Este texto foi escrito por Don Benjamin Gúsman Valenzuela
“Sri Vájera Yogue Dasa”, Jnana Dhatha Suddhacharya do SDM.
Revisado por Margareth Gonçalves (Ma Devi Dasika), Jnana Dhatha Acharya também do SDM.
No livro “Yoga
Dípika” da Escola Esotérica “Suddha Dharma Mandalam”, se ensinam três
principais formas para executar as meditações.
1. “Saguna
Dhyana”: Esse é o nome pelo qual se conhece a primeira forma de meditação ou
“Dhyana”.
Começarei
por explicar o significado da palavra
“Saguna”, que é composta pela
sílaba SA, cujo significado é “com” e de GUNA que expressa “qualidade”.
Disso
obtemos que “Saguna Dhyana” significa “meditação com qualidades”, considerando
as três divisões que podemos fazer da matéria, a saber: a Tamásica, ou inérte;
a Rajásika, ou explosiva, arrítmica, ou destrutiva: a Sátwica, ou harmoniosa,
rítmica, ou construtiva.
Para
executar este primeiro Dhyana, meditação, temos que imaginar um ser espiritual,
que pode ser chamado de Anjo, Guru, Mestre ou Santo.
Não
importa o nome nem o Ser escolhido, a base da meditação “Saguna” consiste em
idealizar um Ser Divino que nos infunda maior devoção.
Começamos
imaginando estarmos frente ao Divino Ser que escolhemos, possuidor do Poder,
Sabedoria, Amor e Glória, mais as qualidades de criar, manter e destruir.
Também devemos pensar que a Divina Radiância
flui do Guru escolhido, que enlaça todo o nosso ser, transmitindo-nos
suas divinas qualidades espirituais.
Esta
primeira forma de meditação é também chamada “externa”, pois se medita para
fora de nosso ser, imaginando-se estar frente à divina presença de uma
espiritual entidade.
Ao
meditar em um ser radiante de paz, sabedoria, poder, amor divino e glória,
estamos atraindo para nós estas mesmas qualidades, e estas repercutem no
psíquico do devoto, que adquire pouco a pouco esses atributos que está
recebendo e assimilando.
Além
disso, fica assegurado que o Divino Ser invocado e meditado se apresenta para
ajudar o discípulo a obter o êxito e os benefícios de sua prática meditativa e
bons desejos.
2. “Nirguna
Dhyana”: Também chamada “meditação sem qualidades” (da matéria).
Esta segunda forma de meditação é dirigida ao interior, ao
fundo do Espírito no coração. Medita-se no Atman, mais conhecido pelo nome de
Espírito Pessoal, ou Filho de D'eus, pois nosso Espírito é uma partícula Divina
do Supremo Ser.
Durante nossa
vida nesta terra somos materialmente filhos do homem, devido à concepção física
efetuada por nossos pais, sendo também filhos de D'eus, pois nosso Espírito
surgiu da Divindade.
Não é lógico dizer
que o homem físico é criado a imagem e semelhança de D'eus, já que o Infinito
Ser nunca teve princípio nem jamais terá fim, é Eterno, Imutável, Puro e
Onipotente.
Nossa manifestação
física não tem nenhuma semelhança ao Supremo D'eus, nosso corpo material nasce,
sofre, adoece, envelhece e morre, no entanto o Ego Espiritual que
todo ser humano traz no Akasha, ou Éter do coração, este sim
é semelhante ao Excelso, Transcendente e Infinito Poder Consciente do Universo.
Nosso “Atman”
nunca teve princípio e jamais terá fim. Como está dito no Mangala Gáyatri
“Amrtó Ham, Ayaró Ham” (imortal é meu espírito, sem princípio nem fim), este
não sofre, não envelhece, não morre, possuindo, em essência, todos os divinos
poderes em sua refinada pureza, livre das três qualidades materiais, as Gunas,
Rajásikas, Tamásikas, Sátwica.
Este “Atman”, ou
“Jiva” individual interno, é o objetivo da “Nirguna Dhyana”, a contemplação que
se efetua repousando com alegria o pensamento na Luz Irradiante de Glória do
Espírito, no coração.
Esta Luz interna
a vemos pintada em muitos quadros e imagens que representam o coração de Jesus, de Maria ou de Grandes
Santos ou Mestres que atualizaram seu Radiante Espírito.
Essas pinturas ou
imagens com o coração pleno de Luz não é fantasia artística, é uma realidade
espiritual.
3. “Suddha
Dhyana”: A “meditação No Puro ou Transcendental”.
É transcendental
por que não se medita nem para fora, nem para dentro, tal como se executam as
duas práticas anteriores.
Medita-se na
essência do Absoluto que está dentro e fora transcendendo a tudo. Medita-se na Unidade, no Espírito de
D'eus, que unifica todas as coisas e seres, dando-lhes a vida por meio da
transcendente fusão de Seu Infinito e Consciente Espírito.
Nesta terceira
Meditação, a concentração de nosso pensamento e sentimento dirigem- se ao
Espírito do D'eus Universal, não ao D'eus com forma, senão ao Espírito de D'eus
que está no céu, na terra e em todo lugar.
Um D'eus com
forma não pode estar dentro de lugar algum, não pode ser um D'eus
antropomórfico no ouro, no impuro ou no puro, no entanto a essência da Vida, o
Espírito do D'eus Cósmico, está em todo lugar, no mais imundo e no mais Santo,
tal como os raios x podem penetrar em todas as partes de um corpo podre
permanecendo sempre absolutamente puro.
Assim o Espírito
de D'eus está por todo o Universo, imutável, de pureza absoluta, atualizando
todas as qualidades que podem manifestar-se nos seres e coisas que surgem Dele
mesmo no espaço infinito.
Para
compreendermos melhor a Meditação
Transcendental, ou “Suddha Dhyana”, podemos nos ajudar com os seguintes
exemplos:
Nas luzinhas de
Natal, cada lâmpada tem um filamento diferente, mas é uma só a corrente que as
une.
Isto nos sugere a
idéia do Espírito de D'eus transpassando e unificando a tudo.
É
assim que a Meditação Transcendental
pode ser executada, imaginando-nos como se fossemos uma lâmpada
vivificada por uma única corrente Divina.
Com esta
visualização devemos tentar alcançar “contato consciente” com o Onipotente Poder Cósmico doador de vida a todos os Seres
do Universo.
Nisto consiste a
terceira forma de meditação, tentar unificar-se conscientemente com o Espírito
de D'eus que compenetra ao infinito mundo.
Há outro exemplo
que alguns instrutores indianos dão: a unidade de todos os mundos, seres e coisas é como um colar onde as
pérolas estão mantidas e unidas por um mesmo fio, o “Sutratma”, que une
internamente as pérolas do colar universal.
Nós estamos
unidos pelo Espírito de D'eus, que nunca teve princípio nem nunca terá fim, não
tem medo, direita nem esquerda, todo ponto do universo é o centro da ilimitada
Substância Divina.
Assim é a “Suddha
Dhyana”, consiste em imaginar que estamos no centro do Espírito Cósmico,
esforçando-nos com Amor e Alegria para termos contato consciente com a Essência
da Vida existente em todo o Universo.
Também podemos
imaginar que cada um de nós somos uma bolinha de cristal e que a OMnidifusa Luz
Divina nos dá a vida, iluminando todo o nosso ser e todo o Cosmos Infinito.
Todos sabemos que as esponjas do mar são seres
vivos, elas nascem e vivem no mar rodeadas e compenetradas pela mesma água que
vivifica a todas as demais. Assim também nós, os seres humanos,
somos como esponjas, compenetrados pela mesma Água de Vida de D'eus.
Imaginemo-nos
sendo uma esponja que está dentro do Divino Oceano, tentando manter contato
consciente com essa Água de Vida do D'eus Universal que possui o Poder,
Sabedoria, Amor e Infinita Glória.