preparado para ser iniciados en los misterios de la naturaleza, de Dios y del Alma. Pues, esos sabios Maestros proclaman:

 “Aquellos que han pasado por el silencio (que marca el florecer del alma) y sintieron su paz y retuvieron su fuerza, ansían también pases por él” (Luz en el Sendero, notas a la regla 21, página 23)

Las condiciones mencionadas arriba expresadas en pocas palabras corresponden a la pureza del mirar, a la pureza de escuchar, a la pureza del hablar y a la verdadera capacidad de rendir servicio, no sólo a los Maestros ya que Ellos no tienen necesidad de tal atención personal, sino que, a todos los seres, puesto que Ellos son sus Custodios espirituales.

“Ahora en cuanto a la primera máxima, no hay nada más claro que ella en cuanto a las meras palabras; pero entendidas literalmente el aforismo llevará a conclusiones desastrosas, pues significaría recomendar la absoluta dureza de corazón, plena de falta de simpatía y compasión. Esta actitud de parte de un aspirante no puede sino a primera vista ser un obstáculo de su ardientemente anhelado crecimiento espiritual y no, una ayuda.

“Ser incapaz de lágrimas en cuanto a los sufrimientos de otro es el método por el cual se hoya el sendero oscuro”

“El desarrollo del hombre que sigue este oscuro sendero es por contracción; tal condición lleva a ese terrible estado de asolación llamado Avichi; siendo esta la mayor calamidad que pueda caer sobre un Ego humano. ¿Cuál es entonces el sentido que el discípulo anheloso de hollar el Sendero Blanco o el Sendero que nos lleva al Nirvana deba darle a la frase “ser incapaz de llorar”? La explicación es que él deberá estar completamente por encima de ser conmovido aún en el más leve grado por acontecimientos adversos a sí mismo y que causarían angustia, pena y sufrimiento mental, si él fuera un hombre corriente del mundo.

“Esto no es todo, su alma debe hacerse “como el mango maduro tan suave y dulce como su pulpa de dorado brillante para las penas de otros” por un lado y por el otro tan dura “como el cuesco de esa fruta para sus propias angustias y penas”. Por supuesto este hábito de mantener bajo completo control la naturaleza emocional del hombre hacia una dirección en particular, mientras que al mismo tiempo esa naturaleza es mantenida completamente viva y aguzada, no se consigue fácilmente. Pero aquel, que aspira a hollar el sendero hacia la más exaltada Meta, no puede sino empeñarse asiduamente por la formación de tal facultad., porque debe recordarse que su crecimiento ha de ser por la amplitud de toda su naturaleza, de sus deseos y emociones, de su conocimiento y del poder de servir. Es cuando todas estas cualidades alcanzan su grado de perfección, que el discípulo puede tomar contacto con la Divinidad cuya Voluntad está constantemente activa en el Cosmos y convertirse en un canal consciente de Ella.

“Para hacer completo el presente estudio, falta agregar que hay una distinción muy marcada entre el interés por las aflicciones del prójimo sentido por un discípulo y aquel que procede de uno que ha alcanzado la liberación. En el primer caso el interés está siempre acompañado de pesar, mientras que, en el segundo, es de otro modo. El alma totalmente iluminada, bajo su Alto Nivel en la escalera evolucionaria, puede ver y comprender que lo que nosotros llamamos aflicciones, no son sino incidentes necesarios para el crecimiento espiritual de los seres dentro del esquema divino de la evolución. Por consiguiente, el pesar que fue ocasionado en el discípulo carente de una total comprensión de ese esquema no encuentra lugar en la mente de aquel cuya visión divina esta completamente perfeccionada. En este caso surge una compasión sin apegos, incitándolo siempre adelante para efectuar una cooperación inteligente siguiendo el plan de Dios por medio de esfuerzos tendientes a poner fin a la ignorancia que es la raíz de todos los errores de la humanidad aún en desarrollo”

Antes de que estemos capacitados para recibir una iniciación ya sea, psíquica o espiritual, los Guías Sutiles nos purifican y acrecientan nuestros poderes poniéndonos en difíciles situaciones, las cuales constituyen lecciones, no pruebas, que si las resolvemos con acierto nos son premiadas con experiencias sutiles que afirman nuestra fe y nos dan mayor energía para continuar la ascensión en las prácticas de Yoga, creciendo a la vez nuestro impersonal amor por servir con eficiencia y alegría al prójimo. También nos otorgan iniciaciones que infunden en nuestra alma estados de paz y de inmensa gloria, imposible de describir con la palabra humana. Por eso se dice “estados de gloria” y no de felicidad o dicha, pues esos estados gozosos sobrepasan en mucho, aún a los momentos más felices que se puedan producir en esta tierra.

Estas iniciaciones son oro espiritual entregado a nuestra alma, a causa del asiduo e inquebrantable cumplimiento de los ejercicios espirituales o motivadas por servicios hechos al prójimo, siguiendo el Karma Yoga, o sea, ejecutados sin ningún apego o mira egoísta. También nos hacemos merecedores de Iniciaciones Atmicas cuando soportamos con alegría una difícil lección que nos trae cruentos dolores físicos, morales o intelectuales; ofreciéndolos a la divinidad con alegría sin dejar de amar al Supremo Dios como a las personas o circunstancias que nos trajeron tan hondo sufrimiento.

El choque efectuado por el dolor contra la alegría o el impacto que provocamos dentro del alma al lanzarle al fuego del dolor y la pena, el agua santa de la dicha espiritual, produce la abertura Divina del corazón Átmico haciendo brillar la luz más brillante que millones de soles y de imponderable goce celestial, pleno de sabiduría y de poder. El otorgamiento de este “oro divino” trae consigo una gran deuda que tenemos que saldar, no se nos entrega tan valiosa fortuna para que la escondamos dentro de nuestra alma, quedando así inutilizada. Si tal cosa hiciéramos, muy pronto se nos somete a las más inesperadas y doloras circunstancias a fin de hacernos salir de ese estado de egoísmo espiritual “lavando nuestras cualidades inferiores en la sangre del corazón” pero si por cada estado de gloria Atmica que obtenemos efectuamos meritorias y benéficas obras para beneficiar a la Institución que nos amparó y guio para obtener esos triunfos del alma, si somos también agradecidos a nuestros Instructores y hacemos con alegría el bien que podamos a los hermanos de la Orden Mística a la cual pertenecemos como también a cualquier persona o ser que nos presente la oportunidad de servirlo, saldamos la deuda del capital recibido.

Los servicios, los regalos, las dádivas hechas con alegría y amor, sin esperar en absoluto agradecimiento ni teniendo ninguna intención egoísta, son actos que cancelan Karmas malos y nos evitan recibir lecciones dolorosas indicadas para nuestro progreso y purificación. Estos actos constituyen “Homas” o sacrificios que no solo, como he dicho, nos quitan de encima lecciones penosas, sino que nos reportan un Karma divino que nos abre nuevos portales para atravesarlos con glorias siempre más y más excelsas.

Es el Evangelio de San Mateo, Capítulo IV, versículo 1 al 11 y en el de San Lucas, versículo 1 al 13, Jesucristo conversa con Satanás sin que el Maestro de ninguna muestra de alteración o enojo; más aún, se conserva imperturbable y sin hacer alarde de sus poderes responde: “Dicho está: NO tentaras al Señor tu Dios”. Estos versículos nos hacen comprender que Jesús, iniciado por Juan el Bautista no huye de las vibraciones demoníacas, sino que se mantiene completamente sereno y feliz. También se dice que Jesús bajó a los infiernos y subió a los cielos al tercer día.

Posiblemente quiera indicarse con esto que un verdadero Iniciado puede ir a cualquier parte, ya sea baja o alta sin ser afectado malamente por ello. Más aún, podemos ver otro ejemplo bíblico sobre este mismo tema en el “Libro de Job” en el cual se relata una amistosa conversación de Satanás con el Dios Gobernador del Cielo y de la Tierra, en la que acuerdan amistosamente probar al Santo Job para ver hasta donde llegaba su rectitud; Capítulo 1, versículo 6 al 12 y Capítulo 2 versículo 1 al 7.

El Bhagavad Gita dice que el discípulo debe ser imperturbable como la roca que aún cuando las olas de una fuerte tempestad la azotan, el agua se rompe y se deshace permaneciendo la roca siempre inconmovible.

Jesús como en casa de Marta y María, se acerca y defiende a la mujer difamada por corrompidos fariseos y acepta a Magdalena.

Este Maestro esenio pleno de sabiduría dijo: “No ensucia al hombre lo que le llega de afuera, sino lo que sale de su interior”

El discípulo debe perder todo miedo y desechar cualquier idea de que las “vibraciones” de otros hermanos o personas puedan manchar su aura. Solo al decir que tal o cual persona tiene malas vibraciones, denota la idea de que pretende que de a él le reconozcamos sus armoniosas y puras vibraciones las cuales el prójimo puede mancillar en su pureza. Cualquiera puede reconocer en esta actitud un infeliz orgullo que denota inferioridad en el campo del Yoga. Si tan fácilmente fuera manchada o herida nuestra aura, no podríamos ir a ningún teatro, cine, andar en bus, micro o asistir a cualquier concentración de personas, como también estaríamos impedidos de caminar por las calles donde multitudes de heterogéneas personas transitan.

El discípulo que cumple con sus prácticas lentamente va formando alrededor de sí mismo una coraza protectora de Devi Prakriti, al principio son unos pocos átomos que se agrupan después son más y más átomos hasta formar un velo protector luminoso, transmisor de dicha en cualquier parte donde este el discípulo. Este velo sutil irradiante se hace cada día más resistente y poderoso con las meditaciones que adecuadamente observa el Chela al cumplir las disciplinas prescritas por su Instructor.

Así llega a ser un Siddha con magníficos poderes, es entonces como la flor de Loto, que permanece incólume a pesar del agua que cae sobre ella resbalando por sus pétalos, siempre queda inmaculada.

Los que se quejan de que alguien les hace mal con sus vibraciones o brujerías es debido a que aún permanecen en los peldaños mas inferiores de la escalinata del desarrollo espiritual. El discípulo debe tener fe en que nadie puede herirlo sutil u ocultamente puesto que es poseedor de una coraza divina y está entregado al Gurú y a los Jerarcas Divinos.

Las malas vibraciones llegan y penetran en nosotros cuando nos soltamos de los brazos de nuestros protectores, cuando dejamos de hacer nuestras invocaciones sagradas y cuando no cumplimos con las Leyes Atmicas.

Si nosotros estamos en cualquier reunión, no debemos esperar que nos reciban bien; que sean atentos, que nos agasajen con alegría. Esto no tiene la menor importancia para un discípulo superior, Una persona que se aprecie de tal deberá él mismo irradiar a todos simpatía, alegría, amor e inaparente humildad. La humildad debe ser natural, sin que nadie lo note, es decir, debe ser franco, educado, sencillo; de ninguna manera tratar de sobresalir o llamar la atención sobre nuestra persona (Gita Cap. XIII, sloka 21 al 24)

Los Maestros siempre se presentan sencillos, humildes con naturalidad, a pesar de la inmensa sabiduría que tienen en sus espíritus.

El ser humano es igual a una casa con muchas puertas y ventanas; por ellas puede penetrar la luz pura del sol o el infectado polvo del camino. Sin embargo, podemos impedir la entrada de lo indeseable o aceptar solamente lo bueno y agradable; basta con colocar en las puertas y ventanas limpios y transparentes cristales, ellos nos permiten recibir la luz del sol o enviar nuestra luz hacia afuera, pero no dejen pasar el polvo ni la suciedad.

El discípulo que ha avanzado por medio de la correcta ejecución de las prácticas de Yoga, forma a su alrededor un globo o aura con las finas partículas de Devi Prakriti atraídas por medio de sus pensamientos puros de unidad y amor impersonal. Esta piel de luz divina no la tienen los seres vulgares llenos de odios, envidia y egoísmo. A tales seres sí que les penetran toda clase de “microbios astrales y mentales” atraídos por sus actos impuros o las conversaciones sensuales, de guerras, crímenes, asaltos, robos, contrariedades en los partidos políticos, enfermedades y otros innumerables y fatídicos hechos con los cuales se goza la mayoría de las personas inferiores en sus nefastas habladurías.

Toda esta clase de conversaciones debe estar prohibida en los Centros que quieran atraer a los radiantes Espíritus de la Luz y recibir sus bendiciones iniciáticas que elevan nuestra sabiduría y poderes, acercándonos cada vez más al estado Sátwico y a la comunión con los Mahatmas.